[1] Como a imprensa está sob crítica - e, por vezes, até sob ataque - no Brasil, vou recuperar aqui alguns trechos de 2 entrevistas que fiz recentemente sobre a relação Trump x imprensa nos EUA com dois especialistas que merecem ser ouvidos. São eles:
[2] O primeiro é o jornalista americano @genefac. Ele foi um dos fundadores do jornal @USATODAY, nos anos 1980, e, em seguida, foi diretor operacional do @Newseum, o Museu da Imprensa, em Washington.
[3] A segunda pessoa que entrevistei foi @Sulliview, que é colunista de mídia do jornal americano @washingtonpost. Vamos às ideias ...
[4] Não há novidade no fato de um presidente criticar a imprensa, nos EUA ou no Brasil: "Antagonismo e animosidade em relação à imprensa não são coisas novas. Todos os presidentes americanos reclamaram da imprensa, dizendo que ela é injusta, imprecisa ou enviesada", Policinski
[5] Há, entretanto, 3 fatos novos. Até Trump, no caso dos EUA, "nenhum presidente havia questionado o valor em si de a nação possuir uma imprensa livre". Segue ...
[6] Até Trump, "nenhum outro presidente americano havia caluniado individualmente um repórter. E nenhum outro presidente atacou os jornais levantando um nível tão alto de desconfiança e fazendo desses ataques uma ferramenta política tão efetiva de mobilizar a opinião pública".
[7] Jornalismo como "oposição"? Diz: "Repórteres q fazem seus trabalhos e desafiam as decisões administrativas tomadas por políticos ñ são de oposição. Estão apenas fazendo as perguntas duras necessárias para balancear o q frequentemente é uma agenda positiva dos líderes do gov"
[8] "Repórteres frequentemente apresentam questões tidas como descorteses ou rudes. Mas essas ações têm a intenção de produzir mais informações para o público, não são comparáveis às táticas empreendidas por adversários políticos", disse ainda Policinski.
[9] Perguntei à colunista do Washington Post se esse enfrentamento é uma estratégia deliberada ou é algo espontâneo. Ela disse que "é sempre muito difícil determinar o quanto Trump é instintivo e o quanto ele age com base num plano. Mas ... "
[10] "A verdade é que isso funciona muito bem para Trump. Ter as orgs de imprensa como inimigas é muito conveniente. Ele joga com a coisa de fazer seus apoiadores desgostarem do que ele chama de “instituições elitista”, o que inclui a imprensa tradicional", disse ela. Agregando:
[11] "É importante para ele [Trump, assim como para Bolsonaro, eu agregaria] manter essa lógica do adversário ou do inimigo. O que ele faz é colocar a imprensa nesse papel", me disse a colunista do Post.
[12] Para Bolsonaro, esse comportamento de Trump parece ser um modelo digno de cópia nacional. Mas Margaret considera uma vergonha. "os EUA eram vistos como um dos exemplos de liberdade de imprensa e de liberdade de expressão, mas, agora ... "
[13] "Quando nós temos o líder do nosso país depreciando a imprensa da maneira como ele faz, isso afeta negativamente a forma como os EUA são vistos mundo afora. Não somos mais vistos como campeões na defesa dos direitos da imprensa", concluiu @Sulliview na entrevista.
[16] Ainda acho que as iniciativas de "alfabetização midiática" são um bom remédio. Fiz duas entrevistas sobre esse assunto tb. Aqui vai a primeira, feita com Núria Fernandes, doutora em jornalismo pela Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha nexojornal.com.br/entrevista/201…
[17] E aqui vai a segunda entrevista, feita com @cbragale, vice-presidente de um projeto de alfabetização midiática nos EUA chamado NLP (The News Literacy Project). nexojornal.com.br/entrevista/201…
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
Saiu o discurso de posse do novo chanceler, Carlos Alberto Franco França. Minhas observações:
1. Frio com seu antecessor, Ernesto Araújo, ao qual apenas agradeceu pelo "apoio na transição". Ponto.
2. Disse que tem três prioridades: pandemia, economia e meio ambiente. Comparando com o tripé religião, comunismo e terra plana de Ernesto, o novo chanceler parece um revolucionario da normalidade.
Na semana passada dei uma palestra sobre jornalismo a alunos da Universidade de Lyon, na França. A certa altura me fizeram uma pergunta inusitada, que eu acho que vale a pena comentar aqui: como lido pessoalmente com o volume de notícias deprimentes?
De forma simples: eu lido de frente. Leio, ouço, presto atenção de verdade. Mas, uma vez que entendi a informação, eu largo ela. E acho que essa é uma grande diferença entre quem lida com as notícias de modo profissional, como os jornalistas, e os que lidam de forma só pessoal.
Chega uma hora em que não há fato novo. Tudo o que se sabe sobre aquele assunto está publicado. Toma algum tempo até que haja novidades. Até lá, eu não fico regurgitando e engolindo a mesma meia dúzia de fatos que começam a jorrar a cada novo post, como água suja numa fonte.
Fico meio sem jeito de fazer longas threads aqui, porque a coisa acaba tendo um tom pedante e professoral, mas talvez seja importante correr esse risco para explicar que há um ponto possível de convergência entre os que discordam sobre o que aconteceu em 1964.
Esse ponto de convergência se chama DIH (Direito Internacional Humanitário). Também é conhecido no meio militar como Dica (Direito Internacional dos Conflitos Armados), ou você também encontra como simplesmente Direito da Guerra. O que é isso?
É um corpo de normas internacionais criadas no século 19 e aperfeiçoadas ao longo do tempo para regular a forma como as guerras podem e não podem ser travadas. Inicialmente, tratava apenas de guerras internacionais. A partir dos anos 70, passou a ser aplicável também internamente
Carlos Alberto Franco França será, então, o novo chanceler do Brasil. É descrito por um colega de Itamaraty como “pessoa querida na instituição, hábil no trato e preparado”, além de ser de “absoluta confiança do presidente”.
Novo chanceler passou anos trabalhando no cerimonial do Itamaraty. Fora do Brasil, trabalhou principalmente em temas de relação energética Brasil-Bolivia, que pode voltar à pauta no governo Arce.
De 2015 a 2017, afastado temporariamente do serviço público, foi diretor de Assuntos Corporativos e Negócios Estrangeiros da AG SA, subsidiária da Andrade Gutierrez.
TVs brasileiras deviam veicular massivamente campanhas educativas sobre como lavar as mãos corretamente, quais as máscaras que realmente funcionam, como usá-las. Esse mesmo conteúdo deveria estar sendo bombardeado nas redes, em anúncios pagos pela Fiesp, por empresas privadas ...
Se a sociedade brasileira como um todo não se mobilizar, não adianta. Bolsonaro é uma parte gigantesca do problema, nas não é tudo. A sobrevivência depende em grande medida de atos individuais, que precisam sem ensinados, difundidos, martelados exaustivamente.
Distribuição de máscara e de álcool gel, entregas de sabonete em comunidades carentes, cestas básicas, botijões de gás, marmitas, o diabo. Toda pessoas que não estiver fazendo uma contribuição mensal para algum projeto efetivo, está sendo, hoje, parte do problema, não da solução.
Se não houvesse uma pandemia, teríamos de inventá-la? Se não fosse a covid-19, estaríamos experienciando a mesma sensação apocalíptica em relação a algum outro evento, como as mudanças climáticas ou ao colapso da democracia, como o mesmo temor e ansiedade?
Para além da realidade que se impõe – e, claro, a pandemia é real –, somos parte de uma geração abduzida por um compromisso atávico com a escatologia, no sentido da reflexão exaustiva e indignada sobre o fim, o término, a extinção da própria experiência na Terra?
Essas perguntas não são a negação da realidade que estamos experimentando, mas são uma tentativa de pensar na maneira como nós processamos as experiências extremas que estamos vivendo, cada um a seu modo.