No início das manifestações pelo impeachment de Dilma, em 2014, o número de pessoas era pequeno também, engajar quem não está engajado dá trabalho. Muita gente nem soube das manifestações — saberão amanhã, pelos jornais. Outro ponto é que essa união entre direita e esquerda (+)
é algo absolutamente novo na história do país, e muitos ainda não conseguem assimilar isso — estão presos no maniqueísmo que nos embruteceu. Mas todos os que foram acreditam que o mal a ser combatido no momento é maior que as divergências que nos apartam naturalmente. (+)
Se você não acredita nisso, normal, é do jogo. De minha parte, como opositor do governo desde seu início, sei o mal que ele representa e não penso que seja menor por não ser “comunista”. Sobretudo como cristão, vejo-me diante da apostasia, de um inimigo disfarçado de amigo. (+)
Trata-se de outro projeto de tomada de poder a fim de “salvar o país”; só que, agora, em nome de Deus, o que torna a coisa ainda mais sórdida. O messianismo e a imanentizacão do eschaton obriga-me a reconhecer a periculosidade desse projeto. E contra isso eu lutaria sozinho. (+)
Não me importa que seja um governo antiesquerda, pois, ao fim e ao cabo, também é um governo antidireita, que sequestrou o conservadorismo e o enlameou com seu discurso autoritário e golpista. É um governo que se alimenta de conflitos e escancarou o patrimonialismo a fim de (+)
se proteger das denúncias de corrupção — não importa que sejam menores. E é nesse ponto que bolsonarismo e petismo se encontram. Seus acólitos vão celebrar o “fracasso” das manifestações, pois é necessário que o façam. A melhor defesa contra a morte desse governo é o ataque. (+)
Os “não-sou-bolsonarista-mas” permanecem naquele lugar da cumplicidade, reclamando da união com a esquerda enquanto transigem com retórica fascistóide, estelionato eleitoral, comportamento desumano e corrupção; tudo isso porque temem o retorno da esquerda ao poder. (+)
Por isso estão, todos — petistas, bolsonaristas e não-sou-bolsonarista-mas —, festejando a baixa adesão à primeira manifestação contra o governo desde o seu início. Estão nesse “lugar” de celebração do extremismo que os alimenta, e não mais existem um sem o outro. (+)
Nesse sentido, uniram Lula, Ustra e Pinochet contra a fragilidade democrática. É sintomático. Aos que, à esquerda e à direita, ainda acreditam que suas visões de mundo são conflitantes mas não excludentes, cumpre lutar pelo direito à discordância e à inimizade saudáveis. (+)
Quero combater as ideias das quais discordo sem que meu oponente tenha de ser eliminado. Sou homem, pecador, e não quero disfarçar minha própria iniquidade na demonização do outro, tampouco aceitar o mal em nome de um suposto bem. Erros como esse abundam na história. (+)
Teorias conspiratórias nunca me seduziram, pois são expressão de ingenuidade e o principal ingrediente dos autoritarismos nefandos. Defender a democracia real, com todas as suas falhas, é dever de todos os que rejeitam a imprevisibilidade dos projetos messiânicos. É só o começo.
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A amada diz e desdiz as coisas, para, ao dar as mãos ao PT (!!!) e ao bolsonarismo contra as LEGÍTIMAS manifestações de hoje, pareça fazer uma análise isenta. Assim normaliza a barbárie — que ela mesma criticou meses atrás — a fim de obter dividendos políticos. Não esqueceremos.
Ainda sobre a entrevista de @LulaOficial para o @manobrown no #ManoAMano: tô vendo negros e negras de esquerda “xatiados” pelo posicionamento do petista em relação à questão racial no Brasil. Só digo uma coisa: vocês são trouxas e estão sendo manipulados há décadas. (+)
Mas vejam, não sou eu quem está dizendo, o Abdias Nascimento disse há décadas: “a esquerda é cega, surda e muda no que se refere aos problemas específicos do negro […]. Para eles todos são iguais perante a lei… do proletariado”. Mas vocês preferem ler o Foucault. (+)
E o José Correia Leite também disse, vejam: “Eu acho [o movimento negro atual] uma correria atrás da política. Infelizmente a influência política é muito grande no espírito dos negros. Isso não é preciso eu dizer. Você mesmo deve estar observando. (+)
O “medo do comunismo” é o novo “chip da Besta” dos evangélicos. Incutido nesse público por pastores inescrupulosos, cujas EBD’s, se existem, nunca se propuseram em iniciar os fiéis nos fundamentos do cristianismo, mas a doutriná-los em mentiras e heresias personalistas, (+)
agora se tornaram a arma dos mesmos pastores para infundir-lhes a idolatria política. Diante disso, duas verdades são evidentes: a total falta de confiança em Deus, ignorando a máxima paulina “o viver é em Cristo e o morrer é lucro”; e uma completa ignorância política. (+)
Lutar politicamente contra pautas que ferem, digamos, a moralidade cristã, numa democracia representativa, é algo que se faz através, sobretudo, do legislativo, elegendo representantes — não necessariamente uma “bancada evangélica” — que defendam os interesses desse setor. (+)
Como sabem, sou professor e tenho, há anos, produzido conteúdo pra internet — inclusive cursos, o que tem ajudado muito a compor minha renda (tsk, alunos virtuais). O grande dilema dos produtores de conteúdo “de direita”, a partir de 2018, foi como sobreviver ao bolsonarismo. (+)
Muitos aderiram ideologicamente, abraçaram mesmo, não obstante a flagrante contradição. Outros, a fim de conquistar e preservar um público — e o público bolsonarista é hiper-engajado — simplesmente aderiram (radical ou tacitamente) e estão ganhando um dinheiro considerável. (+)
Outros, como eu, decidiram pagar o preço da independência, pois, compreendendo exatamente o conservadorismo e o liberalismo, vendo como essas noções foram vilipendiadas em nome de um projeto de poder, e sopesando, sobretudo, o custo moral da adesão oportunista, entenderam que (+)
“A PM ouviu uma promessa de campanha de que seria a 2ª mais bem paga do Brasil. O cara justifica usando tudo que é artifício. A tropa não é trouxa. Prefere quem fala palavrão, mas fala a verdade”. Argumento do coronel reformado Alberto Sardilli, para a adesão ao dia 07. (+)
Muitos policiais estão aderindo à manifestação bolsonarista por atritos com os governadores. Ou seja, vão, por reivindicações próprias, apoiar o golpismo do presidente. Tudo em nome da “liberdade” e da “democracia” — palavras usadas à exaustão por golpistas e ditadores. (+)
Bolsonaro, enquanto militar da ativa, sempre foi um sindicalista golpista, e enquanto político, sempre foi corporativista. E sua voz ecoa entre aproveitadores que se sentem traídos por políticos “comuns” e querem resolver seus problemas com — ué! — políticos messiânicos. (+)
O Brasil é o país em que filhos de relacionamentos “interraciais” vêm pra internet reclamar que o outro está “palmitando”. Mais do que isso: fingem ser possível, num país de apenas 10% de “retintos”, manter-se num gueto amoroso. A pessoa descobriu que é preta na internet, (+)
passou a infância toda sendo rejeitada pelo branquinho(a) pop da escola, agora vem com esse papo furado. O tal “amor preto” exige mais do que intenção pueril; conheço um monte de preto que casou com mulher preta para, depois, largá-la pelo caminho. (+)
Outras reclamam da “objetificação” do “corpo preto”, mas fazem o mesmo idealizando o preto hollywoodiano. Quero ver casar com o preto faxineiro ou porteiro, pois estes precisam de uma mulher que os apoiem e os ajudem a constituir uma família que evolua socioeconomicamente. (+)