Thread by @EliVieiraJr

Grande parte do problema do Canadá agora é que parecem governar por pesquisa de opinião. E o povo tem muitas opiniões burras e autoritárias. Fundadores de democracias representativas as fizeram assim por um motivo. Nem todo país pode ser a Suíça (e lá houve autoritarismo também).

Críticos da democracia como o Jason Brennan querem restringir o voto a quem passar por um teste de conhecimentos mínimos. Sou contra porque não confio em quem faria o teste -- os intelectuais. O voto nos representantes e os protestos são bons limites da participação popular.

Não é possível viver sem uma elite administrativa, esse é o fato feio hobbesiano a que chegamos.

Quando essa elite passa dos limites no autoritarismo e interfere indevidamente nas liberdades do indivíduo, é hora de protesto até a próxima chance de tirá-la pelo voto.

O que uma elite que quer driblar até o voto tem feito é se entrincheirar em estruturas governamentais cuja existência é justificada pela expertise, outro campo em que voto é má ideia pois conhecimento não é produzido assim. Isso é o "Estado profundo" que os trumpistas odeiam.

Foi justamente essa elite da expertise (não confundam ela se formar com a desculpa da expertise com real expertise, vimos as vergonhas que CDC e OMS passaram) que impôs aos indivíduos o autoritarismo sanitário, ou sugeriu aos eleitos que impusessem. Ela merece ser ridicularizada.

Deve estar sempre em debate esta questão: com que direito burocratas da expertise como Anthony Fauci passam carreiras inteiras vivendo de impostos sem a menor obrigação de prestar contas a quem paga o salário deles? Isso configura uma nova nobreza parasitária. É um problema.

Sei bem o que o assinante que paga pelo meu trabalho não quer ver. Sei que ideias minhas não são bem-vindas (e falo delas em outros lugares, sou livre). Ou seja, no trabalho sou forçado a ceder, sou afastado do radicalismo. Um burocrata afastado do voto não tem essas amarras.

Por que as universidades são antros de radicalismo? Aí está parte da resposta. Não têm que convencer o pagador de impostos a financiar a problematização pós-moderna idiota de um doutorado em antropologia social, por exemplo. É mais radical quem não tem que responder por isso.

P.S.: Quero deixar bem claro que no jornal sempre tive a maior liberdade para propor minhas próprias pautas, aceitar ou rejeitar as propostas pelo editor. Eu é que tenho que saber que lá não é o lugar para certos temas que eu toco (por vários motivos, inclusive tédio do leitor).