To profetizando apocalipse editorial pq a coisa tá feia. Muita gente me manda umas dúvidas quando eu falo da crise no mercado editorial, então achei por bem fazer uma thread didática rapidamente sobre a cadeia do livro.
Sim, thread do mercado editorial!
Quando você vai na livraria e comprar um livro, metade do valor dele fica com a livraria. Isso mesmo, 50% do preço de capa é do livreiro. Não to dizendo que é justo ou injusto, só que é o que é.
Se as principais livrarias devem 40 milhões pras editoras, na verdade é um valor de 80 milhões em produtos.
Mas por que as editoras ainda mandam os livros se devem pra elas e não pagam e etc. e tal?
Isso se explica de duas formas. Primeiro, tem uma praga no mercado editorial que é a consignação. A imensa maioria das livrarias trabalham com esse modelo, ou seja, as editoras enviam os livros, as livrarias expõem. Se vender, acertam, se não ou fica lá até vender ou devolvem
Então o rombo é do acerto por fazer. Esse livros já foram enviados e quando chegou a hora de pagar as livrarias não tinham como pagar, pediram mais prazo pra acertar o caixa, etc. É uma prática bem comum, na real, mas tá acumulando em uma bola de neve cada vez maior.
O outro motivo pra continuar enviando os livros pra quem te deve é que há uma espera de que a coisa se normalize e há uma parceria, uma ajuda pra que a livraria se mantenha.
A gente sempre diz nos nossos cursos de edição que um problema do seu parceiro é um problema seu tb. Muitas vezes temos que abraçar gráficas e livrarias, pq se elas quebrarem, quebramos junto.
No entanto, paciência tem limite e muita gente tá simplesmente parando de mandar livros pras livrarias enquanto a situação não for normalizada. Não sei se um dia será ou se o pessoal vai receber só via recuperação judicial. O problema é que só dá pra fazer esse truque uma vez.
Então é o seguinte, eu acho que tem que ter alguma medida pra salvar a cadeia do livro como um todo. Senão...
Uma solução pras editoras é procurar canais alternativos, tentando ao máximo vender direto para o leitor, como em feiras ou livrarias virtuais próprias.
