A conclusão da HQ / RPG experimental em câmera lenta.
< Silêncio >
< Trilha sonora: >
Escolha o jogador.
Você acorda num local desconhecido.
A última coisa que você lembra é do teleférico caindo.
Você tenta identificar algo na sua frente, mas parece que você não está enxergando direito.
Você está sentindo uma dor de cabeça insuportável.
Você quer:
Sucumbindo à tristeza, ao cansaço e à confusão, você senta e chora. Você se permite mergulhar no poder catártico e restau --
Uma voz trovejante interrompe seu processo. Você ainda não enxerga muito bem, mas as lágrimas estão limpando sua vista.
Um homem gigante está teclando freneticamente num computador, falando com você sem olhar na sua direção.
Você pergunta:
Você finalmente percebe o novo braço. Tudo parece novo e cheio de possibilidades. Você tenta entender a situação.
O gigante responde com um certo desprezo. Você estranha como ele fala no plural de você, mas logo esquece o assunto.
Você tem muitas perguntas, mas no momento só consegue pensar em como tudo teria sido mais fácil com esse braço.
Você pergunta:
Você resolve perguntar sobre a forma que o gigante está usando para falar de você.
O gigante respira fundo, e explica como alguém que está falando algo muito óbvio.
Você não tem a menor idéia do que diabos ele está falando.
Você pergunta:
Você resolve perguntar ao gigante quem ele é.
"Eu sou Galalau!", ele responde, entusiasmado. "Você quer ouvir a minha história? NINGUÉM conhece a minha história!"
"Eu sempre fui meio grandinho – minha vó dizia que eu era herdeiro de Golias – e eu morava num lugar chamado Gólgota."
"Uma noite eu ouço uma voz me chamando, dizendo: 'Bróder, chegaí. Me dá um helpzinho, bróder.' E eu fui."
"Eu cheguei numa caverna com uma pedra enorme na frente, e a voz dizia: 'A pedra, bróder. Tira essa pedra daí, mermão!'"
"E lá de dentro, que era um túmulo, saiu um cara super de boas que falou: 'Valew, bróde. Beijão, falow.' E foi embora."
"E acontece que aquele cara era, tipo, super importante. E tal."
"E ele chamou um monte de gente pra trabalhar com ele. E sabe como tem um cara, o São Pedro, que escolhe quem entra no Céu?"
"Eu era o São Galalau, e eu escolhia quem reencarnava. E eu levava meu trabalho muito à sério."
"Até que um dia o Chefe me chamou e me deu uma bronca, e falou que todo mundo podia voltar."
"E aí virou bagunça. Todo mundo encarnando, superpopulação. Gente demais no mundo inteiro. Bagunça."
"Resumindo toda uma história longa, eu acabei pedindo demissão."
Sorrindo, Galalau conclui: "E essa é minha história. Não é doida? Não sei porque ela não tá na Bíblia, coisa e tal".
Você aproveita o bom humor de Galalau pra perguntar:
Você espera um momento de silêncio para perguntar sobre você.
Galalau parece muito orgulhoso enquanto lhe conta.
"Bem, o Chefe tinha me mandado reencarnar o povo todo, tudo automático. Uma alma por corpo."
"E ao mesmo tempo, o mundo começou a ter sérios problemas, a grande maioria causados pela superpopulação."
"Foi então que eu juntei dois mais dois e descobri que pra salvar o mundo eu teria que hackear a reencarnação."
"Você entendeu? EU estou salvando o mundo. EU, GALALAU. VOU. SALVAR. O. MUNDO."
"E eu tive uma idéia: 'e se eu reencarno duas almas num corpo só?' Isso não deu certo MESMO, foi um grande erro."
"Eu tive bem mais sucesso com um grupo de almas no mesmo corpo. Quanto menos ego, mais o processo dava certo."
"E aí eu resolvi tentar com grupos enormes de almas. Cidades inteiras dentro de um só corpo. E o resultado foi incrível"
"Vocês são a prova disso. Fora uns efeitos colaterais, claro. Como essa demora que vocês têm pra reagir e tomar decisões."
"Ou como, frequentemente, vocês resolvem desistir do nada. Apagar a memória e começar do zero. Fazer as coisas fora de ordem."
"E eu nunca entendi essa fascinação bizarra por Legião Urbana, aproveitando toda oportunidade pra trollar com aquelas músicas."
"Bem, resumindo, vocês são umas 1.500 almas presas em um corpo, e vocês são o modelo do futuro da humanidade."
< Trilha sonora: >
Você reage:
Contra toda lógica você grita, em conflito, que acha Galalau um gênio.
Galalau debocha: "Ah, obrigado. Eu sei que não são todos vocês aí dentro que acham isso, mas obrigado mesmo assim".
"E vocês devem estar se perguntando sobre esse lugar. Você sabia que o Chefe não consegue ver no subterrâneo?"
"Antes de pedir demissão eu usei o escritório do Chefe pra fazer essa ilha aqui. Sob medida para o nosso experimento."
"Eu populei a ilha com uns 50 corpos, todos eles com umas 350 almas em média. Uns corpos incrementados, coisa fina."
"Em teoria a ilha era o máximo. Árvores fornecedoras de comida. Sol, sombra, salas e mais salas de recreação aqui embaixo."
"Na prática as coisas não deram tão certo assim. Vocês não lidaram muito bem com o esquema todo. Vocês todos piraram."
"Teve até um povo que começou a cultuar uma cobra como um deus ou algo assim. Coisa de pinéu."
"Com esses corpos que eu descolei, ao invés de morrer vocês resetavam, tinham amnésia e começavam de novo. Deu merda."
Galalau começa a gargalhar: "Caramba, como vocês são idiotas."
Ele aponta pra você e diz: "E eu estava pronto pra desistir, até VOCÊ aparecer aqui e me dar a solução pro projeto todo."
Lhe ocorre que tem algo que falta perguntar para Galalau. Algo muito importante.
E você pergunta:
< A resposta a este twit com mais likes será a pergunta escolhida >
Você pergunta: "Por favor, me diga se Eduardo e Monica estão bem?"
< Obrigado, @vino_cipolotti >
Mas Galalau parece não saber de quem você está falando. Ele diz: "Até onde eu sei, você é o último corpo vivo na ilha".
"Quer saber a única coisa que liberta as almas desses corpos aí? Danos ao crânio. Por isso eu remendei a sua cabeça."
"Aliás, foi pensando em como vocês chegaram aqui sem a ajuda de mais ninguém que eu tive a idéia de como solucionar tudo."
"Eu percebi que o problema não é a quantidade de almas dentro de um corpo, mas da qualidade delas, se são um grupo coeso."
"Então eu inventei um algoritmo que faz a triagem, à partir das vidas anteriores, de que almas têm que ir junto de quais."
"As pessoas serão compostas de grupos que não se desafiam, por isso nunca nem perceberão que existe mais de uma alma lá dentro."
"Uma solução tão genial que eu nem vou propor à direção pra implementar. Vou implementar à força e pedir desculpas depois."
"Assim que eu apertar esse botão, todos os bebês do mundo vão nascer com mais de 200 almas enfiadas lá dentro. Não é incrível?"
"E eu esperei você acordar pra ter uma testemunha do exato momento em que eu, Galalau, salvarei o mundo..."
Escolha o jogador:
Você escolheu Mônica.
Assim que Mônica se separou de você, ela percebeu pelo calor que algo estava muito errado com o motor.
Mônica se apressou pelo corredor, evitando as chamas.
E ela subiu as escadas o mais rápido que pode, antes que as explosões começassem.
Mônica fechou a escotilha para se afastar do fogo, e se entranhou nas pedras procurando uma saída da caverna desmantelada.
Se movendo para o sul, Mônica viu uma pequena fenda ao longe.
Ainda rumo ao sul, a fenda se aproxima. É a saída da caverna.
Mônica sai da caverna. Ela percebe que a topografia da ilha mudou depois do maremoto. Ainda há muito o que redescobrir.
Mônica se move na direção:
Mônica se move para o sul, onde encontra o fim da ilha, um pequeno banco de areia e um remo quebrado. A maré baixa mudou o desenho e o relevo da ilha.
Mônica se move na direção:
Tentando se mover na direção nordeste, Mônica primeiro avança para o leste, onde não há nada.
Indo para o norte, Mônica encontra um pedalinho que, estranhamente, a ressaca trouxe para a ilha.
Mônica então se move na direção: