Thread by @antoniotabet

Quem me conhece bem... muito bem... sabe da Dircea. A Dircea trabalhou na minha casa. A Dircea foi minha babá. A Dircea é minha mãe. Mesmo.

Aliás, até minha mãe sabe que a Dircea é minha mãe. (cont.)

Por circunstâncias que a vida despejou na gente e que não caberiam aqui, quando minha mãe não esteve comigo, a Dircea esteve.

A Dircea ainda está viva. Sempre foi resistente, a danada. (cont.)

Tento retribuir o “irretribuível” mantendo-a com o máximo de dignidade numa casa de repouso e a visito sempre que posso. Rezo com ela. Canto com ela. Choro escondido dela. E secretamente já me despedi. Mas o amor é infinito. (cont.)

Dircea, como disse, sempre foi uma força da natureza. Mas como o ser humano tem prazo de validade, uma vez, há muitos anos, ela ficou doente. Muito doente. E já naquela época, para meu ledo engano, pensei que ela estaria nas últimas. (cont.)

Nós a internamos, os médicos estavam desenganados e pensei num presente de despedida pra ela.

Dircea era fã de duas pessoas apenas: Roberto Carlos e Wagner Montes. Amava! Acha dois “pães”. (cont.)

Como o Roberto Carlos é essa excentricidade louca - literalmente - e inalcançável, liguei para um assessor do Wagner Montes explicando a situação. (cont.)

Detalhe: não era época de eleição. E não dei nenhuma “carteirada”. Primeiro que nunca fui disso. E segundo que nem havia Porta dos Fundos ainda.

Pois bem. Para minha surpresa - e da Dircea - ele apareceu no dia seguinte no hospital. Uma simpatia ímpar. (cont.)

Abraçou a Dircea. Beijou. E disse que ela não poderia partir naquele momento porque ele ainda queria comer o bolo que ela fazia.

Isso nunca aconteceu. (cont.)

Hoje, Wagner Montes morreu. E tomara que ela não saiba. Talvez ela esteja esperando pra cumprir a promessa. E se souber que ele já foi, vão comer o bolo juntos em algum lugar e eu vou morrer de inveja.

Obrigado, Wagner. Descanse em paz. Te amo, Dircea.

🥺♥️