Apesar da derrota no STF, Lira manobrou e aprovou a PEC do Calote com êxito na Câmara. Ainda que sob fogo cruzado, é o rolo compressor do Centrão em aliança com o mercado financeiro (1/7).
O fato é que a PEC em si já previa futuras emendas dentro do valor "economizado", isso sempre foi um estímulo adicional à liberação de uma emenda para um mecanismo que libera emendas (2/7).
Os deputados querem garantir o deles, inclusive a reeleição, independentemente do que pode gerar de ganho para Bolsonaro. E tudo isso com as bençãos do "mercado", que aceita essa exceçãozinha (3/7).
Em resumo, os inocentes que acreditaram na austeridade como um valor em si, deram com os burros n´água. Austeridade é ferramenta para concentração de renda no topo; para manter a meta, tudo muda e o que era inaceitável ontem, se torna pauta amanhã (4/7).
O mesmo ocorre com o discurso anticorrupção, que só funfou nesse país quando foi para prender a esquerda e poupar a direita. Com a direita no poder, volta e meia surge um escândalo, logo ignorado, abafado e esquecido (5/7).
Ou seja, embora um observador mais atento percebesse isso, as pautas de austeridade e anticorrupção sempre foram instrumentos, os quais são descartados ou contornados quando não interessa à oligarquia (6/7).
A decisão do STF dificulta um pouco mais a vida de Lira daqui pra frente -- e dos militares. Mas nada está definido. Nem mesmo as péssimas pesquisas de opinião para Bolsonaro alentam (7/7).
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Nunca antes eu vi a mídia embarcar tão unida, firme e convicta numa campanha presidencial, com tanto assim de antecedência: Moro 2022. O problema é que nunca a campanha aderida teve tão pouco voto. Collor só teve adesão quando se viabilizou. Isso pode agravar o quadro (1/5).
Com um candidato sem voto e superapoiado nos bastidores, as chances de se melar o jogo em 2022 aumentam - a exemplo da Bolívia em 2019. Mas o nosso quadro é mais caótico (2/5).
O tudo contra o PT elegeu Bolsonaro, o que teve um custo sobre os negócios, interesses e símbolos dos liberais. A coisa, hoje, virou uma polarização entre dois polos que não incluem esses mesmos liberais, embora com larga vantagem popular para Lula (3/5).
Muita gente opinando sobre a Nicarágua, mas, calma, gente, vamos estudar História ou, pelo menos, ler artigos sérios a respeito. Primeiro, Ortega está longe de ser um modelo, mas apenas isso não explica a tensão existente lá (1/10).
Não vou nem aqui apelas às décadas da Ditadura da família Somoza, apoiada pelos EUA, e terminada pela Revolução Sandinista do final dos anos 1970. Nem as muitas intervenções anglo-americanas ou o colonialismo espanhol. Pensemos só dos anos 1980 pra cá (2/10).
Basicamente, depois de derrubada a Ditadura dos Somoza, o governo Reagan interferiu duramente contra o regime revolucionário e a favor da oligarquia do país. Se não sabe o que Irã-Contras, pare essa leitura e dê um Google (3/10).
Tem gente surpresa com a deputada "de esquerda" que marcha com o MBL e agora ataca Lula, mas quem conhece, sabe que ideologicamente, ela sempre foi isso - e agora só quer uns cliques e reinventar seu produto, digo, mandato, depois de anos encenando publicamente outra coisa (1/7).
E que não se culpe o partido dela: ontem, Toninho Vespoli estava praticamente entrando em confronto físico com o Holliday na Câmara paulistana, que quer destruir mais ainda a previdência dos servidores públicos municipais (2/7)
Essa história toda tem a ver como a esquerda brasileira é suscetível a qualquer performance ou discurso simpático, alçando figuras imagéticas sem muito compromisso ou contribuição real à luta - ou que coloca lutadores sociais na mesma vala comum dessas figuras (3/7).
É o marxismo, estúpido! O que fez a China ultrapassar a difícil ponte das crises 2008, Guerra Comercial de Trump e, no final, da Pandemia. Isso alavanca Xi. Algumas pessoas acordaram, outras não -- e o @eliasjabbour tem das melhores leituras sobre o assunto no Brasil (1/7).
Basicamente, há dois fatores que fizeram a China poder transitar a armadilha do PIB Capta médio: o fato de ser uma economia gigantesca, e seus fundos serem proporcionalmente enormes, mas também ser capaz de organizar o investimento como nenhum país ocidental (2/7).
Sob Xi, a liderança do Partido desistiu de crescer tanto para crescer melhor. Diminuiu a desigualdade regional investindo no campo, mas não focou tanto na indústria tradicional para investir na ponto do desenvolvimento tecnológico - e verde (3/7)!
O histórico de Bolsonaro com o Congresso precisa ser desvendado e resolvido. Desde o uso da Lava Jato para dobrar os parlamentares, passando pela colaboração contraditória, sob Maia, até chegarmos ao "Orçamento Secreto" com Lira para a PEC do Calote (1/12).
Ironicamente, Bolsonaro elegeu os presidentes da Câmara e do Senado ao chegar, mas os demistas Maia e Alcolumbre tinham posturas diversas; o primeiro confrontava, o segundo era suave e prestativo. Mas havia Moro na Justiça e isso era peça central (2/12).
É evidente que Bolsonaro trouxe Moro para a Justiça por marketing, se proteger da Lava Jato e, também, para dobrar o Congresso. Liberar menos verbas em torno de voto e ter um instrumento permanente de pressão sobre deputados e senadores. Não colou (3/12).
O fim do Bolsa Família ganhou menos destaque e recebeu menos resposta do que o necessário. A perda desse, que era um dos melhores programas sociais do país, é mais uma tragédia sem tamanho cometida por Bolsonaro (1/8).
O Bolsa Família serviu como um elemento de calibragem pouco notado: mais do que servir para alimentar famílias muito pobres, ele garantia um mínimo que, muitas vezes, as impedia de ir trabalhar por um prato de comida - isso fazia o aumento do salário mínimo valer (2/8)
Quando você fala em qualquer política pró-salário mínimo, salvo o pagamento de aposentadorias, pensões e auxílios diretamente pelo governo, sempre há o risco de descumprimento da norma: empregadores podem simplesmente não pagar, sobretudo se o trabalhador passa fome (3/8).