Vixi.. Tô vendo muita coisa na TL sobre a saídas de Cuba do Mais Médicos. É engraçado que tem gente de direita alinhada com gente da esquerda e vice-versa, tudo ao contrário.. Vou tentar esclarecer algumas posições aqui. Siga o fio..
1/ Em 1o lugar vamos falar de Cuba. Cuba tem hoje 50.000 profissionais da saúde espalhados em 67 países. Isso é mais que Médecins Sans Frontières (MSF), a Red Cross e a Unicef combinadas. Cuba tem uma longa tradição de atendimento médico de catástrofes
1a/ E digo longa pq começou em 1960 com o terromoto do Chile. Foram dos poucos países a mandarem médicos para Tchernobyl em 1986. Quem quiser saber mais sobre os programas de colaboração cubanos, veja o artigo abaixo ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/P…
1b/ Pra terminar essa introdução, muita gente pergunta, por que Cuba, um país pobre, se mete a fazer tais coisas? Esses 2 textos tentam responder a essa questão. cdn.dal.ca/content/dam/da…
worldaffairsjournal.org/article/cuba’s-health-care-diplomacy-business-humanitarianism
worldaffairsjournal.org/article/cuba’s-health-care-diplomacy-business-humanitarianism
1c/ A conclusão é que a solidariedade cubana, como disse o Huish, é uma mistura de orgulho nacional, auto-interesse e extensão humanista. Os médicos ex-patriados têm direito de comprar bens nos outros países e envia-los aos parentes na ilha. Cuba vende serviços médicos 
2/ Acho q vale falar um pouco s/ formação médica. No Brasil, e em muitos outros países ocidentais, foi feita uma escolha do modelo de formação médica q a sociedade queria. Esse modelo resultou num tipo altamente especializado, tecnodependente e algo elitizado de profissional
2a/ Escrevi sobre esse modelo na época do lançamento do Mais Médicos e porque o aumento do n. de faculdades de medicina não iria resolver o problema dos vazios assistenciais..
scienceblogs.com.br/eccemedicus/20…
scienceblogs.com.br/eccemedicus/20…
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2c/ Cuba tem outra matriz filosófica de formação médica. Não dá pra comparar. Os avanços da medicina são incontestáveis mas são para poucos hoje, principalmente no Brasil. Aqui, precisamos tratar diarreia, verminose, pensar em saneamento, etc.
2d/ Um médico cubano, treinado em condições mínimas, consegue fazer mto pela nossa pop altamente carente de orientações e atendimento. Um médico brasileiro tb conseguiria, mas em geral se frustra em 1 ou 2 anos. Quer buscar aplicar o q aprendeu e trabalhar em gdes instituições
3/ Disclaimer: Eu fui contra o Mais Médicos da forma como foi apresentado na época. Vínhamos de uma abertura indiscriminada e fútil de escolas médicas que repetiam (mal) o modelo elitista. Eu defendia uma solução nacional como técnicos em medicina e enfermagem especializada, pex
4/ O Brasil entretanto, não passava por nenhuma calamidade ou guerra. Seria possível pensar em algo a longo prazo (mas talvez isso seja pedir muito aqui). Os médicos vieram, sofreram racismo e preconceito. As entidades médicas se comportaram pessimamente (ver o Ecce Medicus)
5/ A direita dizia que eram missionários comunistas e escravos da ditadura da ilha. Mas eles trabalharam e fizeram um grande trabalho. Atenderam em locais onde nunca houvera médico. Poucos problemas ocorreram.
6/ Agora o presidente eleito, em uma declaração tosca e com verdades parciais, resolve acabar com o programa. Prevê até a convocação compulsória de médicos para o preenchimento das vagas. Novamente, a população vai sofrer com soluções atabalhoadas e pensadas a curtíssimo prazo
7/ Se somarmos esse fato com a afirmação do presidente eleito de que o SUS não precisa de mais recursos veremos a enrascada que vamos entrar. É preciso preservar o SUS. É preciso pensar sistemicamente a atenção à Saúde no Brasil.
8/ Os últimos censos médicos comprovam os vazios e os governos não sabem o que fazer. Democracia Sanitária, discussão dos problemas abertamente, participação e trabalho. É assim que sairemos do buraco. Convocar os militares não vai resolver nada.. FIM
