Em sua conversa com Lázaro Ramos e Taís Araújo no #ManoAMano, já quase no final, @ManoBrown, cheio de dedos, fala sobre a importância da família para a população negra, fazendo a ressalva que não quer parecer alguém de direita. Pois é, ele reconhecer isso é sintomático. (+)
Levantei esse tema com o @MussumAlive no @NoirPdc, pois é ÓBVIO que a família é importante — e, às vezes, é o único recurso estável que um jovem da periferia tem (ou deveria ter); e a família é um tema absolutamente negligenciado pela esquerda, quando não é combatido por ela (+)
em sua priorização do discurso voltado àqueles que supostamente não pertencem a esse “modelo” — que o marxismo considera “burguês”. Brown disse que se a “tradição, a família e a propriedade”, são impotentes para os brancos, também são para os negros, (+)
e ele diz isso como se fosse um assunto lateral no discurso da militância negra; e é! Curiosamente, se pegarmos os movimentos negros da primeira metade do século 20, ainda não totalmente contaminados pelo marxismo — como a Frente Negra e o Centro Cívico Palmares, (+)
a valorização da tradição, da família e da propriedade eram centrais, não por serem discursos de direita, mas por serem importantes e porque os líderes não militavam causas alienígenas às preocupações da população negra — como a ideologicamente igualitária do socialismo —, (+)
mas entendiam perfeitamente o “nós por nós”, que sempre foi a única coisa que fez o negro prosperar nesse país. A esquerda branca burguesa, com sua família tradicional íntegra e perpetuamente privilegiada, condena a família porque esse é um passo importante na teoria marxista;(+)
o problema é que esse é
um discurso de morte na população negra e pobre que, não tendo condições iniciais favoráveis, muitas vezes só tem a família e sua comunidade próxima como estrutura psicológica para sair de onde está. As ações afirmativas não são capazes de suprir isso.(+)
E isso não significa não reconhecer os problemas, p.e., das mães que criam os filhos sozinhas, pois a família é, antes de tudo, um valor, e ainda que o pai seja ausente, se o valor existir — não só na mãe, mas na comunidade, que se ajuda mutuamente —, é meio caminho andado. (+)
Mas para que essa discussão seja trazida à tona, é preciso que os negros percam o medo de trair o discurso da esquerda que os aprisiona. Precisam parar de ter medo da disposição conservadora que constrói laços e caminhos de liberdade e progresso. Precisam voltar ao “nós por nós”.
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A internet se tornou um tribunal de medíocres e um celeiro de ódio gratuito. Até quem curte o trampo do @Savagefiction embarcou no linchamento absurdo por causa de uma frase tirada de contexto. O Alê, que mora no interior, quis dizer da carência de informação e de debate que (+)
ocorrem fora do eixo Rio-SP. Não se trata de menosprezo, mas do reconhecimento de um fato e da proposta de ampliar o debate tentando atingir esse público que, em geral, está fora da polarização que marca, sobretudo, as redes sociais. Num país com desigualdades extremas, (+)
muita gente está fora da preocupação sobre, sei lá, uma possível doutrinação de esquerda nas escolas ou a defesa de porte irrestrito de armas para todos. Essa realidade, que Alê vê em sua cidade natal, por exemplo, é comum, e ele fala a partir de sua própria vivência. (+)
No início das manifestações pelo impeachment de Dilma, em 2014, o número de pessoas era pequeno também, engajar quem não está engajado dá trabalho. Muita gente nem soube das manifestações — saberão amanhã, pelos jornais. Outro ponto é que essa união entre direita e esquerda (+)
é algo absolutamente novo na história do país, e muitos ainda não conseguem assimilar isso — estão presos no maniqueísmo que nos embruteceu. Mas todos os que foram acreditam que o mal a ser combatido no momento é maior que as divergências que nos apartam naturalmente. (+)
Se você não acredita nisso, normal, é do jogo. De minha parte, como opositor do governo desde seu início, sei o mal que ele representa e não penso que seja menor por não ser “comunista”. Sobretudo como cristão, vejo-me diante da apostasia, de um inimigo disfarçado de amigo. (+)
A amada diz e desdiz as coisas, para, ao dar as mãos ao PT (!!!) e ao bolsonarismo contra as LEGÍTIMAS manifestações de hoje, pareça fazer uma análise isenta. Assim normaliza a barbárie — que ela mesma criticou meses atrás — a fim de obter dividendos políticos. Não esqueceremos.
Ainda sobre a entrevista de @LulaOficial para o @manobrown no #ManoAMano: tô vendo negros e negras de esquerda “xatiados” pelo posicionamento do petista em relação à questão racial no Brasil. Só digo uma coisa: vocês são trouxas e estão sendo manipulados há décadas. (+)
Mas vejam, não sou eu quem está dizendo, o Abdias Nascimento disse há décadas: “a esquerda é cega, surda e muda no que se refere aos problemas específicos do negro […]. Para eles todos são iguais perante a lei… do proletariado”. Mas vocês preferem ler o Foucault. (+)
E o José Correia Leite também disse, vejam: “Eu acho [o movimento negro atual] uma correria atrás da política. Infelizmente a influência política é muito grande no espírito dos negros. Isso não é preciso eu dizer. Você mesmo deve estar observando. (+)
O “medo do comunismo” é o novo “chip da Besta” dos evangélicos. Incutido nesse público por pastores inescrupulosos, cujas EBD’s, se existem, nunca se propuseram em iniciar os fiéis nos fundamentos do cristianismo, mas a doutriná-los em mentiras e heresias personalistas, (+)
agora se tornaram a arma dos mesmos pastores para infundir-lhes a idolatria política. Diante disso, duas verdades são evidentes: a total falta de confiança em Deus, ignorando a máxima paulina “o viver é em Cristo e o morrer é lucro”; e uma completa ignorância política. (+)
Lutar politicamente contra pautas que ferem, digamos, a moralidade cristã, numa democracia representativa, é algo que se faz através, sobretudo, do legislativo, elegendo representantes — não necessariamente uma “bancada evangélica” — que defendam os interesses desse setor. (+)
Como sabem, sou professor e tenho, há anos, produzido conteúdo pra internet — inclusive cursos, o que tem ajudado muito a compor minha renda (tsk, alunos virtuais). O grande dilema dos produtores de conteúdo “de direita”, a partir de 2018, foi como sobreviver ao bolsonarismo. (+)
Muitos aderiram ideologicamente, abraçaram mesmo, não obstante a flagrante contradição. Outros, a fim de conquistar e preservar um público — e o público bolsonarista é hiper-engajado — simplesmente aderiram (radical ou tacitamente) e estão ganhando um dinheiro considerável. (+)
Outros, como eu, decidiram pagar o preço da independência, pois, compreendendo exatamente o conservadorismo e o liberalismo, vendo como essas noções foram vilipendiadas em nome de um projeto de poder, e sopesando, sobretudo, o custo moral da adesão oportunista, entenderam que (+)