Há 100 anos, em 25/03/1922, era fundado em Niterói o Partido Comunista do Brasil — o antigo PCB. A agremiação teve atuação relevante no processo de articulação da classe trabalhadora e dos movimentos sociais brasileiros ao longo de boa parte do século XX.
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O partido enfrentou diversas crises e cisões que levaram ao surgimento de novas agremiações e a reformulações de seu programa. Desarticulado pela ditadura, a agremiação foi extinta em janeiro de 1992. Seu registro eleitoral foi herdado pelo PPS (atual Cidadania).
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O partido serviu de matriz a diversas organizações. Tanto o PCdoB (instituído em 1962) quanto o novo PCB (fundado em 1993) consideram-se seus legítimos sucessores.
O partido surgiu em meio ao incipiente processo de organização política dos trabalhadores brasileiros.
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Inicialmente organizado em torno das lideranças anarquistas, — responsáveis por articular a greve geral de 1917 e as primeiras associações sindicais — o movimento operário ganhou novo influxo após o triunfo da Revolução de Outubro e a criação da Internacional Comunista.
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Em 25/03/1922, organizou-se em Niterói o congresso de fundação do Partido Comunista do Brasil. Astrojildo Pereira, Abílio de Nequete, João da Costa Pimenta e Cristiano Cordeiro estiveram entre os fundadores.
Apenas três meses depois, o partido foi posto na ilegalidade.
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Atuando clandestinamente, o partido buscou adequar seu programa às determinações da Internacional Comunista e lançou o jornal "A Classe Operária". Após reconquistar a legalidade em 1927, o partido elegeu Azevedo Lima como deputado, mas voltou à ilegalidade meses depois.
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Seguiu, entretanto, participando da política institucional, utilizando o avatar Bloco Operário-Camponês (BOC), por meio do qual elegeu Minervino de Oliveira e Octavio Brandão para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro. O PCB recuperou a legalidade em 1930.
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Ainda em 1930, o partido recusou apoio ao movimento de Vargas, considerando-o mero preposto de outras oligarquias. Em 1931, obedecendo à determinação de Moscou, incorporou aos seus quadros o revolucionário Luís Carlos Prestes, que se tornaria seu dirigente mais conhecido.
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Visando contornar uma nova cassação de seu registro em 1933, o PCB passou a utilizar a legenda União Operária e Camponesa. Vinculou-se no mesmo período à Aliança Nacional Libertadora (ANL), frente antifascista que fazia oposição ao integralismo e a Getúlio Vargas.
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Em 1935, ANL e PCB organizaram o Levante Comunista — tentativa de sublevação dos militares nos estados do RN, PE e RJ. O movimento foi debelado e os comunistas submetidos a severa repressão, com prisão, tortura e assassinato de vários dirigentes e militantes do partido.
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Malgrado as circunstâncias, o partido prosseguiu clandestinamente com as atividades e chegou a enviar combatentes para as Brigadas Internacionais durante a Guerra Civil Espanhola. O partido se reorganizou durante Conferência da Mantiqueira, realizada em agosto de 1943.
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Com a redemocratização em 1945, o PCB recuperou a legalidade e seus dirigentes e militantes foram anistiados. A legenda logrou se reposicionar como um partido de massas, chegando a agregar mais de 200 mil filiados, obtendo o epíteto de "Partidão".
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Nas eleições de 1945, o PCB obteve 10% dos votos, elegendo Prestes como senador e outros 17 deputados constituintes, incluindo o escritor Jorge Amado. No pleito municipal de 1946, elegeu centenas de vereadores e bancadas expressivas em cidades de grande e médio porte.
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O incremento do poder político do partido alarmou o governo e em 1947 o PCB teve seu registro cancelado. No ano seguinte, todos os parlamentares do partido tiveram seus mandatos cassados. De volta à clandestinidade, o PCB voltou-se à organização dos movimentos no campo.
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Marcado por críticas ao governo de Stalin feitas por seu sucessor, Nikita Kruschev, o XX Congresso do Partido Comunista da URSS teria profundas consequências sobre o PCB, submetendo a agremiação a uma série de disputas internas que levariam a um processo de cisão.
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Em 1958, o PCB lançou a Declaração de Março, abandonando a defesa da revolução armada em favor da "transição pacífica para o socialismo". Dois anos depois, iniciou uma campanha em prol de sua legalização e alterou seu nome para "Partido Comunista Brasileiro".
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Discordando das novas diretrizes do PCB e do processo de desestalinização da URSS, uma dissidência interna liderada por João Amazonas e Maurício Grabois optou por deixar o partido em 1962 e retomou a antiga denominação "Partido Comunista do Brasil", dando origem ao PCdoB.
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Em meio à crise interna, o PCB buscou se aproximar dos nacionalistas, firmou alianças com líderes da "burguesia progressista" e passou a defender as reformas de base de João Goulart. Com o golpe militar de 1964, o PCB seria novamente posto na clandestinidade.
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A recusa do PCB em aderir à luta armada resultou na criação de vários grupos dissidentes (ALN, POLOP, MR8, PCBR) e na saída ou expulsão de ícones dopartido como Carlos Marighela, Joaquim Câmara Ferreira, Apolônio de Carvalho, Mário Alves e Jacob Gorender.
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Mesmo recusando-se a aderir à luta armada e privilegiando a atuação legal no interior do MDB, o PCB foi severamente reprimido durante os Anos de Chumbo. Um terço dos membros do Comitê Central foram assassinados, bem como vários de seus militantes
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Com a desarticulação do PCB, o movimento sindical se reorganizaria em torno do Novo Sindicalismo, sob a liderança de Lula, que ensejaria a criação de um novo polo aglutinador das forças da esquerda — o Partido dos Trabalhadores (PT).
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Fragmentado pelas divergências internas, o PCB mergulhou em uma crise irreversível após a saída de Prestes, que acusou a legenda de se tornar um partido "dócil aos objetivos do regime ditatorial". Com a saída de Prestes, Giocondo Dias assumiu o cargo de secretário-geral.
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De volta à legalidade em 1985, o partido não conseguiu reestabelecer uma estratégia de reinserção na nova ordem política. Renunciou a quaisquer resquícios do programa socialista e converteu-se em uma legenda a reboque do PMDB.
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A queda do Muro de Berlim e a dissolução da URSS agravaram ainda mais a crise no partido, conferindo proeminência ao grupo dos liquidacionistas liderados por Roberto Freire, Rodolfo Konder e Jarbas de Holanda, que propunham o rompimento com o ideário socialista.
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No X Congresso do PCB, realizado em 1992, as lideranças liquidacionistas lograram obter a maioria de votos em prol da dissolução da legenda. O PCB foi oficialmente extinto e deu lugar ao PPS (atual Cidadania), que herdou seu registro eleitoral e seu patrimônio.
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Acusando Freire de articular um golpe, os correligionários contrários à dissolução do partido recorreram à Justiça Eleitoral para obter o direito de manter o nome da legenda extinta, dando origem ao novo PCB, cujo registro eleitoral definitivo foi obtido em maio de 1996.
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Um nativo americano do povo Sioux fotografado em frente ao Monte Rushmore. Dakota do Sul, Estados Unidos, junho de 1957. O monumento com os rostos de quatro presidentes estadunidenses foi esculpido sobre uma montanha sagrada para os indígenas — a Montanha dos Seis Avôs.
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Considerado um dos monumentos mais famosos dos EUA, o Monte Rushmore atrai mais de dois milhões de visitantes anualmente, que vão até o local para observar os rostos de George Washington, Thomas Jefferson, Theodore Roosevelt e Abraham Lincoln gravados sobre a rocha.
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Muito antes da inauguração do monumento, entretanto, a imponente montanha de granito já era um importante ponto de peregrinação, visitado pelas culturas ameríndias que habitavam a região de Black Hills, nas Grandes Planícies.
Retrato de Nadejda Krupskaya, pedagoga, revolucionária bolchevique e esposa de Lenin. Nadejda foi figura central no esforço pela erradicação do analfabetismo e na construção do sistema educacional da União Soviética.
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Nadejda nasceu em São Petersburgo em 26 de fevereiro de 1869. Frequentou o ginásio até os 14 anos, interrompendo os estudos após a morte do pai. Posteriormente, cursou pedagogia e, já graduada, começou a lecionar para operários em uma escola dominical noturna.
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Tornou-se admiradora das ideias filosóficas de Tolstói e teve seus primeiros contatos com o marxismo, passando a frequentar círculos clandestinos de estudos socialistas. Nadejda conheceu Lenin em uma dessas reuniões, em 1894.
Hoje na história: há 23 anos, em 26 de março de 1999, as delegações da Rússia, Bielorrússia e Índia apresentavam uma resolução no Conselho de Segurança da ONU tentando impedir a OTAN de bombardear a Iugoslávia.
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O bombardeio da Iugoslávia havia começado dois dias antes por iniciativa dos Estados Unidos e das potências europeias. Alegando "razões humanitárias", a OTAN atacou alvos civis, incluindo estações de televisão, redes de energia elétrica e sistemas de abastecimento hídrico.
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Dos 15 países que compunham o Conselho de Segurança da ONU, somente Rússia, China e Namíbia votaram pelo fim dos bombardeios. 12 países votaram a favor do ataque: EUA, Reino Unido, França, Países Baixos, Canadá, Eslovênia, Malásia, Gâmbia, Gabão, Brasil, Argentina e Bahrein.
O magnata da mídia brasileira Roberto Marinho recepciona oficiais das Forças Armadas na sede do jornal O Globo. Recompensado com apadrinhamento e múltiplas concessões por seu apoio irrestrito à ditadura militar, Marinho construiu um dos maiores impérios midiáticos do mundo.
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Os Marinho são a família mais rica do Brasil, com um patrimônio calculado em mais de 150 bilhões de reais, administrado pelos filhos do patriarca — João Roberto, José Roberto e Roberto Irineu — e ampliado continuamente graças aos lucros anuais gerados pelo conglomerado.
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O império dos Marinho compreende a Rede Globo, 2ª maior emissora do mundo, e um vasto conjunto de empresas de mídia que garantem à família o controle sobre as informações consumidas pelo público, dando-lhe enorme influência sobre a percepção da realidade do povo brasileiro.
Não há qualquer diferença significativa entre a Wikipedia e qualquer veículo das grandes corporações de mídia. A Wikipedia é um aparelho ideológico instrumentalizado em favor dos valores liberais, capitalistas, pró-imperialistas, antipopulares como todo o resto da grande mídia.
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As pessoas erroneamente acreditam que o caráter voluntário conceda à Wikipedia alguma liberdade criativa. Na verdade não. Da mesma forma que as editorias conduzem o trabalho dos jornalistas, os voluntários são limitados, censurados e direcionados pelas diretrizes do projeto.
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Nos dois casos, a métrica é a mesma: a Globo vai reverberar o conteúdo liberal. A Wikipedia só vai repetir o conteúdo produzido por grandes corporações de mídia como a Globo. Quem contestar as regras é revertido, bloqueado, sancionado e eventualmente banido.
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A Wikipédia não é uma plataforma neutra e de fato está capturada por interesses políticos. A ingenuidade é acreditar que são ciristas que estão por trás disso. A Wikipédia é, literalmente, um aparelho ideológico a serviço de Washington dedicado ao controle da informação.
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Não são ciristas que estão fazendo lobby para remover DCM, Brasil247 e outros veículos de esquerda do rol de fontes fiáveis. São diretrizes impostas pela Wikimedia Foundation, que tem por objetivo restringir as fontes de informação permitidas à imprensa mainstream.
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