Hoje seria o debate com CDU, pelo que está na hora de olhar para o seu programa eleitoral para a saúde
Um programa longo, bem estruturado e que defende o SNS
Segue 🧵🧵🧵
Avançam o mesmo programa de 2019, mas com um prefácio. A saúde tem direito a um capítulo próprio com 7 pontos extra/destaque.
Maioria dos pontos dizem respeito a questões laborais (situação que desenvolverei mais à frente)
Mais contratações, dedicação exclusiva, carreiras
Pedem o "aceleramento na compra de equipamentos em particular de meios auxiliares de diagnóstico". Importante mas curto e mal definido. E pedir apenas mais meios é insuficiente, era uma boa oportunidade para explicar como produzir mais com os meios atuais (e futuros)
Por fim, pedem a conclusão dos hospitais planeados e obras pendentes.
Todas as medidas são justas e corretas, mas pouco ambiciosas. Falta um pensamento mais concreto sobre saúde e não apenas sobre questões laborais. Nota-se que a CDU está bem informada sobre questões sindicais
Mas por opção/incapacidade não tem feito reflexão sobre a outra parte: políticas de saúde.
Esta situação torna-se notória nas propostas e intervenções dos seus dirigentes, normalmente muito boas em questões laborais, mas curtas no resto
Para ser justo, fui ler o programa de 2019. Começa por pedir o fim das taxas moderadoras e o transporte gratuito para doentes não urgentes - o transporte é um determinante com muito maior influência que a taxa. Gostei de ler a integração entre segurança social e saúde
Defende a reorganização dos centros de saúde por base concelhia, como estava pré-troika. Tenho muitas dúvidas. Se reorganizar é preciso, fazer de forma cega pode ser contraproducente. é preciso equilíbrio entre massa crítica e proximidade. Entre concentrar e dispersar recursos
Cuidados paliativos tem direito a um subcapitulo, bem escrito e que qualquer pessoa facilmente subscreve
Para combater as listas de espera pedem mais meios humanos e materiais. Novamente, está certo, mas é curto. É preciso mais do que isso, pensar a organização
Na grande proposta sobre saúde defendem o regresso ao modelo dos hospitais spa. E isto é um erro e entra em contradição com o pedido de maior autonomia para os hospitais. O modelo spa é um pesadelo burocrático e obsoleto, ainda bem que acabou
O modelo EPE tem de evoluir, mas a resposta não é retroceder 20 anos
Suponho que esta defesa está mais relacionada por questões laborais, nos spa não há contratos cit. Mas a resposta não pode ser retroceder a gestão mas sim avançar os direitos laborais
Bem lembrado a defesa da saúde ocupacional nos serviços de saúde, são uma sombra do que já foram.
Não percebi o capítulo aos subsistemas públicos, fiquei com a sensação que defendem menos autonomia para ADSE
O programa acaba com amplo destaque às questões dos comportamentos aditivos e dependências. Pedem mais meios e a reversão da fusão feita por Passos Coelho. Mais meios para combate ao alcoolismo e toxicodependências
Se o assunto foi (e bem) colocado com destaque,
Podiam ter ido mais longe e incluindo o tabaco (única dependência na esfera da DGS e não sicad) e o jogo.
O feedback que tenho do terreno é que o sicad funciona bem. Há sempre espaço para melhorias, mas não tenho opinião se reverter a fusão é a melhor opção
Em resumo, um programa bem feito, defende o SNS, conhece bem o terreno nas questões laborais (onde acerta sempre). Mas fica curto e pouco ambicioso no resto. Por vezes defende soluções do passado em vez de olhar para o futuro
Fim de fio 🧵🧵
Obrigado a quem leu tudo. Comentários são sempre bem vindos
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O último relatório linhas vermelhas é muito interessante.
A maior incidência está no grupo 20-29, seguindo-se dos 30-39. São os jovens adultos os principais focos de novos casos.
A incidência no grupo +65 é 6x inferior ao grupo 20-29. Impacto da 3ª dose e talvez menor mobilidade
Ainda estamos com situação crescente, não é claro quando será atingido o pico. Mas o impacto nas UCI está totalmente dissociads dos novos casos. Há mais pessoas 20-39 em UCI que +80 (8 vs 6). Maior grupo são os 60-79
Em outubro, um não vacinado +80 tinha o dobro da probabilidade de internamento que um vacinado da mesma idade. Proporções semelhantes para 70-79 e 60-69.
No grupo 50-59 um não vacinado tinha 6x maior risco de internamento que um vacinado
alinhou no discurso que ninguém queria eleições. são um partido responsável. divagou e o moderador chamou à pergunta:
- lembrou o medo das maiorias absolutas e é preciso transparência
Costa, quer maioria absoluta?
Elogia Livre e Tavares. Cola Rui Rio a politicas de austeridade. Aproveita para se mostrar como partido da responsabilidade e estabilidade
Hoje iniciam-se os debates! está na hora de ir ler os programas eleitorais, com olho na saúde. Vou deixar o do Bloco para o fim e tentar seguir a ordem dos debates da Catarina.
O que significa que vamos começar pelo CH.
Segue o 🧵🧵 após leitura e análise atenta👀👀👇🏼👇🏼
Antes da saúde propriamente dita, passei pela economia. Afinal de contas, não há saúde sem economia (nem economia com pessoas doentes)
O CH defende que gerir um país é igual a gerir um orçamento familiar. Começa de forma bem tosca
Defende um corte enorme nos impostos e elege como *prioridade* económica pagar a dívida. Além da ironia boa de ter o partido nacionalista a servir os interesses dos banqueiros alemães, é revelador do pensamento de vistas curtas. A prioridade não é crescer, é pagar dívida
🚨 atualização omicron 🚨
Com volume de dados já razoáveis da 🇿🇦
👉🏼 Variante já representa 90% dos casos
👉🏼 Duas doses 💉 confere proteção para internamento em 70%, menor que para delta, mas pode ser devido aos mais velhos terem sido vacinados há mais tempo
👉🏼 a probabilidade de ser internado por omicron é de 29% inferior a outras variantes!
Pode ser porque o vírus é menos agressivo, mas convém não esquecer que já não se trata de uma epidemia em solo virgem. De uma forma ou outra, a população já contactou com o vírus
👉🏼 nas UCI, apenas 16% são vacinados. Não partimos do zero, vacina protege para doença grave
👉🏼 Alta percentagem de omicron assintomático, sugere menor gravidade da doença
👉🏼 Recuperação mais rápida, em média 3 dias
A agência inglesa já produziu um relatório bastante completo sobre a omicron. (Eles trabalham bastante bem, há que reconhecer)
👉🏼Variante detetada em 5 amostras de 4 dos 477 sistemas de esgotos em vigilância, desde 26 de novembro. (Ou seja, transmissão comunitária)
👉🏼 transmissão em casa, é maior quando o caso index é omicron em vez de delta. 3,2x superior
Pela rapidez do relatório e poucos dados, este número não tem em conta estado vacinal e/ou infecção prévia
👉🏼Sem evidência clara de aumento risco de reinfeção, mas aponta para que sim
👉🏼Se a taxa de crescimento na comunidade permanecer igual, omicron atinge a paridade com a delta na próxima semana
👉🏼 é provável que as vacinas percam eficácia para doença sintomática, mas *retenham eficácia para doença grave*
Sistematizar a polémica da semana:
- temos um problema cultural com a partilha e não divulgação de dados
- temos outro problema com a não separação entre o poder político e a técnica
- a DGS melhorou nos últimos meses, mas há margem para mais
- o governo e presidência nem por isso. Os últimos 15 dias mostram que não aprenderam grande coisa
- a informação que sustenta a decisão da DGS já é conhecida e é pública. É óbvio que a DGS não tem dados novos que não sejam conhecidos pelo CDC ou ECDC
- a vacinação só se inicia com a norma. A norma traz consigo a sustentação teórica e bibliografia, no fundo, o parecer
- divulgar agora o parecer seria algures entre redudante e para um nicho de pessoas hiper interessadas, nem todas com capacidade para interpretar