UE, EUA e Canadá vão tirar bancos russos do Swift - sistema de transferências internacionais entre bancos - e a bloquear acesso do BC russo a suas reservas internacionais.
É a mais dura sanção imposta à Rússia, mas também a que trará os maiores efeitos negativos à economia global
Também cria risco de reconfiguração da ordem financeira global - em favor da China e em detrimento dos EUA.
O SWIFT padroniza transações e comunicação entre mais de 11 mil instituições financeiras de 200 países, garantindo a segurança das transações internacionais.
A Rússia é, atualmente, o 2° país com mais instituições no SWIFT (300), atrás apenas dos EUA.
Com a remoção, os bancos russos não poderão usar o SWIFT para realizar ou receber pagamentos junto a instituições financeiras estrangeiras. Assim, a Rússia não poderá comprar do exterior, nem exportar petróleo, gás natural, fertilizantes, trigo e milho, por exemplo.
Isso reduzirá muito as receitas financeiras russas, mas também a oferta destes produtos no mercado global. Seus preços, que já estavam elevados, subirão mais. Isso aumentará a inflação e os juros, reduzindo o crescimento econômico global.
Quais as opções para a Rússia? 1. Migrar transações para criptomoedas. Se acontecer, há risco de vários países banirem transações com criptos, o que poderia levar este mercado a desabar, com impactos secundários grandes em outros mercados, podendo causar crise financeira global;
2. Usar o SPFS, desenvolvido pela própria Rússia em 2014, quando se ameaçou, pela 1a vez, tirar a Rússia do SWIFT. Difícil porque, internacionalmente, quase ninguém o usa.
3. Usar o Sistema de Pagamentos Internacionais da China (CIPS), uma plataforma para compensação e liquidação de transações internacionais em yuans. Esta parece a alternativa mais provável.
Se acontecer, fortalecerá a moeda chinesa como instrumento de troca e reserva de valor, talvez a ponto de que ela rivalize com o dólar em alguns anos, o que era improvável.
Talvez, daqui a algumas décadas, olhem para esta semana como o início da construção da ordem geopolítica e financeira destas décadas e que ela seja muito diferente da das 3 últimas décadas.
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“Vou ficar em Kiev com meu povo, assim como minha família. Eles não nos querem na OTAN. Ninguém quer lutar por nós. Sou grato a todos os países que fornecem ajuda real, não apenas apoio moral” Volodymyr Zelensky, Presidente ucraniano. #guerra#ucrania#russia
Em resposta ao pedido dos EUA para evacuar Kiev, Zelensky disse que precisava de “munição, não uma carona”.
Impossível não se impressionar com sua coragem e patriotismo.
Ficam três perguntas:
1. Considerando que seus aliados da OTAN a deixaram na mão, ainda faz sentido para o povo ucraniano lutar pelo direito de soberania às custas da destruição do país e de muitas mortes de ucranianos?
Do ponto de vista russo, a expansão da OTAN - criada em 1949 para unir os países ocidentais, sob a liderança americana, contra um eventual ataque soviético - para suas fronteiras e zona de influência representa um risco inaceitável. #geopolitica#guerra
Será que se o México, o Canadá ou Cuba entrassem em uma aliança militar liderada pela Rússia ou pela China provavelmente os EUA também não considerariam isso um risco inaceitável?
A questão é que, atualmente, a Rússia se sente empoderada para redesenhar a geopolítica global mais a seu gosto por 3 razões: 1. Está com uma situação financeira folgada devido aos altos preços do petróleo e gás natural que tanto exporta.
E o Brasil com isso?
Como a invasão russa na Ucrânia mexe com a nossa vida, aqui no Brasil?
Para começar, a instabilidade dificulta o acesso ao petróleo e ao gás natural, elevando ainda mais os seus preços, que já subiram muito nos últimos anos. Prepare-se para pagar ainda mais quando for encher o tanque do carro.
Vai pagar mais caro também no supermercado porque Ucrânia e Rússia estão entre os maiores exportadores mundiais de trigo e milho.
Também vai cair a oferta global de fertilizantes, aumentando seus preços, o que vai acabar reduzindo produção de alimentos e aumentando o preço deles.
Esta não foi a primeira vez em que aviões militares chineses entraram na Zona de Defesa Aérea de Taiwan. No final de janeiro, a China chegou a colocar 54 aviões militares perto de Taiwan, com 39 aeronaves voando simultaneamente.
A grande diferença é o novo significado que esta invasão do espaço aéreo de Taiwan adquire após a invasão russa na Ucrânia e a aliança mais estreita da Rússia com a China.
Em meu post anterior sobre a invasão russa - não deixe de lê-lo caso ainda não o tenha lido - eu alertava que não seria surpresa se a China endurecesse o jogo com Taiwan e/ou Hong Kong, mas eu não imaginei que seria tão rápido.
A invasão da Rússia pela Ucrânia talvez venha a ser o evento mais transformador da ordem geopolítica global desde a Segunda Guerra Mundial, ou no mínimo, desde a Queda do Muro de Berlim, maior, por exemplo, que o 11 de setembro.
Do ponto de vista de Putin e de muitos russos, após a queda do muro de Berlim, o fim da União Soviética e o acordo nuclear da Rússia com os EUA, a Europa Ocidental e os EUA vêm expandindo sua zona de influência em direção à Russia, através da União Europeia e da OTAN.
A possibilidade de que a Ucrânia entrasse para a OTAN e, por consequência, que os EUA pudessem ter uma base militar lá representa para os russos, nas palavras do próprio Putin, o equivalente para os americanos de a Rússia montar uma base militar no México ou no Canadá...
Até 2016, os trabalhadores eram obrigados a contribuir para sindicatos e, anualmente, transferiam, dos seus bolsos, R$3,5 bilhões para controle dos sindicalistas.
Em 2017, com a aprovação da Reforma Trabalhista, isso mudou.
A contribuição aos sindicatos tornou-se opcional e os trabalhadores ganharam o direito de contribuir apenas para os sindicatos que acreditam que, realmente, prestam um serviço que justifique a contribuição.
Desde então, o valor que os trabalhadores transferem aos sindicatos caiu para R$65 milhões. Os trabalhadores passaram a ter R$3,5 bilhões a mais por ano para gastarem como bem entenderem.
Com a queda de seus recursos, alguns sindicatos fecharam; outros se consolidaram.