Quem vê o noticiário da imprensa brasileira, carregado de apelo à emoção e loas à "democracia soberana" da Ucrânia, dificilmente associaria a nação do leste europeu ao mesmo país que se tornou referência máxima da extrema-direita bolsonarista.

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Em meio à tentativa de inflamar a extrema-direita para sair às ruas em apoio ao governo de Jair Bolsonaro e intimidar o Supremo Tribunal Federal, os ativistas utilizaram a Ucrânia como modelo de radicalização ideal a ser seguido pela extrema-direita no Brasil.

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Até mesmo bandeiras do Pravyi Sektor (Setor Direito) começaram a aparecer nas manifestações bolsonaristas. O Pravyi Sektor é uma organização paramilitar neonazista que ajudou a perpetrar o golpe de Estado de 2014 na Ucrânia.

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A extremista Sara Winter foi uma das primeiras a exortar a ucranização do Brasil. Ela chegou a tentar criar uma milícia armada em Brasília, denominada "300 do Brasil", mas acabou sendo presa após liderar um ataque ao STF.

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Sara Winter recebeu treinamento na Ucrânia em 2012. Sua alcunha deriva de Sarah Winter, militante nazista da Inglaterra que serviu como espiã para Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial. À época, Sara ostentava uma cruz de ferro (símbolo nazista) no peito.

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Sara foi representante no Brasil do grupo ucraniano Femen, financeiramente apoiado pelo bilionário estadunidense Jed Sunden, um dos financiadores do Euromaidan. O treinamento lhe rendeu a simpatia de Olavo de Carvalho, que elogiou o "grau europeu de coragem" de Sara.

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O deputado Daniel Silveira, conhecido por intimidar professores e jornalistas e por quebrar a placa de Marielle Franco, também exortou a ucranização do Brasil. Ele foi preso pouco tempo depois, logo após publicar um vídeo elogiando o AI-5 e ameaçando os ministros do STF.

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O youtuber Allan dos Santos, que também teve sua prisão decretada por disseminar notícias falsas e incitar atos antidemocráticos, demonstrou apoio à causa citando a revolução colorida de Hong Kong, igualmente apoiada por grupos paramilitares ucranianos.

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Igualmente implicado na investigação sobre as fake news, condenado por ataques dirigidos contra Leonardo Boff e vinculado à retórica inflamatória da extrema direita, o blogueiro Bernardo Küster, somou-se ao coro.

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Oswaldo Eustáquio, outro blogueiro bolsonarista preso por envolvimento com fake news e atos antidemocráticos, não apenas externou seu endosso à ucranização como ajudou a recrutar voluntários para a iniciativa.

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O ex-juiz Sergio Moro também não poupou elogios à nação europeia, chegando a sugerir que o Brasil adotasse o mesmo princípio de subordinação do sistema judiciário às forças externas, seguindo os passos da Ucrânia após o golpe de 2014.

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A revolução colorida denominada Euromaidan derrubou o governo pró-Rússia de Viktor Yanukovich e possibilitou a ascensão de um regime neofascista subordinado a Washington, sustentado pela ação de grupos paramilitares neonazistas financiados pela CIA.

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Organizações neonazistas como o Batalhão de Azov e Pravyi Sektor ganharam status de regimentos oficiais do governo ucraniano e são utilizados desde então para reprimir os opositores e as minorias étnicas (sobretudo russas) na região de Donbass. 13 mil pessoas já morreram.

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O regime neofascista proibiu os partidos de esquerda, assassinou líderes de movimentos sociais, reabilitou nazistas como heróis nacionais e mantém um política de incentivo à militarização e a naturalização do ideário neonazista na sociedade ucraniana.

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Com a consolidação do regime neofascista, a Ucrânia se converteu em um polo internacional de treinamento e radicalização da extrema-direita. Suas milícias neonazistas concentram voluntários de dezenas de países, incluindo o Brasil.

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Diversas das centenas de células neonazistas que se multiplicaram no Brasil nos últimos anos possuem vínculos com organizações neonazistas ucranianas.

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A princípio, a mídia brasileira denunciou a influência do ideário neonazista nas organizações paramilitares ucranianas, tendo como foco a crítica ao discurso bolsonarista da "ucranização".

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Reconheceu inclusive o fato de que o crescimento de tais grupos preocupava o governo russo, onde organizações como Batalhão de Azov e Pravyi Sektor são banidos como terroristas.

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Desde o início do conflito Rússia-Ucrânia, entretanto, a imprensa brasileira, subserviente à Casa Branca, tenta reescrever a história, transformando o regime neofascista em uma "democracia soberana" e rebaixando suas próprias críticas ao status de fake news.

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Mar 3
A Rússia está avisando com antecedência os locais que serão submetidos a ataques, informando inclusive o nome das instalações que serão atacadas, dando tempo hábil para evacuação e garantindo estradas seguras para o deslocamento de civis.

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Quase não fez campanhas de bombardeios, priorizando as incursões por terra, que são mais arriscadas para suas tropas, mas trazem mais segurança aos civis. Disponibilizou também suas equipes médicas para resgatar e atender civis ucranianos.

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A Rússia tem capacidade militar suficiente para devastar a Ucrânia em um dia. Optou por fazer uma intervenção que reduza os riscos à população ucraniana. Ao contrário dos EUA que bombardeiam um país até não existir mais um prédio em pé para então mandar tropas terrestres.

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Mar 2
Não é fácil a vida do empresário ucraniano. Vocês lembram do caso do Shopping Gorodok, em Kiev? O coitadinho do proprietário sofreu um ataque hacker e algum malvado projetou uma suástica na escadaria de led bem na véspera de uma passeata de neonazistas com tochas na cidade!

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Teve tb o caso do Café Essco, em Tchernivtsi, oeste da Ucrânia. O café, situado em uma antiga sinagoga, lançou um novo logotipo pra lembrar o efeito energizante da bebida, mas por pura coincidência o símbolo ficou idêntico à insígnia rúnica da SS - a tropa paramilitar nazista!

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Somente depois que tinham estampado o logotipo da SS no menu, nas sacolas, na porcelana, na fachada, nas embalagens os proprietários notaram que era inadequado e foram cancelados, tadinhos.

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Read 13 tweets
Mar 2
Nazismo com glamour: pouco tempo após o início dos conflitos armados entre ultranacionalistas ucranianos e minorias russas pós-Euromaidan, a revista francesa de moda Elle publicou uma matéria especial sobre Victoria Zaverukha, uma miliciana ucraniana.

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A miliciana de 19 anos foi apresentada pela Elle como a "Joana d'Arc da Ucrânia" e enaltecida como uma guerreira dos "comitês de auto-defesa" contra o "autoritarismo russófilo". Victoria, na verdade, integrava o Batalhão de Aidar.

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O Batalhão de Aidar é uma organização paramilitar neonazista financiada e armada pela CIA e posteriormente integrada ao Ministério da Defesa da Ucrânia. O grupo é acusado de cometer diversas atrocidades e crimes de guerra contra a minoria russa de Donbass.

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Read 14 tweets
Mar 1
Nenhuma outra região do planeta tem um histórico tão longo de intervenções operadas pelos Estados Unidos quanto a América Latina.

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Desde o século XIX, os países latino-americanos foram submetidos a uma série de guerras, invasões, desmembramentos territoriais, colonização, operações de mudança de regime, imposição de ditaduras, massacres, genocídios, ações de espionagem, sabotagem,...

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desestabilização de governos e corrupção das instituições. Os Estados Unidos nunca esconderam o fato de que se atribuem um direito natural de explorar e intervir na América Latina para assegurar seus interesses sempre que necessário.

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Mar 1
Guia de esquerda para saber qual lado apoiar em um conflito (e não pagar mico falando em "disputas interimperialistas entre OTAN e Rússia") segundo @ItsStillMaoCena

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- Fascistas: jamais apoiar
- Burguesia imperialista: apoiar somente contra fascistas
- Burguesia nacional: apoiar contra a burguesia imperialista ou fascistas
- Revolucionários/trabalhadores socialistas: apoiar contra todos os anteriores

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Exemplos:

- O conflito Ucrânia-Rússia é uma disputa entre neofascistas ucranianos (jamais apoiar) respaldados pela burguesia imperial estrangeira (EUA/OTAN) contra a burguesia nacional (Rússia) -> logo, deve-se apoiar a Rússia.

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Feb 28
Uma matéria da agência de notícias russa Sputnik publicada em 29 de abril de 2016 critica a União Europeia por omitir-se sobre o processo de nazificação em curso na Ucrânia desde a revolução colorida do Euromaidan e o golpe de Estado de 2014.

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A matéria cita como exemplo do processo de nazificação o fato de que as autoridades ucranianas estão organizando celebrações para comemorar o aniversário de criação da 14.ª Divisão de Granadeiros da Waffen SS Galizien, a chamada Divisão Galícia (ou Divisão Galega).

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As celebrações tiveram início na cidade de Lvov, mas logo se espalharam por todo o país, incluindo a capital, Kiev. Todos os anos, no dia 28 de abril as cidades ucranianas organizam paradas e festividades para celebrar a fundação da Divisão Galícia.

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