Chegamos ao terceiro e último fio sobre a história da #aids!
Neste falaremos sobre a resistência do vírus aos tratamentos antirretrovirais.
Sigam o fio: 🧶
No Brasil, o controle epidemiológico e a vigilância genômica (registro e acompanhamento de novas mutações que vão surgindo com o tempo) da Aids são feitos pelo Ministério da Saúde.
A Vigilância Epidemiológica tem por objetivo observar e analisar de forma permanente, a situação epidemiológica das IST (doenças sexualmente transmissíveis), Aids, hepatites virais e coinfecções; e articular ações destinadas à promoção, prevenção e recuperação da saúde.
No país, a notificação compulsória da Aids e da sífilis congênita teve início em 1986. Mais tarde, a infecção pelo HIV em gestantes, parturientes ou puérperas e crianças expostas ao risco de transmissão vertical do HIV passou a ser de notificação compulsória em 2000.
Em 2010, a sífilis adquirida foi incluída na Lista de Notificação Compulsória (LNC). Em 2014, a infecção pelo HIV passou a integrar a LNC e a Síndrome do Corrimento Uretral Masculino foi incluída lista nacional de doenças e agravos a serem monitorados (aids.gov.br/pt-br/gestores…).
A avaliação da prevalência de multirresistência no Brasil passa por centros que realizam a genotipagem das cepas, como o da Fiocruz, que atende a 80% dos pacientes do Rio de Janeiro. A genotipagem mostra as mutações principais do vírus e indica que drogas não são indicadas.
Já foram realizadas, pelo menos, 15 mil genotipagens, desde que o serviço iniciou. A epidemia de Aids está concentrada na Região Sudeste, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Os pacientes nestas cidades estão em tratamento há mais tempo, então é natural que haja mais indivíduos resistentes nestes locais. Existe um sistema de monitoramento e vigilância destes indivíduos, que representam 5% do universo dos pacientes em terapia.
O exame de genotipagem (determinação da sequência genética de cada mutação dos pacientes com HIV), é utilizado para detecção de mutações genômicas do HIV-1 associadas à resistência aos antirretrovirais, possibilitando uma reorientação do esquema terapêutico.
Além disso, através do exame é possível estimar a prevalência de mutações e sua associação com o estadiamento clínico, e obter dados epidemiológicos a respeito de resistência transmitida (aids.gov.br/pt-br/profissi…)
O Grupo Fleury foi o pioneiro na introdução desse exame no país e possui o maior banco de dados de mutações do HIV-1 em pacientes brasileiros. O teste detecta todos os genótipos já descritos do vírus e tem alta sensibilidade fleury.com.br/medico/exames/…
Uma característica relevante desse teste é sua capacidade em analisar adequadamente os genótipos menos frequentes, presente em cerca de 10% dos pacientes brasileiros infectados, além de genótipos recombinantes.
Esse aspecto é crítico, pois alguns laboratórios internacionais têm seus testes dirigidos apenas aos genótipos mais comuns em cada região (fleury.com.br/medico/artigos…)
A base de dados de Stanford é utilizada nas interpretações desse teste, sendo bastante robusta e acurada, contendo mais de 216.000 pessoas e quase 5 mil referências com tratamentos utilizados de acordo com o genótipo e/ou genótipo-fenótipo de pacientes (hivdb.stanford.edu).
As mutações presentes nesse banco incluem proteases, enzimas transcriptase reversa e sequências de vírus HIV-1 e HIV-2, com o perfil das mutações e esquemas de tratamentos mais adequados.
O Ministério da Saúde passou a oferecer o serviço de genotipagem aos pacientes com HIV e falha terapêutica aos antirretrovirais no país a partir de 2001, através do SISGENO - Sistema de Controle de Exames de Genotipagem (sisgeno.aids.gov.br)
Com a genotipagem é possível entender melhor qual esquema terapêutico pode ser mais benéfico em cada caso. O software de Interpretação Brasileira de Genotipagem (algoritmo.aids.gov.br) que auxilia na interpretação das mutações associadas à resistência aos antirretrovirais.
O teste de genotipagem deve sempre ser interpretado em conjunto com os dados clínicos e história prévia do uso de antirretrovirais e a amostra de sangue deve ser coletada na vigência do esquema terapêutico que está sendo avaliado.
Não existe cura para a Aids, mas uma adesão estrita aos regimes antirretrovirais (ARVs) pode retardar significativamente o progresso da doença, bem como prevenir infecções secundárias e complicações.
No entanto, nos últimos anos, a OMS tem alertado sobre o aumento da resistência das pessoas que vivem com HIV a essas drogas de controle da doença disponíveis no mercado.
O vírus HIV, por possuir RNA como material genético, se replica em poucos segundos, o que facilita a ocorrência de erros. Desses erros são geradas mutações, que podem oferecer resistência às drogas utilizadas para conter a infecção.
Os vírus com essas mutações apresentam vantagem, pois se multiplicam rapidamente, sem sofrer com a ação do medicamento. Então, no momento em que surge uma forma resistente do vírus, ela geralmente se torna preponderante.
A resistência às drogas anti-HIV é fruto da habilidade do HIV em adquirir mutações que lhe permitem se reproduzir na presença de drogas antirretrovirais. As consequências da resistência a drogas incluem ineficácia do tratamento, transmissão de HIV resistente, +
+ bem como um aumento direto e indireto nos custos dos pacientes aos sistemas de saúde, devido a necessidade de tratamentos mais caros, complexos e tóxicos.
Outro fator importante é a adesão do paciente ao tratamento antirretroviral . Quando há uma falha na regularidade e no horário de tomar os medicamentos, a pressão da droga sobre o vírus é reduzida, facilitando o surgimento de mutações de resistência.
Até o final de 2020, a estimativa da OMS é que 27,5 milhões de pessoas tenham recebido as terapias antirretrovirais no mundo todo. A resistência às drogas anti-HIV pode comprometer a efetividade delas na redução da incidência de HIV e na morbimortalidade associada ao HIV
O Relatório 2017 de Resistência a Medicamentos para HIV, da OMS, mostra que em 6 dos 11 países inspecionados na África, Ásia e América Latina mais de 10% das pessoas que iniciaram a terapia antirretroviral apresentaram uma cepa de HIV resistente a alguns dos medicamentos
Uma vez que o limite de 10% foi atingido, a OMS recomenda que esses países revisem urgentemente seus programas de tratamento de HIV
(who.int/news-room/fact…).
Desde 2019, a OMS recomenda o uso do dolutegravir como tratamento preferencial de primeira e segunda linha para todos os grupos populacionais. É mais eficaz, mais fácil de administrar e tem menos efeitos colaterais do que outras drogas atualmente em uso.
O dolutegravir também está associado a um menor desenvolvimento de resistência pelo vírus, apoiando assim sua durabilidade e eficácia em longo prazo.
Desde que as pesquisas foram implementadas, muitos mais países iniciaram a transição para regimes contendo dolutegravir, proporcionando às pessoas uma melhor opção de tratamento e fortalecendo a luta contra a resistência aos medicamentos (paho.org/pt/noticias/24…).
Com base nas descobertas mais recentes de pesquisas realizadas em 10 países na África Subsaariana, quase metade das crianças recém-diagnosticadas com HIV apresentam resistência pré-tratamento.
Essas descobertas destacam a necessidade de acelerar a transição contínua e a importância do uso da terapia antirretroviral baseada em dolutegravir em crianças pequenas o mais cedo possível.
A profilaxia pré-exposição (PrEP) é uma opção de prevenção eficaz para indivíduos vulneráveis à infecção por HIV, como parte das abordagens de prevenção combinada. É mais provável que a resistência ocorra quando a PrEP é iniciada na infecção aguda por HIV não diagnosticada.
Por isso, é fundamental que o teste de HIV seja feito antes de iniciar a PrEP e que novas testagens sejam feitas regularmente.
Ainda não sabemos exatamente quanto o uso da PrEP aumentará o fardo da resistência aos antirretrovirais. Mas sua contribuição será pequena, se comparada ao impacto da falta de apoio para adesão e teste regular de carga viral em pessoas que vivem com HIV (aidsmap.com/about-hiv/prep…).
À medida que os países implementam a PrEP, deve-se realizar a vigilância de resistência do HIV aos medicamentos nas pessoas que se infectam apesar do uso da PrEP.
“A resistência aos medicamentos antimicrobianos é um desafio crescente para a saúde global e o desenvolvimento sustentável e combatê-la é fundamental para o objetivo global de acabar com a AIDS até 2030”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da OMS.
Impedir a transmissão e minimizar o espalhamento da resistência às drogas antirretrovirais é um aspecto crítico de responsabilidade global e requer ação coordenada entre os setores governamentais e todos os níveis da sociedade. Além disso, é preciso fazer o tratamento adequado.
Hoje, já são mais de 20 medicamentos disponíveis para tratar a infecção por HIV. É importante fazer a combinação exata para cada paciente, de modo a manter a supressão máxima do vírus, ou seja, carga viral indetectável (agencia.fiocruz.br/pesquisador-es…).
As interações medicamentosas também são importantes. Drogas como ibuprofeno devem ser evitados durante o uso do PrEP, pois podem diminuir a concentração dos antirretrovirais no sangue, reduzindo eficácia e facilitando o surgimento de vírus resistentes.
Chegamos ao fim dessa série! Esperamos ter esclarecido os pontos importantes da história da #aids! Quaisquer dúvidas, nos chamem!
Olá, pessoal! Esse é o segundo fio da série sobre a #aids. Neste, abordaremos a origem do vírus.
Segue o fio 🧶
O HIV é um retrovírus que infecta primariamente os componentes do sistema imunológico humano, como as células T CD4+, macrófagos e células dendríticas. Ele destrói as células T CD4+ direta e indiretamente.
Trata-se de um membro do gênero Lentivirus que costuma infectar espécies de mamíferos, causando doenças de longa duração, com um longo período de incubação. Os lentivírus são transmitidos como um vírus de RNA em sentido positivo.
Novembro de 2021 e estamos vendo novamente um aumento de casos de covid-19. Desta vez, na Europa.
Vamos entender a situação?
Sigam o fio: 🧶 //1
A primeira coisa que vamos fazer é olhar o continente europeu como um todo, como fazemos aqui com o Brasil.
O que notamos, logo de cara?
Que após a vacinação e as flexibilizações, a onda de óbitos é bem menor em proporção! //2
Conseguimos ver, em um mesmo gráfico, que:
- As vacinas funcionam muito bem (sem as vacinas teríamos muito mais óbitos com essa quantidade de casos);
- As flexibilizações acabam ajudando o vírus no cabo de guerra que ele disputa com as vacinas, dando a ele mais chances. //3
Segundo o anúncio do Ministério da Saúde, a população acima de 18 anos receberá um reforço vacinal contra a COVID-19, o que parece estar previsto iniciar em 2022. Ainda, o intervalo entre a 2ª e a 3ª dose foi reduzido, de 6 para 5 meses
Que tal algumas considerações? 🧶👇
Sabemos - e temos - dados positivos de que esse reforço, pensando na população geral, traz benefícios, reforçando a proteção já gerada pelo regime completo
A queda de anticorpos observada após 6 meses é esperada, e não significa perda de proteção
Neste fio da @mellziland vemos que as células de memória estão lá, as quais tem um papel fundamental na geração dessa proteção, e também de uma nova onda de anticorpos
Achamos essencial retomar a importância de altas coberturas vacinais para a população. Vamos comentar um pouco sobre o que está acontecendo no Reino Unido - mais precisamente na Inglaterra, com uma faixa etária jovem (menores de 14 anos) - e na Rússia. Acompanhe!🧶👇
Ontem, a @mellziland trouxe um alerta importante sobre a subida de casos no Reino Unido, que atualmente monitora a circulação de uma variante “descendente” da Delta, chamada AY.4.2 ou “Delta Plus”
Essa variante foi detectada pela 1ª vez na metade do ano (Jun/21), e este achado vai de encontro ao entendimento de que, com alta transmissão do vírus e baixa cobertura vacinal, existe um risco maior de surgimento de novas variantes mais rapidamente
Aqui é o @schrarstzhaupt, e estou passando no perfil da Rede para vermos juntos como estão os dados da covid-19 agora que entramos no mês de outubro de 2021.
Bora? 🧶 Sigam o fio!
Já há algumas semanas eu venho falando que há uma possibilidade de reversão da tendência de queda, que por mais pequena que seja, sempre envolve internações e óbitos, então devemos ficar sempre de olho.
Podemos ver essa mudança de tendência em nossos países vizinhos. Vejam Colombia, Peru e Chile, todos apresentando uma mudança na tendência de queda.
A parte boa? Vacinas! Vejam a proporção de casos e óbitos em relação às ondas anteriores. Muito, muito menor.
Covid pega pela roupa?
Uma preocupação que todos temos hoje é o potencial de contaminação da covid-19 (ou outras doenças causadas por agentes transmissíveis) com relação às roupas e vestimentas. Quando lavar? Basta ventilar? Vem conosco que te ajudamos! 🧶
Fio da @melmarkoski
Esse estudo, de pesquisadores da Finlândia, trouxe algumas elucidações importantes... Primeiro, para planejar e executar as medidas preventivas adequadas contra a COVID-19, precisamos entender como o SARS-CoV-2 é transmitido. pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33927762/
Até agora, o vírus tem se mostrado infeccioso em superfícies, variando de horas a dias, dependendo do tipo de superfície e de fatores ambientais.