1/A última pesquisa @poderdata_ indica duas tendências e uma terceira possibilidade. Por partes: Bolsonaro parece ter saído do poço. Desde o fracasso do ensaio foi golpe de Sete de Setembro e a trégua de Temer, o presidente vem recuperando terreno+
2/A diferença da derrota de Bolsonaro para Lula num 2.o turno era de 55%X30% e agora está em 52% a 37%, o que ainda é uma diferença brutal pró-PT de 15 milhões de votos. Desde setembro, a desaprovação do governo também ficou um pouco menor ruim.
3/A candidatura Sergio Moro embaralha as opções da turma do nem-Bolsonaro-nem-Lula, mas não altera a tendência da polarização. Moro pontua entre 7% e 8%, empatado com Ciro. Neste momento, a busca de um candidato viável para a direita liberal é um exercício de canibalismo+
4/O levantamento sugere ainda que Lula pode ter encontrado o teto das intenções de voto, fato que ainda precisa ser confirmado. Lula segue vencendo todos os cenários de 2.o. Nas sondagens do 1.o turno é com Moro e Leite como candidatos, quando ele chega 34% ante 30% de Bolsonaro+
4/Não é surpresa. Desde 1994, o PT sempre teve um núcleo duro de 1/3 dos votos. Entre junho e setembro, Lula navegou em mares excepcionalmente tranquilos, com a inflação, CPI da Covid e a ameaça de golpe militar desgastando Bolsonaro+
5/Até agora, Lula não precisou fazer nada para crescer, mas essa boa vida tem limite. O presidente parou, por hora, de arranjar um conflito por dia, e lançou um programa para reajustar o Bolsa Família para R$ 400, enquanto Lula se ocupou de montar palanques nos Estados+
6/Em breve, a máquina bolsonarista ressuscita o antipetismo hidrófobo de 2018 e forma seus palanques estaduais para bater no PT. Como não tem máquina, Lula pode esperar novos erros dos adversários ou antecipa um programa de governo que confronte com o bolsonarismo+
1/Quando está sob pressão, o que tem sido comum ultimamente, Paulo Guedes telefona para alguns jornalistas para reclamar. São ligações de 40 minutos, uma hora, uma hora e meia, nas quais o ministro fala sem parar, chama seus colegas de incompetentes e os políticos de gângsters+
3/Com menos verve, Guedes lembra seu ídolo Mario Henrique Simonsen, que vivia às turras com os colegas do gov Figueiredo. Quando Cesar Cals falou da possibilidade de gerar energia a partir do gás metano retirado do estrume, MHS retrucou: "ah, então você quer criar a Bostabrás?!"
1/Ao contrário das famílias de Tolstoi, ministros da Fazenda/Economia do Brasil são felizes cada um a seu jeito, mas muito parecidos na infelicidade. Todo comandante da economia assume tomando como seu um poder que apenas está sendo delegado a ele pelo chefe do Executivo +
2/Os ministros que entendem esse limite e se adaptam aos desígnios do presidente, como Delfim e Malan, tem sua lealdade paga em mais poder. Os que acham que são mais importantes que o chefe _ de Funaro a Guedes _ são invariavelmente fritados até a humilhação+
3/O presidencialismo brasileiro tem uma dinâmica própria de fritar ministros. A sua autoridade é dada pelo presidente, mas o poder é despedaçado pelo Congresso. Em 1979, Mário Henrique Simonsen caiu quando ninguém o defendeu das diabretes de um deputado do baixo clero da ARENA+
1/Com estrondosa gritaria com o fim do teto de gastos, passaram batidos os pontos mais importantes na transformação do Bolsa Família em Auxílio. Ao contrário do que parece, Bolsonaro está ao mesmo tempo destruindo o Bolsa Família e reduzindo o número de atendidos pelo Auxilio+
2/Como a nova proposta, serão 17 milhões (a soma dos 14 milhões de inscritos no Bolsa Família mais 3 milhões de inscritos na fila). O valor sai de R$ 300 para R$ 400, é verdade, mas 18 milhões serão excluídos do programa.+
3/No auge do Auxílio Emergencial, em agosto de 2020, 69 milhões foram beneficiados e a aprovação do governo Bolsonaro passou dos 40% e em alguns casos chegou a 50%. Hoje são 35 milhões de pessoas e a aprovação do governo Bolsonaro está entre 25% e 30%, dependendo da pesquisa.
1/A decisão do governo Bolsonaro de explodir a Lei do Teto de Gastos é daqueles momentos que viram jogo. Até outro dia era possível achar uns ingênuos que compravam pelo valor de face o discurso do Paulo Guedes. Adeus às ilusões. O fim do Teto marca o início da gestão do Centrão+
2/O Auxílio de R$ 400 (que ainda pode chegar a R$ 500 no Congresso) se junta a outros movimentos que comprovam a força do ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, e do primeiro-ministro, ops, presidente da Câmara, Arthur Lira, os dois ícones do Centrão:
3/A)Guedes perdeu o controle da agenda econômica. Ele envia uma proposta ao Congresso, Arthur Lira negocia sozinho o texto final c/ mercado financeiro e a oposição. Foi assim no projeto de privatização da Eletrobras, da reforma do imposto de renda e dos precatórios+
1/Quanto vale a reeleição de Bolsonaro? Bem, o plano que esá na mesa dele custa R$100 bilhões - a diferença entre o Bolsa Família e o Auxílio Emergencial até dezembro de 2022.
2/É evidente que a renovação do programa até as eleições vai ajudar milhões de miseráveis, mas também é óbvio que o governo só está fazendo isso porque Bolsonaro está atrás nas pesquisas. Há um consenso de que as chances de Bolsonaro dependem da recuperação do poder de compra+
3/O valor em discussão é que o Bolsa Família mais o Auxílio Emergencial chegue a R$ 400, talvez até R$500, mas tudo fora da famosa Lei do Teto de Gastos+