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Cheguei mais cedo aqui na Casa Educação e por acaso encontrei o Jiro Takahashi de bobeira. Aproveitei pra perguntar a história da criação do coleção Vagalume. Vcs não tem uma noção da aula que foi. Vou tentar contar aqui rapidinho enquanto tá fresco na minha cabeça. Segue o fio.
O Jiro entrou na Ática em 66 e lá já tinha a coleção Bom Livro, que editava clássicos. Em 71 teve a reforma do ensino e do 5o ao 8o ano passaram a ser obrigatórios. Junto com isso veio uma demanda para livros juvenis.
Eles fizeram duas coisas: primeiro, incluíram alguns títulos de potencial juvenil na Bom Livro prs testar o mercado, e paralelamente desenvolveram os suplementos de leitura para ajudar o contingente de professores que se viam com mais quatro anos de ciclo básico.
Os livros juvenis estouraram de vender, notadamente Éramos Seis, da Maria José Dupré. E os professores morreram de alegria com os suplementos.
Pronto, a demanda da coleção estava clara. Aí um adendo, fugindo da perseguição da ditadura, muitos profissionais das revistas de refugiaram na Ática. Ele aproveitou isso pra fazer duas coisas:
Usou o bando de designers competentes pra desenvolver o projeto gráfico e desenhistas pra fazer ilustrações modernas (pra época) pros livros e suplementos
Um concurso deu nome à coleção. Minha aula vai começar agora. Acabando, eu retomo.
Intervalo. Jiro falou que a o feedback dos alunos e professores era essencial pra eles desenvolverem os temas. Então eles mandavam sinopses pra professores selecionados e desenvolviam os livros com os autores a partir disso.
Por exemplo, o Mistério do Cinco Estrelas os professores que pediram um personagem cadeirante, pq queriam usar isso pra trabalhar o tema com alunos. Isso lá em 78.
Uma das coisas mais legais é que eles faziam uma tiragem teste de cerca de 3 mil exemplares e mandavam pra alunos e professores. Para os alunos, pediam pra atribuir notas aos livros. Pros professores, perguntavam quanto tempo os alunos demoravam pra ler o livro.
Se os moleques lessem rápido, sabiam que o livro era bom. Se demorassem, aí iam ver o feedback dos alunos e fazer possíveis alterações em cima disso.
Por fim, prospectavam autores Brasil afora a partir dos divulgadores da editora. Os divulgadores contavam quais autores locais eram mais adotados e eles iam atrás. Assim teve autor da Bahia, RN, Goiás, MT...
A melhor parte eu deixei pro final. Os autores tinham só 7% de D.A., mas mínimo garantido de 30 mil exemplares. As tiragens saíam de 120 mil pra cima.
Pra quem pergunta que fim levou a coleção, ela ainda está ativa. Mas muitos dos títulos não são mais da Ática e são editados por outras empresas. Na Ática ainda tem A Ilha Perdida amzn.to/2UBfbAK e Escaravelho do Diabo amzn.to/2UBo6lF
Já o Marcos Rey tem seu catálogo de juvenil ligado à editora Global, como O Mistério do Cinco Estrelas amzn.to/2TGoenS
A Global também tem o João Carlos Marinho, que nunca foi da Vaga-lume, mas sua turma do Gordo tb fez bastante sucesso na época, especialmente com o Gênio do Crime: amzn.to/2O2przE Ele continua na ativa, lançou o Fantasma da Alameda Santos em 2015 amzn.to/2XZGHKe
