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Família Batista acertou pagar R$ 1 para Bertin devolver 17% da JBS por fora.
Para acionistas, Bertin custou R$ 8,5 bi, mas valor anunciado foi R$ 12 bi; sobrepreço favoreceu BNDES.
O BNDESPar havia investido na empresa R$ 2,5 bilhões no último ano. +
www1.folha.uol.com.br/amp/mercado/20…
Os documentos indicam que os termos da fusão não prejudicaram o BNDES, como têm cogitado o MPF e a PF.
Na verdade, o sobrepreço beneficiou o banco.
Saíram prejudicados na transação os minoritários e os fundos de pensão Funcef, dos servidores da CEF e o Petros, dos petroleiros +
da Petrobras.
Ambos estavam, desde 2008, no Prot, um fundo de investimento que foi diluído e perdeu participação na JBS, que caiu de 14% para 8%.
O BNDES também estava no Prot, mas a sua diluição foi coberta pelo ganho na outra ponta.
Esse valor maior, de R$ 12 bilhões, +
foi chancelado na época por diferentes projeções. Entre as apresentadas estavam um laudo da Apsis Consultoria Empresarial e uma minuta de discussão do banco americano JPMorgan.
A JBS afirma que o negócio seguiu os padrões de mercado. +
Logo após a fusão entre Bertin e JBS, não era fácil identificar as participações das famílias Batista e Bertin.
Elas se organizaram em uma holding (empresa controladora, de nome FB) e em fundos, com cotas de investimentos, o que lhes dava participações indiretas na JBS.
Os formulários de referência, porém, mostram que um elemento não declarado inicialmente, atrelado ao fundo dos Bertins, havia assumido uma fatia generosa da JBS ainda no fim de 2009.
Trata-se da Blessed, empresa com sede no paraíso fiscal de Delaware, nos EUA. +
Quem seria o dono da Blessed foi um mistério por anos.
Tanto a família Batista quanto os Bertins negavam conhecer o seu controlador.
Em 2014, veio a público que, apesar de ter sede em Delaware, seus sócios seriam duas seguradoras em Porto Rico e Ilhas Cayman, paraísos fiscais. +
Em 2017, na esteira dos escândalos de corrupção e da delação dos controladores da JBS, soube-se que a empresa aparecia nas declarações de Imposto de Renda dos irmãos Wesley e Joesley.
Eles haviam adquirido a Blessed, 50% cada um, pelo total de US$ 300 milhões. +
Pela cotação de hoje, essa fatia da JBS, então, valeria pouco mais de R$ 1,2 bilhão —bem menos do que os quase R$ 11 bilhões que representaria hoje o número original de ações que a Blessed levou logo após a fusão.
O empresário Mário Celso Lopes também trata da Blessed +
na CPI do BNDES.
“Está claro que ela foi criada para acobertar uma participação acionária da JBS naquele processo de superavaliação em detrimento dos acionistas minoritários e do BNDES, que era grande acionista”, disse. +
“Foi uma forma de desviar uma parte da participação acionária da JBS para uma offshore, que depois eles tiveram de delatar que a offshore era deles mesmos".
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