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Olá, pessoal, hoje vamos falar sobre o caso do presidente Jair Bolsonaro e da repórter Constança Rezende, do Estadão. E por que isso é importante.
Pelo Twitter, Bolsonaro acusou Rezende de querer arruinar a vida de Flávio Bolsonaro, seu filho, e de querer derrubar o governo do PSL “com chantagens, desinformações e vazamentos”.
A “prova” que o presidente apresentou é um áudio editado de uma conversa de Rezende com um homem que se identificou como um estudante interessado em fazer uma pesquisa comparativa entre Bolsonaro e Donald Trump.
Acontece que, na verdade, Rezende só estava explicando para o falso estudante como o caso Queiroz poderia comprometer e arruinar o governo Bolsonaro, abrindo caminho para um impeachment. Mais uma análise da situação do que qualquer outra coisa.
Isso pouco importou para Jair M. Bolsonaro, que, pela sua conta oficial do Twitter, espalhou para seus 3,7 milhões de seguidores a suposta denúncia com uma foto da jornalista. Sua intenção? Desmoralizar o trabalho dessa profissional e do veículo do qual ela faz parte, o Estadão.
Quem acompanha o ciclo das fake news sabe que, para muitos dos apoiadores do presidente brasileiro, assim como ocorre nos EUA, a veracidade ou não das informações entra em segundo plano.
A preocupação é menos com a veracidade e mais com a verossimilhança do que é apresentado de acordo com as pré-concepções feitas sobre a imprensa e os críticos do governo.
Ou seja, *tudo bem* a informação ser falsa, pois ela BEM QUE PODERIA ser verdadeira a julgar pelo CARÁTER das pessoas envolvidas.
Em outras palavras, já que Bolsonaro e apoiadores tomam de antemão a desonestidade da imprensa, pouco importa acusá-la de algo que nunca aconteceu, pois, para eles, existiam as condições para isso acontecer e só não aconteceu por milagre.
Mas por que fazer isso? Bom, ao desmerecer o trabalho da imprensa, o governo Bolsonaro prepara o terreno para se blindar das notícias negativas em relação ao seu governo.
Então, quando a inflação começar a subir, os investidores começarem a fugir e o desemprego disparar, o governo poderá dizer em alto e bom som que esses dados são mentirosos. E ninguém vai estranhar, afinal, todo mundo já aprendeu direitinho que a imprensa é mentirosa.
E daí se repete um ciclo similar ao que ocorreu na ditadura, em que, sem uma imprensa independente, propagandeou-se a ideia de um milagre econômico enquanto ocorria o achatamento de salários, o aumento da desigualdade no país e a contração pesada de dívidas externas.
Então, quando você perceber que o seu salário não aumenta faz anos, que está cada vez mais difícil de pagar o aluguel e que a aposentadoria dos seus avós não cobre nem mais os remédios que eles tomam, você vai pensar que VOCÊ é o problema, não o governo.
Afinal, pelas notícias que você recebe (que agora já estão controladas, já que lá atrás o governo desmoralizou a imprensa independente) o governo é uma MARAVILHA e só gente VAGABUNDA não está feliz!
Então, meus amigos, não se enganem. Se você quiser se proteger (e proteger seu suado dinheirinho), DEFENDA uma imprensa independente.
Porque você quer saber exatamente o que está acontecendo com o país e como isso vai te afetar, não a versão feita por um governo que quer calar quem está descobrindo malfeitos.
