Tenho martelado muito que não adianta fechar fronteiras para países africanos para parar a Omicron. Segue um fio sobre os motivos para não fechar e o que queremos incentivar para detectar as próximas variantes e descobrir se são perigosas.
O @Tuliodna, que liderou esse achado, tem sido muito explícito sobre o que detectou, em quais grupos, como é a Omicron, quais mutações tem e como isso não implica em todos os casos serem da África do Sul. Qual foi a “recompensa” por esse trabalho? O isolamento do país.
Mesmo se a África do Sul fosse a origem e o único local com a Omicron, fechar fronteiras no máximo adia a circulação dela. Testar quem chega, fazer isolamento e exigir vacinação pode funcionar tanto quanto ou melhor, com uma grande diferença: não pune quem fez o trabalho certo.
Tanto que assim que a Omicron foi anunciada, já detectaram pessoas chegando de outros países com ela – tão distantes quanto o Egito. E agora já detectaram europeus com a Omicron na Holanda antes mesmo de ela ser anunciada. O que fizeram? Aumentaram os países africanos barrados.
Agora pensa como quem vive de turismo, de comércio internacional e outros grupos prejudicados por esse isolamento internacional vai se sentir em relação ao que a ciência promove. E em relação ao trabalho do @Tuliodna em particular. Que incentivo darão pra esse trabalho continuar?
Que incentivo os países vizinhos à África do Sul vão ter para colaborar e enviar amostras, se quando um vírus mais preocupante é encontrado a reação imediata é a punição? Melhor não falar nada e deixar outros encontrarem e reportarem o problema.
Tem uma série de motivos pra África do Sul ser um excelente ponto de observação de variantes. É um hub de viajantes, principalmente da África Subsaariana. É um hub internacional e tem pesquisa e vigilância molecular excelentes. O trabalho do @Tuliodna lá é um observatório.
Estão constantemente medindo o que passa por lá. Vindo muitas vezes de locais com bem menos vigilância. Hong Kong, Singapura e a Austrália têm um papel parecido na Ásia e na Oceania. Como o Brasil tem aqui. São peças chave na vigilância mundial.
São os lugares que vão descobrir novos vírus, da COVID ou outros, que são preocupantes. E que bem provavelmente não surgiram lá, mas circularam e passaram por lá. Como foi o caso do Japão dando notícia da P.1 (chamada de Gamma agora) em quem vinha de Manaus.
Já vimos isso com o surgimento da COVID e a sinofobia (que ainda segue forte). Vemos de novo agora. Quem reporta os casos primeiro ganha o estigma e não a colaboração. Descobrir uma variante nova é um bom sinal de vigilância e é algo que precisa ser cultivado e incentivado.
Estamos entrando em uma fase fundamental de controle da COVID, que é o teste de robustez das vacinas. Daqui em diante o vírus deve encontrar bem mais vacinados do que não vacinados e essa será sua maior pressão evolutiva. Por isso precisamos de muita vigilância no mundo todo.
Precisamos identificar variantes que começam a predominar e rapidamente testar se vacinas ainda funcionam contra ela. Como estamos fazendo de forma muito ágil com a Omicron. Os sul-africanos foram mais ágeis nisso do que os holandeses. E estão sendo punidos por isso.
Se alguma variante escapar completamente da vacina, não voltamos à estaca 0. É muito pior, pq o vírus ficou + transmissível. Se fosse a Delta em 2020, teríamos perdido muito + vidas. Não temos sinal de que o vírus fará isso, mas é algo tão preocupante que precisamos monitorar.
Temos muito em jogo. Por um lado, vacinas a caminho de proteger o mundo todo. Por outro, um vírus que se mostra bem capaz de evoluir e uma humanidade cansada e bem menos disposta a se fechar de novo – e mais complacente com uma doença com a qual já se familiarizou.
Ou seja, vamos depender cada vez mais da vigilância epidemiológica e da vigilância molecular, que detecta quais são os vírus circulantes pelo mundo. A reação precisa ser contrária. Não de bater à porta na cara, mas sim de levar recursos.
Recursos como vacinas e testes, para proteger e ajudar a vigiar e controlar o vírus, assim ele não circula. O incentivo precisa ser a colaboração com quem reporta algo preocupante. Vale pra África em relação ao mundo. E vale pro interior do país aqui no Brasil.
*Bater a porta na cara, corretor.

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3 Dec
A Omicron parece ser tão mais transmissível que os primeiros dados já aparecem. Ela se espalha bem mais do que a delta na África do Sul, onde se estima que a maioria das pessoas já teve COVID. Ou é tão mais transmissível que parece implausível, ou infecta muitos curados. Um fio.
Para crescer com a velocidade que ela tem crescido – ela já predominou em outras comunidades – ou ela se espalha mais do que o sarampo entre quem não teve COVID, a doença respiratória mais transmissível que conhecemos. Ou se espalha entre quem já está imune.
Menos de 1/4 do país foi vacinado com duas doses, o que não explicaria esse espalhamento. E por dados de outros países, ela não parece infectar tanto os vacinados – o que ainda precisa ser confirmado nas próximas semanas.
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2 Dec
O @minsaude corrigiu minha info e respondeu à requisição de quem alterou meus dados no CadSUS. A alteração foi feita com a credencial (agora bloqueada) de um médico de Porto Velho/RO, que também me marcou como morto, fez apologia nazista e outras ofensas. Agradeço pela resposta. Texto do relatório que enviaram:  Neste sentido, incumbe inAlgumas das alterações Nome - LING LING GOLDBERG Nome do p
Quem fez isso usou um serviço de VPN com saída em Brasília, mas os dados de acesso ficam no sistema. Ainda estamos vendo os próximos passos. E ainda quero saber se todo mundo que tem CNES tem acesso a todos os dados do CadSUS e pode alterar dessa forma.
@minsaude @felipeneto @FeCastanhari @NyviEstephan @GuilhermeBoulos @ManuelaDavila se tiverem acesso a esse tipo de dado, vale conferir se a alteração foi feita pelo mesmo CNES. Facilitaria até para saber quem mais pode ter passado por isso.
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26 Nov
Fio sobre a nova variante encontrada por pesquisadores na África do Sul. Parece ser bastante transmissível, mas ainda é cedo pra confirmar. Ela pode ter dado a “sorte” de embarcar em um momento de maior transmissão. Já estão testando se ela tem ou não escape de imunidade.
Conforme saírem testes e mais info, compartilho. Mas ainda acho bem cedo para ficar preocupado. Precisaríamos ver essa transmissão maior dela sobre a delta por mais tempo ou em mais locais para realmente ficar em alerta.
De qualquer forma, o fato de ser encontrada na África do Sul pode mostrar algo mais. O vírus não né necessariamente surgiu lá, ele foi detectado lá primeiro. Mas ele circula no continente que tem a menor vacinação. Ou seja, onde ainda tem muita gente vulnerável.
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22 Nov
Sobre a variante do coronavírus recombinante, um pequeno fio

Ela é uma mistura de duas linhagens que circularam entre EUA e México. Se dois coronavírus diferentes infectam uma mesma pedia, ele é capaz de fazer isso e combinar o que os dois vírus têm melhor.
Neste caso, foi um pedacinho de um vírus com grande parte de outro. E não parece ter resultado em uma variante mais transmissível do que a Delta. Mas é importante acompanhar esse tipo de evento, pq isso poderia combinar um vírus mais transmissível com outro que escape de vacinas.
Só não entendo pq comentam que o SARS-CoV-2 (da COVID) vai se recombinar com o vírus da MERS. Até são próximos, mas precisam se encontrar em um mesmo hospedeiro. São pouquíssimos casos de MERS por ano. Sem falar que o vírus resultante precisaria ser “melhor” que os originais.
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20 Nov
Mais sobre o Didier Raoult, dessa vez com denúncias de fraude no estudo da hidroxicloroquina, vindas da equipe dele. Entre outras coisas, ele reduziu em mais de 30x a sensibilidade do teste de vírus de quem tomou cloroquina, pra parecer que não tinham mais vírus.
Tem até ex-militar fazendo patrulha no Twitter e atacando quem desafia o DJ ou fala mal de tratamento precoce
Em outro estudo, de tratamento de tuberculose, já havia uma série de denúncias de irregularidades do tratamento tóxico adotado ao recrutamento de pessoas em situação de rua ou imigrantes não documentados que não poderiam consentir plenamente em participar
ledauphine.com/sante/2021/10/…
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17 Nov
Sobre a recomendação do @minsaude:
Pro Brasil não passar em 2022 pelo que a Europa passa agora, precisamos da 1a e 2a doses. Cada novo vacinado faz muito mais diferença do que dose de reforço. Mas se já se vacinou, a 3a dose vai te proteger mais.

www1.folha.uol.com.br/colunas/atila-…
No Reino Unido, deram 3a dose em quem tem 50 anos ou mais e grupos de risco, pq efetividade de 2 doses da AstraZeneca caiu entre eles pra ~45% depois de 5 meses ou mais; 2 de Pfizer caiu pra 63%.

Com a 3a dose de Pfizer, a efetividade passou de 90%.
[pdf]
khub.net/documents/1359…
Em Israel, a 3a dose de reforço reduziu em 10x a infecção, em mais de 15x os casos de COVID grave entre idosos e em quase 15x as mortes por COVID entre vacinados (que já sofrem menos do que não vacinados).

medrxiv.org/content/10.110…
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