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Caro Ministro da Educação:
1. Muitos alunos vão à escola pela merenda;
2. Muitos alunos veem os pais tão ocupados e sacrificados com a sobrevivência (comer, morar, vestir), que não conseguem perceber a relação entre estudo e crescimento social;
3. Nessas famílias, há pouca circulação e variedade de gêneros textuais escritos, daí muitos não reconhecem a funcionalidade da leitura (geralmente são os que mais demoram a aprender a ler);
4. Existem alunos do 9° ano que não conseguem interpretar um texto simples;
5. Existem alunos que precisam largar a escola pra ajudar a mãe a sustentar os irmãos. Muitos desses são facilmente cooptados pelo tráfico e muitas vezes têm destinos terríveis;
6. Há também alunos extremamente massacrados pelas condições sociais. Eles ficam tão retraídos e bloqueados, com tão baixa autoestima, que o prof não consegue dialogar fácil com eles. Isso atrasa a aprendizagem, quando não os fazem abandonar a escola de vez;
7. Mtas adolescentes, s/ perspect de vida melhor, arranjam 1 parceiro mto cedo, engravidam, abandonam a escola. Qdo ñ são abandonadas p/ parceiro e p/ família, continuam estudando, mas as condições são mto adversas, ñ conseguem 1 aprendizag satisfatória e "competitiva" p/ mercado
8. Já tive aluno de 14 anos que abandonou o ano letivo por ter perdido os dedos em acidente por operar máquina pesada;
9. Nem estou colocando na lista os problemas pessoais, psicológicos que toda gente tem, em maior ou menor medida, e que para crianças e adolescentes pobres são mais difíceis ainda de encarar.
10. O principal problema da educação no Brasil não é falta de hino e bandeira, é desigualdade social. Cursei meu ensino fundamental (que na época se chamava 1° grau) numa escola onde cantávamos o hino, perfilados, sob o olhar vigilante da coordenadora.
Na sala de aula, quando a diretora entrava, tínhamos de nos levantar imediatamente e só nos sentávamos na presença dela se ela permitisse. Isso não impedia que faltasse professor e as aulas fossem mecânicas e sem sentido, +
que os professores chegassem ao final do ano sem saber o nome de alguns alunos e sem saber que muitos deles caminhavam quilômetros, com fome, pra ir à aula.
Quais as suas proposta para mudar esses itens que elenquei?
Att.
O que me fez aprender, anos depois, foram professores críticos, com uma boa formação pedagógica e humana, que humanizavam os conteúdos e a relação docente-discente, que não reproduziam uma "educação bancária", mas incentivavam a ação do próprio estudante.
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