Há 284 anos, em 19/03/1738, nascia o revolucionário peruano Túpac Amaru II. Descendente da linhagem imperial inca, Túpac liderou a maior insurreição anticolonial das Américas, responsável por mobilizar mais de 100 mil indígenas contra o império espanhol e a escravidão.
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Batizado José Gabriel Condorcanqui, adotou o nome de Túpac Amaru II em homenagem ao seu bisavô — Túpac Amaru, último imperador inca, executado em 1572 por conduzir uma revolta contra o domínio espanhol.
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Descendente da nobreza inca, Túpac herdou terras, cabeças de gado e um plantel de mulas utilizadas no transporte de mercadorias. Também herdou o título de cacique de Tungasuca, Surimana e Pampamarca, função que lhe granjeou enorme prestígio entre as comunidades indígenas.
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Egresso de um colégio jesuíta, Túpac ingressou na Universidade de San Marcos, onde estudou a colonização espanhola e teve contato com as ideias iluministas de Voltaire e Rousseau, que ajudaram a ampliar sua percepção crítica acerca da injustiça colonial.
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Após destruírem o Império Inca e dizimarem boa parte das comunidades indígenas, os espanhóis submeteram os nativos à mita — regime de trabalho compulsório análogo à escravidão. A exploração era particularmente brutal nas minas de prata e mercúrio de Potosí e Huancavelica.
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Os indígenas eram forçados a se deslocarem para as regiões mineradoras, onde viviam em condições extremamente insalubres. Escravos oriundos da África também eram utilizados nas minas peruanas em menor proporção.
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Para além da exploração das comunidades indígenas, as mudanças introduzidas nas colônias espanholas pelos Bourbon causaram grandes prejuízos às camadas médias — a chamada "elite criolla", i.e., descendentes de espanhóis nascidos na América.
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A criação dos vice-reinos de Nova Granada e Rio da Prata resultou no fim do monopólio comercial de Lima, ao passo que a reforma fiscal provocou um forte aumento de tributos. Somava-se ao quadro o descontentamento com a atuação autoritária dos corregedores.
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Respaldado por indígenas e criollos, Túpac assumiu a liderança do movimento em prol da reforma da administração colonial. Encaminhou aos tribunais de Lima uma petição solicitando o fim do trabalho compulsório dos indígenas nas minas, mudanças no regime fiscal...
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... e a substituição do corregedor por prefeitos eleitos. Ignorado, voltou a contatar as autoridades coloniais em Tinta e Cusco, também sem sucesso. Decidiu, então, partir para uma ação mais enérgica, mobilizando as lideranças indígenas em prol de uma insurreição.
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Em 4/11/1780, o corregedor Antonio de Arriaga, infame pelo tratamento dispensado aos ameríndios, foi capturado e enforcado por um grupo de nativos sublevados. Túpac convocou indígenas, mestiços e negros a lutarem contra a dominação espanhola, iniciando a Grande Rebelião.
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Os rebeldes saquearam depósitos e arsenais e distribuíram as armas entre os indígenas. A identificação de Túpac como descendente da linhagem imperial inca facilitou a adesão dos caciques. A rebelião ultrapassou as fronteiras do vice-reino, chegando à Bolívia e à Argentina.
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Em pouco tempo, o exército revolucionário já contava com dezenas de milhares de soldados. Os indígenas marcharam pelo Peru obtendo sucessivas vitórias, tomando em pouco tempo as províncias de Quispicânchi, Tinta, Cotabambas, Calca e Chumbivilcas.
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Tropas coloniais despachadas por Cusco tentaram debelar o levante, mas sofreram uma fragorosa derrota na Batalha de Sangarará. O exército de Túpac marchou por mais de 1.500 quilômetros, angariando em seu ápice mais de 100 mil combatentes.
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À medida em que avançavam, os revolucionários atacavam as propriedades dos colonizadores, destruíam campos de trabalho forçado, libertavam indígenas e negros escravizados e distribuíam para os populares os bens dos colonizadores e fundos do erário real.
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Preocupada com o impacto da libertação dos escravos para os seus negócios, a elite criolla retirou o apoio inicial que dera ao movimento. O rei Carlos III, por sua vez, ordenou o envio de uma gigantesca expedição para debelar o levante indígena.
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Ciente dos reforços enviados por Madri, Túpac adiantou a operação militar contra Cusco, antiga capital do Império Inca. Em dezembro de 1780, 40 mil rebeldes iniciaram a investida ao norte de Cusco, na região de Cerro Picchu.
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A batalha se estendeu por uma semana, mas as tropas espanholas, armadas com canhões e protegidas pelas fortificações de Cusco, obrigaram Túpac a recuar. Após receberem um reforço de 17 mil soldados, as tropas espanholas iniciaram uma campanha para esmagar a rebelião.
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Traído por 2 de seus oficiais, o exército de Túpac foi cercado em abril de 1781 e sofreu uma derrota decisiva. Túpac foi capturado e enviado a Cusco. O líder indígena foi torturado por 35 dias para que revelasse o nome dos outros líderes, mas manteve-se calado até o fim.
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Túpac Amaru II foi condenado a morte e sofreu uma execução cruel. O líder indígena foi forçado a presenciar a tortura e a execução de sua mulher, de seus filhos e amigos. Depois, teve seus membros atados a quatro cavalos dispostos em direções opostas para ser desmembrado
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Ainda vivo após a tentaiva de desmembramento, Túpac foi decapitado. Sua cabeça foi cravada em uma lança e exposta à execração pública. Seu corpo foi esquartejado e as partes foram enviadas às províncias que o exército revolucionário havia conquistado.
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A rebelião indígena ainda prosseguiu por mais 2 anos em duas frentes distintas, comandadas por Túpac Katari e Diego Cristóbal, até ser finalmente debelada em 1783. Milhares de indígenas foram mortos durante a repressão perpetrada pelas autoridades coloniais.
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Túpac Amaru II converteu-se no símbolo máximo da resistência indígena à opressão colonial e inspiração de movimentos emancipacionistas e gerações de líderes revolucionários e anti-imperialistas que o sucederam, de Simón Bolívar a Che Guevara.
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O navio-patrulha russo "Vasily Bykov" reapareceu intacto nesse domingo navegando nas águas do Mar Negro, a caminho do Porto de Sebastopol na Crimeia. As Forças Armadas da Ucrânia alegaram ter destruído a embarcação no dia 7 de março.
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Em um comunicado oficial, a Ucrânia disse ter realizado "uma operação brilhante e única na história militar mundial", ressaltando o "pioneirismo" do uso de lançadores de foguetes para "afundar" a embarcação. A imprensa estadunidense repercutiu a informação com euforia.
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Replicando acriticamente e sem qualquer checagem as informações oriundas das agências ocidentais, a mídia brasileira também contribuiu para espalhar a "fake news". Em portais militares, especialistas formados no Youtube ressaltavam a genialidade da emboscada e da artilharia.
A jornalista e correspondente de guerra Anne-Laure Bonnel (@al_bonnel) surpreende os âncoras do canal de televisão francês CNews ao revelar que os ataques aos civis no leste da Ucrânia estão sendo perpetrados pelo exército ucraniano.
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@al_bonnel Anne-Laure Bonnel produziu o documentário "Donbass", de 2016, registrando o massacre perpetrado pelo regime ucraniano contra as minorias russófonas do leste do país. O documentário pode ser visto no Youtube com legendas em espanhol e inglês.
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@al_bonnel A jornalista francesa viralizou recentemente com um desabafo sobre a campanha de desqualificação que sofreu na mídia francesa, a invisibilização dos ataques ucranianos aos civis de Donbass e à parcialidade da cobertura midiática.
Militares ucranianos continuam impedindo a saída de civis de Mariupol, visando usá-los como escudos humanos. Nesse vídeo, gravado em uma estrada vicinal nos arredores da cidade, soldados ucranianos bloqueiam a saída de veículos e alvejam um civil que tenta resistir à agressão.
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O Centro Nacional de Gerenciamento de Defesa da Rússia estima que 130 mil civis ucranianos e ao menos 184 estrangeiros estejam sendo mantidos reféns por militares ucranianos. Diariamente, c. 235 civis são executados por tentarem deixar a cidade.
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As Forças Armadas da Rússia estabeleceram corredores humanitários e ajudaram a evacuar mais de 300 mil civis na região. Somente nos últimos três dias, quase 60 mil civis foram removidos de Mariupol por militares russos.
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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, anunciou neste domingo, 20 de março, a suspensão das atividades de 11 partidos políticos que fazem oposição ao seu governo — quase todos de esquerda. Zelensky justificou a decisão afirmando que as agremiações seriam "pró-Rússia".
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A suspensão atinge o maior partido de oposição a Zelensky — a agremiação de centro-esquerda "Plataforma de Oposição - Pela Vida", que detém 44 das 423 cadeiras no Parlamento e controla 230 dos 1.780 oblasts regionais.
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Também foram suspensos o Partido Socialista da Ucrânia, a União das Forças de Esquerda e o Partido Socialista Progressista, entre outros. Partidos neonazistas e organizações que operam forças paramilitares como Svoboda, Pravyi Sektor e Corpo Nacional, seguirão atuando.
Depois de oito anos seco, o Canal da Crimeia está novamente vertendo água. O fluxo do canal havia sido interrompido pela Ucrânia desde 2014, mas as Forças Armadas da Rússia assumiram o controle do sistema hídrico e implodiram a barragem que bloqueava a água.
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Reagindo ao golpe de Estado de 2014 e à ascensão do governo neofascista pós-Euromaidan, a população da Crimeia exigiu a separação da Ucrânia e manifestou em referendo o desejo de se unir à Rússia. O governo russo aprovou a anexação e enviou tropas para ocuparem a Crimeia.
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Como retaliação, a Ucrânia construiu uma barragem na região de Kherson para bloquear o fluxo de água do Canal da Crimeia ainda em 2014. O canal desvia água do Rio Dniepre em direção à península da Crimeia e responde por 85% da água consumida pelos crimeios.
O erro basilar desse comentário é idêntico ao que se vê nas análises toscas e rasas da imprensa liberal/pró-atlantista: a tentativa de reduzir o conflito Rússia x Ucrânia a uma briga de Putin com Zelensky. Tratar uma disputa do sistema imperialista como fosse briga de bar.
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Não é Putin que está brigando com Zelensky. É o sistema imperialista, atlantista, que está tentando eliminar o obstáculo representado por uma potência militar não alinhada. É uma guerra por procuração insuflada há anos pelos EUA e seus aliados na OTAN.
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Essa guerra não se limita a Rússia. Inclui também a China, que passa pelo mesma tentativa de isolamento e demonização, com direito até mesmo a um genocídio fabricado pela mídia e revolução colorida no Cazaquistão, na fronteira com o problemático território de Xinjiang.
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