Thread by @moreira_ct

Para quem não sabe, o “Governo” já pensa em uma “Reforma Trabalhista”, visando a “modernização das relações trabalhistas”.
Como eu sou metido pra porra e gosto de falar dessas coisas, lá vou eu mexer em vespeiro...

Segundo reportagem da Folha de São Paulo, foi instalado, nesta sexta-feira, dia 30 de agosto 2018, o GAET (Grupo de Altos Estudos do Trabalho), que terá por missão propor uma nova proposta de "reforma" das leis trabalhistas. +

É claro que, como sempre, espera-se um projeto com aquele “tempero” único que pode se esperar de um desgoverno que, no fundo, busca satisfazer o desejo louco do empresariado brasileiro em destruir toda e qualquer possibilidade de proteção e mobilização da classe trabalhadora. +

A primeira das ideias, ao que tudo indica, é realizar uma modificação na estrutura de organização e associação sindical. Segundo a reportagem da Folha, o GAET pensa em propor o fim da unidade sindical. Assim, o trabalhador poderia “escolher” a qual sindicato irá se associar. +

Só que isto é um puta risco à classe trabalhadora...
Imaginemos o seguinte, Juquinha é mecânico e trabalha para uma oficina em Curitiba. Assim, o sindicato dos mecânicos da cidade de Curitiba seria a entidade obreira responsável por representar os interesses do Juquinha. +

Ele pode nunca ter pisado na sede do sindicato, nem imaginar que ele sequer existe. Mesmo assim, a entidade sindical estará lá para, todo ano, negociar o reajuste salarial, além dos direitos e benefícios da classe a que pertence o Juquinha. +

Além, disso, e caso ele tenha algum problema com o seu patrão, o Sindicato estará lá para o auxiliar, mesmo que o Juquinha nunca tenha contribuído com o sindicato.
Com a mudança, Juquinha não terá essa associação compulsória. +

Ele terá de escolher entre o Sindicato A e o Sindicato B. Só que, esta escolha, que até pode parecer uma faculdade bacana, acaba virando “contra” o trabalhador.
E como isso pode se dar?
Ora, é bem mais simples do que parece... +

Pensemos que Juquinha é filiado ao sindicato A, que, historicamente, é combativo e sempre luta para a melhora das condições dos mecânicos curitibanos. Só que o patrão do Juquinha não gosta do sindicato A, justamente por ele ser combativo e causar “prejuízo” para o empresário. +

Então, “em off”, ele chega e conversa com o Juquinha para que ele passe a se vincular ao Sindicato B, que, coincidentemente, é mais frágil e não apresenta tanta mobilização. Juquinha sabe que o Sindicato B não é aquelas coisas, e que ele vai “perder” muito com esta mudança. +

Mas ele também sabe que possivelmente será demitido se não migrar para o outro sindicato. Uma coisa que Juquinha também sabe, e que corre a boca pequena, é que nenhuma oficina mecânica está contratando trabalhadores associados ao Sindicato A. +

Assim, e por livre e espontânea pressão, e como o desemprego está altíssimo, Juquinha cede, e se associa ao sindicato B, dos “brother” do dono da Oficina.
Só que, com isto, Juquinha perde acesso a todos os benefícios que, durante anos e anos, o Sindicato A lutou para obter. +

O Sindicato B, como é composto por pessoas ligadas, ainda que indiretamente, aos donos das oficinas, não oferece nenhum benefício, nem resistência às pressões dos patrões, permitindo que o empregador faça o que bem entender. +

Então, com essa medida, acaba facilitada a possibilidade de ocorrer uma cooptação do sindicato pelos empregadores, ou mesmo a criação de entidades por sujeitos ligados ao patronato. +

Agora, para e pensem numa perspectiva onde o "negociado prevalece sobre o legislado", em conjunto com essa modificação, onde sindicato pelego ganhará força. Não tem como ser bom, não é mesmo???

Além disso, a gente não pode negar que uma competição entre sindicatos vai apenas para desmobilizar ainda mais a classe trabalhadora, inviabilizando fazermos frente ao empresariado.
Ou seja, apenas mais e mais prejuízos para quem trabalha.

Então, fiquem atentos pq, daqui para frente, é só ladeira abaixo!