Thread by @wen_di_yu

A gente fala muito que o governo do PT reduziu as desigualdades no Brasil, mas às vezes não tem dimensão do quanto. A ex-ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, organizou um estudo incrível sobre isso: http://209.177.156.169/libros/Faces_da_desigualdade_no_brasil.pdf

Nessa thread, vou pegar alguns dos dados do estudo da Tereza Campello que mais me chamam a atenção. Vou organizar pelas partes do livro.

Primeiro: a extrema pobreza no Brasil caiu de 8,2% pra 3,1% entre 2002 e 2015. A pobreza caiu de 23,6% para 8,3%, nesse mesmo período.

Sobre educação:

O total da população de 15 a 17 anos que frequenta ensino médio no tempo considerado correto foi de 40,8% pra 57,9% entre 2002 e 2015. Entre os 5% mais pobres, foi de 10,7% pra 39%. No recorte racial, entre jovens negros o número cresceu 117% no período.

Mais que isso, cresceu 268% o número de jovens negros entre 18 e 24 anos na universidade no mesmo período. E, pelo recorte regional, no NE aumentou em 142% o acesso à universidade entre os jovens dessa faixa-etária, e no Norte em 197%.

O número de pais e mães de famílias com fundamental completo, entre os 5% mais pobres, subiu de 6,8% em 2002 pra 30,3% em 2015. No total da população, foi de 36,9% pra 54,4%. Entre as famílias negras, o número aumentou 207%. Esse fator impacta inclusive na mortalidade infantil

Infraestrutura:

Água é um direito humano fundamental, né? Em 2002, 88,6% da população brasileira tinham acesso à água, e 95% em 2015. Mas entre os 5% mais pobres menos de 50% tinha água em 2002! Em 2015, já eram 76%. No Norte e NE, isso significou 10 milhões de famílias a mais.

Em relação às famílias negras, o acesso à água cresceu 59%, o que significam mais de 38 milhões de pessoas atingidas.
68,1% da população e 23,9% dos 5% mais pobres tinham esgoto em 2002, contra 80,6% e 51,1%, respectivamente, em 2015.

Continua absurdo, mas era bem pior.

Entre 2002 e 2015, praticamente universalizamos o acesso à energia elétrica. Em 2002, 96,7% da população total já tinha acesso. Mas a situação não era a mesma se recortamos por renda. Com o Luz Para Todos, conseguimos reduzir drasticamente a desigualdade de acesso.

O número de famílias morando em casas precárias (sem paredes de alvenaria ou madeira), caiu, entre os 5% mais pobres, de 16,1% para 7,5%. O Minha Casa Minha Vida entregou quase 2 milhões de casas, 85% delas chefiadas por mulheres, 70% das famílias com renda de menos de R$800/mês.

(O Minha Casa Minha Vida priorizar mulheres como titulares é um fato importantíssimo. A casa fica com a mulher em caso de separação. Isso dá segurança às mulheres e ajuda a evitar a situação muito comum de não saírem de relacionamentos abusivos por medo de não terem para onde ir)

Consumo:
Eu costumava criticar o PT por buscar combater a desigualdade por meio do consumo. Dizia que tentavam distribuir renda jogando mais capitalismo no problema. Dá pra ver pelos dados que não foi bem assim, mas mesmo no que diz respeito ao consumo, é mais complexo que isso.

Mesmo que a gente não leve em conta a obviedade de que pobre também tem direito de consumir, tem um caso exemplar de que o acesso a bens de consumo é uma questão muito mais complexa do que apenas "se render ao capitalismo pipipipopopo": a geladeira.

Em 2002, só 44,1% dos 5% mais pobres tinham geladeira. Em 2015, eram 91,2%. São 24 milhões de famílias. A geladeira pode fazer toda a diferença pra uma família. Evita contaminação alimentar e permite planejar melhor como gastar o dinheiro com comida, já que se pode guardá-la.

Tudo isso traz uma coisa importante sobre o governo do PT: hoje ainda se está longe da ideal, mas também está longe do que era antes. eram mudanças obviamente necessárias, mas ninguém mais as fez. o pt, com políticas públicas, agiu concretamente pra reduzir as desigualdades.

Programas como o Bolsa-Família, Fome Zero, Luz Para Todos, Minha Casa Minha Vida, cotas, ProUni, e tantos outros, atacados pela elite paneleira como populistas ou assistencialistas, são exemplos de políticas públicas que mudaram concretamente as vidas de milhões de famílias.

E é isso que, em grande parte, o golpe buscou combater. Nunca foi sobre corrupção justiça moral bons costumes - esses substantivos abstratos que eles usam como justificativa bonitinha. É sobre impedir um processo iniciado por justiça social, que eles não conseguem suportar.

As políticas dos governos do PT não acabaram com as desigualdades, não chegaram ao ideal, mas ajudaram a reduzi-las drasticamente. Mais importante que isso, mostraram que era possível a mudança, que as coisas não "são assim" e pronto.

Desculpa se a thread ficou gigantesca, mas eu acho que são dados que precisam ser expostos. No mínimo, é um atalho fácil pra você responder a algum parente coxinha. E se mesmo assim eles se recusarem a ver, é porque são mesmo escrotos, não apenas burros. Fazer o que não é mesmo?

Todos os gráficos e dados são do relatório "Faces da Desigualdade no Brasil: Um olhar sobre os que ficam para trás", organizado pela ex-ministra Tereza Campello e disponível pra baixar aqui: http://209.177.156.169/libros/Faces_da_desigualdade_no_brasil.pdf