Médicos cubanos são hostilizados por seus colegas brasileiros durante a cerimônia de abertura do programa "Mais Médicos". Fortaleza, 27 de agosto de 2013.
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Os profissionais cubanos foram vaiados e insultados com termos como "escravos", "incompetentes", "açougueiros", "macacos" e orientados a "voltar para a senzala" por médicos brasileiros que participavam de uma manifestação organizada pelo Sindicato dos Médicos do Ceará.
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O programa "Mais Médicos" foi lançado em julho de 2013, durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff, visando suprir a carência de médicos nos municípios do interior, em comunidades isoladas e nas periferias das grandes cidades.
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O programa consistia na contratação de médicos estrangeiros para ocupar vagas tradicionalmente rejeitadas pelos brasileiros. Embora o Brasil possuísse uma taxa de 2 médicos para cada mil habitantes — o dobro do recomendado pela OMS — a distribuição era muito desigual.
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Os médicos estavam concentrados no setor privado e nas áreas bem urbanizadas do Centro-Sul, ao mesmo tempo em que os estados do Norte e do Nordeste, bairros periféricos, vilarejos afastados, comunidades quilombolas e distritos indígenas sofriam com escassez de médicos.
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Os médicos recusavam até mesmo vagas com o triplo da remuneração média nessas regiões. Diante da resistência, o governo federal criou em 2011 o Provab, que oferecia bolsa de 8 mil reais para recém-formados atenderem nesses locais. Somente 29% das vagas foram preenchidas.
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Como o déficit de médicos persistia, o governo federal resolveu lançar o "Mais Médicos". A princípio, o governo tentou, novamente, privilegiar a contratação de brasileiros — público alvo das primeiras seleções. Entretanto, apenas 6% das vagas foram preenchidas.
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O governo passou então a contratar em massa profissionais estrangeiros. Foram selecionados 18 mil médicos do exterior — 11 mil dos quais eram cubanos. Eles receberam autorização profissional provisória e passaram por uma avaliação de três semanas.
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Em parceria com estados e municípios, o governo oferecia o custeio da passagem, bolsa de 10 mil reais mensais e ajuda de custo para moradia e alimentação em troca de uma carga horária de 40 h semanais. Os cubanos, entretanto, tinham um regime diferenciado de contratação.
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O contrato com Cuba seguia o modelo que o país caribenho já mantinha com a Organização Pan-Americana de Saúde e com Organização Mundial da Saúde, baseado na divisão do repasse entre o governo cubano (60%) e os profissionais (40%).
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O programa enfrentou feroz oposição da classe médica, que reagiu com evidente corporativismo, tentando obter reserva de vagas que não pretendiam ocupar. Diversas manifestações, paralisações e greves de médicos e estudantes de medicina foram organizadas por todo o Brasil.
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Associações médicas recorreram ao STF para tentar barrar o programa, acusando os estrangeiros de "prática ilegal da medicina" e alegando preocupação com a saúde dos brasileiros que eles mesmos se recusavam a atender.
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Os médicos estrangeiros — sobretudo os cubanos — tornaram-se alvos de xenofobia, insultos racistas e ataques. O presidente do CRM-MG, João Batista Gomes Soares, chegou a orientar os médicos brasileiros a não socorrerem ou prestarem qualquer auxílio aos estrangeiros.
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Políticos como Aécio Neves e Jair Bolsonaro atacaram o programa. Até mesmo partidos da esquerda autoproclamada radical - nomeadamente o PCB e o PSTU - rotularam iniciativa como paliativo ineficaz e denunciaram a suposta intenção de precarizar e terceirizar a saúde.
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Registrou-se intenso ativismo do poder judiciário contra o programa. O Ministério Público chegou a abrir investigação para apurar denúncia de que os médicos cubanos estariam sendo submetidos a "trabalho escravo" - embora recebessem 4 vezes mais do que a média da população.
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Igualmente virulenta foi a reação da imprensa, que alternou entre o reacionarismo e o conspiracionismo lunático. A Veja chegou a insinuar que os médicos cubanos seriam, na verdade, guerrilheiros comunistas articulando uma guerra civil no Brasil.
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A campanha de difamação do programa foi tão massiva que a própria população passou a enxergar a chegada de mais médicos como algo negativo. Em uma pesquisa divulgada pelo Datafolha em 2013, a maioria dos brasileiros se declarava estar em desacordo com o programa.
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Malgrado a histeria, o "Mais Médicos" foi um sucesso e obrigou muitos a revisarem suas opiniões. Crítico do programa em 2013, Drauzio Varella admitiria 5 anos tempo depois que "nunca um programa alcançou tantas pessoas em território nacional e durou tanto tempo".
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O "Mais Médicos" passou a responder por 48% das equipes de atenção básica em cidades de até 10 mil habitantes e por 100% da assistência médica em mais de 1.100 municípios. Graças ao programa, mais de 700 cidades receberam um médico pela primeira vez na história.
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A humanização e dedicação dos cubanos também encantou a população, acostumada à frieza dos profissionais locais. Uma pesquisa realizada pela UFMG em 2015 revelou que 94% dos usuários aprovavam o programa. 85% dos brasileiros relataram melhoria da assistência médica.
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Após a vitória de Bolsonaro em 2018, Cuba optou por encerrar a parceria com o Ministério da Saúde e recolheu seus profissionais, em resposta à agressividade de Bolsonaro, que atacou violentamente o país durante sua campanha, prometeu expulsar os médicos cubanos.
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Com isso, o Brasil perdeu mais de 11 mil médicos distribuídos por quase 3 mil municípios. Em 2019, Bolsonaro extinguiu o "Mais Médicos", substituindo-o pelo "Médicos pelo Brasil".
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A oferta de profissionais, entretanto, não retornou aos patamares anteriores, resultando numa redução de 30% da oferta de médicos em relação à gestão Dilma Rousseff.
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O engenheiro nuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva (de boné), preso pela Operação Lava Jato, é transferido para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
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O almirante Othon é considerado o mais importante cientista nuclear brasileiro e foi um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento da tecnologia da ultracentrifugação, que permitiu ao Brasil dominar toda a cadeia produtiva da energia nuclear.
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Em 2016, o cientista foi condenado a 43 de anos prisão em sentença proferida pelo juiz Marcelo Bretas. O almirante Othon é considerado o pai do Programa Nuclear brasileiro.
O presidente Lula, a primeira-dama Marisa Letícia e Fernanda Benvenutty, fundadora da Associação das Travestis da Paraíba (Astrapa) participam da Primeira Conferência Nacional LGBT, sediada em Brasília em junho de 2008 — marco histórico do movimento LGBT.
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O PT foi o primeiro partido do Brasil a encampar institucionalmente a luta em prol dos direitos da população LGBT. O alinhamento antecede a própria legenda, remontando à luta conjunta dos movimentos sociais e sindicais em prol da reconquista dos direitos civis.
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Congregando diversos militantes históricos das causas LGBT, o PT encabeçou a luta contra a estigmatização das minorias nos anos oitenta e esteve à frente da articulação das políticas de inclusão e nos esforços pela afirmação da igualdade jurídica e social.
O Vox Populi divulgou hoje uma pesquisa de intenção de votos testando diferentes cenários para o governo de Pernambuco e a cadeira do estado no Senado Federal. Os petistas Humberto Costa e Marília Arraes aparecem como favoritos ao executivo estadual e à câmara alta.
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Humberto Costa lidera de forma isolada nos três cenários testados. A menor vantagem (31%) ocorre no cenário que inclui Geraldo Júlio (16%). A maior vantagem (38%) é no cenário onde o candidato do PSB é Tadeu Alencar (2%).
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No cenário que inclui Danilo Cabral como postulante do PSB, Humberto Costa tem 37% das intenções de voto.
Estudantes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) protestam contra a adesão da instituição ao REUNI — programa de expansão de vagas no ensino superior público. São Paulo, 28 de maio de 2012.
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Hebe Camargo, Agnaldo Rayol, Ivete Sangalo e outros ricos e famosos participam de um protesto contra o governo Lula organizado pelo mov. "Cansei". Criado por João Doria em junho de 2007, o movimento tinha por objetivo denunciar o "caos aéreo" atribuído ao governo federal.
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A crise do sistema aéreo ocorreu em função do crescimento exponencial de passageiros gerado pela ascensão da "classe C". Durante o governo Lula, 36 milhões de pessoas saíram da miséria e 60% dos brasileiros tiveram incremento em sua renda.
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A ascensão social criou uma nova "classe média" apta a, por exemplo, custear viagens. Tendo como foco essa clientela, companhias aéreas investiram na popularização das passagens e dezenas de milhões de brasileiros passaram a frequentar os aeroportos.
Há 77 anos, em 27 de janeiro de 1945, o Exército Vermelho libertava os prisioneiros dos campos de extermínio de Auschwitz.
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Loalizado em Oswiecim, no sul Polônia, Auschwitz era o principal instrumento de efetivação da chamada "Solução Final" — o plano nazista de exterminar a população judaica. Era um complexo formado por 48 campos de concentração e extermínio.
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A 322ª Divisão de Fuzileiros do Exército Vermelho chegou ao campo de Auschwitz às 15h do dia 27 de janeiro de 1945, após derrotar os guardas da Schutzstaffel, uma organização paramilitar nazista.