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seguindo a necessária tarefa de repensar o discurso midiático construído sobre o NE, chego a um dos nossos mitos fundadores, a fome e, consequentemente à palma. é um cacto que jornais, revistas, filmes, etc. mostraram como próprio para alimentar animais.

canalrural.uol.com.br/sites-e-especi…
durante muitos anos, vimos os jornais nacionais, vejas e dramas do horário nobre mostrando que, para fugir da fome, sertanejos precisavam se equiparar aos animais e se alimentar da planta. aqui, matéria mostra o drama de uma família pernambucana: jornalggn.com.br/politicas-soci…
em 2013, fui até a Chapada Diamantina e, em uma mesa farta, me deparei com um alimento que não reconheci. era palma, refogada, muito comum na alimentação local. chapadadiamantinabahia.com/blog/a-culinar…
aquilo me fez perceber o tamanho da minha ignorância, construída midiaticamente, sobre aquele alimento. mais: mostrou o que aquele cacto simbolicamente trazia para mim: gente esfomeada, necessitada, incapaz de agir por conta de sua fraqueza.
o que não foi dito - afinal, é preciso manter o lugar de poder garantido pelo processo de exotificação - é que a palma é um alimento precioso, como mostra essa materia do Diário do Nordeste (esse cacto medicinal é alimento nobre nos EUA, México e Japão)
diariodonordeste.verdesmares.com.br/editorias/vers…
O Instituto Federal Sertão Pernambucano também desenvolveu um projeto de extensão que procura desmistificar o uso da planta apenas entre o gado. ifsertao-pe.edu.br/index.php/camp…
fica a questão: quando essas ações e práticas poderão suplantar o discurso dos necessitados? por qual razão nós jornalistas (e publicitários e cineastas, etc) nos esmeramos em conferir a uma região o protagonismo da fome nacional mas pouco fazemos hoje para repensá-la?
tenho uma aposta: quando iniciarmos o processo de narrar o outro a partir de nossas semelhanças, e não somente por nossas diferenças, nossa produção folclorizante e exotificante vai levar porrada. em vez de enquadrar somente fome, a gente enquadra também ação e inteligência
é papo para muito (discuto lá nos meus escritos sobre jornalismo e subjetividade), mas é papo que nós que produzimos discursos/representações precisamos encarar. no mais, vou almoçar: a pesquisa sobre palma refogada com alho e outras mumunhas deu fome.

gshow.globo.com/Rede-Bahia/Mos…
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