Thread by @CrimesReais

O caso criminal que foi resolvido pelo médium Chico Xavier.

Em 8 de maio de 1976, José Divino Nunes e Maurício Garcez Henrique, ambos estudantes com 18 anos, eram amigos inseparáveis.

Os amigos estavam no bairro de Campinas, em Goiânia, em uma manhã, na casa de José Divino, quando Maurício pegou uma arma dentro de uma pasta do pai de José.

Em uma “brincadeira” conhecida “Roleta Russa”, Maurício retirou as balas de dentro do revólver, acionando o gatilho cerca de 2 vezes em direção a José Divino, como brincadeira.

José, nesse momento, tirou a arma da mão do amigo. Maurício foi até a cozinha da casa para buscar alguns cigarros, e José ficou com a arma na mão, enquanto levantava para mudar a estação de rádio, que ficava sob um guarda-roupa ao lado da porta da cozinha.

Ao mudar a estação, José, que manuseava uma arma pela primeira vez, instintivamente puxou novamente o gatilho, efetuando um disparo, e ao virar-se, viu Maurício agachado: o tiro havia acertado seu peito.

A partir desse momento, José tentou ajudá-lo, mas sem sucesso, acabando por ser preso depois. As famílias, que antes eram amigas, perderam qualquer contato, pois a de Maurício acreditava que o crime havia sido premeditado.

Em julgamento, o advogado de defesa de José alegou em vários momentos que o réu não tinha nenhuma intenção de matar, e não havia nenhuma prova sobre o possível dolo da morte.

No dia 16 de julho de 1979, o juiz Orimar de Bastos, da 6.ª Vara Criminal de Goiânia, após receber uma carta psicografada do médium Francisco Cândido Xavier, conhecido como Chico Xavier, absolveu o réu, José Divino.

“Temos que dar credibilidade à mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier, anexada aos autos, onde a vítima relata o fato e isenta de culpa o acusado, discorrendo sobre as brincadeiras com o revólver e o disparo da arma”, declarou o juiz em sua sentença.

A carta entregue por Chico Xavier à família de Maurício foi periciada por um especialista; documentos de Maurício foram levados a perícia para comparar com a assinatura na carta.

A sentença do juiz foi confirmada após a perícia dar o resultado sobre as comparações e a assinatura de Maurício na mensagem psicografada por Chico Xavier ser idêntica à assinatura que Maurício deixou em sua carteira de identidade.

Como o médium não possuía nenhum documento da vítima antes da psicografia, não havia como ter uma base para falsificar a assinatura. O pai de Maurício, católico, não acreditava em Xavier, e culpava José pela morte do filho.

Porém, após receber a carta do desencarnado pelas mãos do médium, fez com que o homem acreditasse ser verdade, e assim tornou um homem mais aberto a estudar o espiritismo.

Já Dejanira Garcez, mãe de Maurício, sempre acreditou no espírita e frequentava sessões na casa dele em busca de respostas. Em uma delas, Dejanira foi em direção a Xavier e ele segurou sua mão, dizendo o porque ela estava ali, detalhes que ninguém iria saber a não ser familiares.

Ela dizia receber bilhetes de guias espirituais informando que Maurício estava bem, e logo quando ele pudesse, iria escrever para ela, um tempo depois, recebendo a carta psicografada do filho.

Trechos da carta, além de detalhar momentos íntimos que Maurício vivia com a família, e apelidos carinhosos de que ele chamava a mãe, também incluíram o que havia acontecido no dia do incidente, tendo semelhanças com o depoimento de José.

Novamente ficou em destaque que Xavier nunca havia visto e nem lido nada sobre o caso, e apenas recebia as mensagens do desencarnado. Um trecho da carta foi destacado e revelado ao público:

“Peça ao meu pai para que, no íntimo, aceite a versão que eu forneci do acontecimento que me suprimiu o corpo físico. Não se procure culpa de ninguém. Tudo está encerrado em paz, porque o acidente foi acidente real, e preciso que meu pai ajude a refletir nisso [...]".

Em um filme sobre a vida do médium, ao final, fizeram referência ao caso, por ser a primeira vez na história da justiça brasileira uma carta psicografada ser usada para inocentar o réu.