A Omicron parece ser tão mais transmissível que os primeiros dados já aparecem. Ela se espalha bem mais do que a delta na África do Sul, onde se estima que a maioria das pessoas já teve COVID. Ou é tão mais transmissível que parece implausível, ou infecta muitos curados. Um fio.
Para crescer com a velocidade que ela tem crescido – ela já predominou em outras comunidades – ou ela se espalha mais do que o sarampo entre quem não teve COVID, a doença respiratória mais transmissível que conhecemos. Ou se espalha entre quem já está imune.
Menos de 1/4 do país foi vacinado com duas doses, o que não explicaria esse espalhamento. E por dados de outros países, ela não parece infectar tanto os vacinados – o que ainda precisa ser confirmado nas próximas semanas.
Sobra a reinfecção dos curados. O que faz sentido. O vírus muta mais onde mais circula. E é onde vai encontrar mais pessoas curadas. Ou seja, onde ele mais circula, ele tem mais chances de aprender a infectar de novo as pessoas. Isso pode ser o que aconteceu com a P.1 em Manaus.
Ser um pouco mais transmissível do que a Delta, que já é absurda, e conseguir infectar quem já teve Delta é o que melhor explicaria o que acontece na África do Sul. Péssima notícia de qualquer forma, já que a Delta predomina no mundo agora. É o que se espera da evolução.
No melhor cenário, as vacinas ainda funcionam bem, mas podemos esperar mais ondas onde falta vacinação como no interior do Brasil, que vão causar em semanas o que antes levaria meses para acontecer. E um vírus mais transmissível consegue circular melhor entre vacinados também.
Precisamos vacinar, precisamos da dose de reforço e de máscaras. Precisamos das vacinas para crianças. Precisamos dos resultados de eficácia das vacinas que devem surgir nas próximas semanas. E independente disso, as vacinas protegem contra a Delta, que ainda predomina.
Sobre a patogenicidade dela, também é muito cedo para saber ainda. Os casos cresceram tão rápido que ainda não deu tempo de ver as hospitalizações. Se os hospitais sul-africanos começarem a encher pelas próximas semanas, vamos saber tarde demais sobre o perigo dela.
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O @minsaude corrigiu minha info e respondeu à requisição de quem alterou meus dados no CadSUS. A alteração foi feita com a credencial (agora bloqueada) de um médico de Porto Velho/RO, que também me marcou como morto, fez apologia nazista e outras ofensas. Agradeço pela resposta.
Quem fez isso usou um serviço de VPN com saída em Brasília, mas os dados de acesso ficam no sistema. Ainda estamos vendo os próximos passos. E ainda quero saber se todo mundo que tem CNES tem acesso a todos os dados do CadSUS e pode alterar dessa forma.
Tenho martelado muito que não adianta fechar fronteiras para países africanos para parar a Omicron. Segue um fio sobre os motivos para não fechar e o que queremos incentivar para detectar as próximas variantes e descobrir se são perigosas.
O @Tuliodna, que liderou esse achado, tem sido muito explícito sobre o que detectou, em quais grupos, como é a Omicron, quais mutações tem e como isso não implica em todos os casos serem da África do Sul. Qual foi a “recompensa” por esse trabalho? O isolamento do país.
Mesmo se a África do Sul fosse a origem e o único local com a Omicron, fechar fronteiras no máximo adia a circulação dela. Testar quem chega, fazer isolamento e exigir vacinação pode funcionar tanto quanto ou melhor, com uma grande diferença: não pune quem fez o trabalho certo.
Fio sobre a nova variante encontrada por pesquisadores na África do Sul. Parece ser bastante transmissível, mas ainda é cedo pra confirmar. Ela pode ter dado a “sorte” de embarcar em um momento de maior transmissão. Já estão testando se ela tem ou não escape de imunidade.
Conforme saírem testes e mais info, compartilho. Mas ainda acho bem cedo para ficar preocupado. Precisaríamos ver essa transmissão maior dela sobre a delta por mais tempo ou em mais locais para realmente ficar em alerta.
De qualquer forma, o fato de ser encontrada na África do Sul pode mostrar algo mais. O vírus não né necessariamente surgiu lá, ele foi detectado lá primeiro. Mas ele circula no continente que tem a menor vacinação. Ou seja, onde ainda tem muita gente vulnerável.
Sobre a variante do coronavírus recombinante, um pequeno fio
Ela é uma mistura de duas linhagens que circularam entre EUA e México. Se dois coronavírus diferentes infectam uma mesma pedia, ele é capaz de fazer isso e combinar o que os dois vírus têm melhor.
Neste caso, foi um pedacinho de um vírus com grande parte de outro. E não parece ter resultado em uma variante mais transmissível do que a Delta. Mas é importante acompanhar esse tipo de evento, pq isso poderia combinar um vírus mais transmissível com outro que escape de vacinas.
Só não entendo pq comentam que o SARS-CoV-2 (da COVID) vai se recombinar com o vírus da MERS. Até são próximos, mas precisam se encontrar em um mesmo hospedeiro. São pouquíssimos casos de MERS por ano. Sem falar que o vírus resultante precisaria ser “melhor” que os originais.
Mais sobre o Didier Raoult, dessa vez com denúncias de fraude no estudo da hidroxicloroquina, vindas da equipe dele. Entre outras coisas, ele reduziu em mais de 30x a sensibilidade do teste de vírus de quem tomou cloroquina, pra parecer que não tinham mais vírus.
Em outro estudo, de tratamento de tuberculose, já havia uma série de denúncias de irregularidades do tratamento tóxico adotado ao recrutamento de pessoas em situação de rua ou imigrantes não documentados que não poderiam consentir plenamente em participar ledauphine.com/sante/2021/10/…
Sobre a recomendação do @minsaude:
Pro Brasil não passar em 2022 pelo que a Europa passa agora, precisamos da 1a e 2a doses. Cada novo vacinado faz muito mais diferença do que dose de reforço. Mas se já se vacinou, a 3a dose vai te proteger mais.
No Reino Unido, deram 3a dose em quem tem 50 anos ou mais e grupos de risco, pq efetividade de 2 doses da AstraZeneca caiu entre eles pra ~45% depois de 5 meses ou mais; 2 de Pfizer caiu pra 63%.
Em Israel, a 3a dose de reforço reduziu em 10x a infecção, em mais de 15x os casos de COVID grave entre idosos e em quase 15x as mortes por COVID entre vacinados (que já sofrem menos do que não vacinados).