Thread by @EterSec_

O Quênia, um país assolado pelo colonialismo como todos os países da África, discursou hoje no Conselho de Segurança da ONU sobre os eventos ocorridos na Ucrânia, e deu ao mundo uma lição sobre imperialismo. Traduzimos um trecho do discurso histórico de @ambmkinami:

"O Quênia, como quase todos os países africanos, nasceu do fim de um império. Não fomos nós que desenhamos nossas fronteiras. Elas foram desenhadas nas distantes metrópoles coloniais de Londres, Paris e Lisboa, sem consideração pelas nações ancestrais que elas rasgavam ao meio. +

Hoje, do outro lado de cada fronteira de cada país africano vivem nossos compatriotas com os quais compartilhamos profundos laços históricos, culturais e linguísticos. +

Na independência, se tivéssemos escolhido perseguir estados com base na homogeneidade étnica, racial ou religiosa, ainda estaríamos travando guerras sangrentas durante todas as décadas que se seguiram. +

Em vez disso, concordamos que nos contentaríamos com as fronteiras que herdamos. Mas ainda buscaríamos a integração política, econômica e jurídica continental. Em vez de formar nações que olham para trás na história com uma nostalgia perigosa, +

escolhemos olhar para frente, para uma grandeza que nenhuma de nossas muitas nações e povos jamais havia conhecido.
Escolhemos seguir as regras da Organização da Unidade Africana (OAU) e da Carta das Nações Unidas, não porque nossas fronteiras nos satisfizessem, +

mas porque queríamos algo maior, fundamentado na paz. Acreditamos que todos os Estados formados a partir de impérios que desmoronaram ou recuaram têm muitos povos neles desejosos de integração com os povos dos Estados vizinhos. Isto é normal e compreensível. +

Afinal, quem não quer se unir a seus irmãos e criar um propósito comum com eles? +

No entanto, o Quênia rejeita que esse anseio seja perseguido pela força. Devemos completar nossa retomada das brasas de impérios mortos de uma forma que não nos mergulhe de volta em novas formas de dominação e opressão. +

Rejeitamos o irredentismo e o expansionismo em qualquer base, incluindo fatores raciais, étnicos, religiosos ou culturais. Hoje o rejeitamos novamente.
O Quênia registra sua forte preocupação e oposição ao reconhecimento de Donetsk e Luhansk como estados independentes. +

Condenamos ainda fortemente a tendência nas últimas décadas de Estados poderosos, incluindo membros deste Conselho de Segurança, violarem o Direito Internacional com pouco respeito.
O multilateralismo está em seu leito de morte esta noite. +

Ele tem sido agredido, assim como tem sido por outros Estados poderosos no passado recente. Incentivamos todos os Estados membros a apoiarem o Secretário-Geral, pedindo-lhe que nos coloque em sintonia com o padrão de defesa do multilateralismo. +

Também pedimos que ele faça valer seus bons ofícios para ajudar as partes interessadas a resolver a situação por meios pacíficos. Deixe-me concluir reafirmando o respeito do Quênia pela integridade territorial da Ucrânia dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas."

Esperamos que o mundo ouça @AmbMKimani e que uma solução pacífica seja encontrada. O imperialismo norte americano e as ameaças russas não deveriam levar os horrores da guerra à população Ucraniana.