Com a enorme repercussão da camisa manchada de óleo, muito se falou sobre o Núcleo de Ações Afirmativas do @EcBahia. Mas ainda há uma certa confusão sobre o tema. Afinal de contas, o que são ações afirmativas? Se ligue no fio! 
Ações afirmativas são políticas e medidas para combater a discriminação ou retificar os efeitos de práticas discriminatórias exercidas no passado. O objetivo é estabelecer uma igualdade de oportunidades, através de um "nivelamento do campo".
O termo ajuda na compreensão do conceito. Só é necessário afirmar aquilo (ou aquele) que sofre uma negação. Uma pessoa branca, por exemplo, não deixa (ou deixou) de exercer nenhum direito por ser branca. Não cabe, portanto, falar em racismo reverso ou heterofobia, por exemplo
A experiência americana é referência no tema. Nos Estados Unidos o termo foi usado pela primeira vez em uma lei de 1935 mas ganhou força na década de 60 quando se percebeu que eram necessárias medidas adicionais para remediar a discriminação passada e prevenir situações futuras.
No Brasil, esse debate surge com mais força no ano 2003 quando a UERJ estabeleceu a reserva de vagas para estudantes de escolas públicas cariocas. Em 2012 promulgou-se a lei nº 12.711, estabelecendo o sistema de cotas nas universidades federais. midianinja.org/estudantesninj…
Segundo o IBGE, o percentual de pretos e pardos que concluíram o ensino superior passou de 2,2%, no ano 2000 para 9,3% em 2017. O crescimento, no entanto, não foi suficiente para igualar o percentual de brancos que concluíram a graduação. agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/notic…
Em 2014, a Lei 12.990 foi promulgada estabelecendo a reserva de vagas para pessoas negras nos concursos públicos federais. A lei foi questionada no STF que se posicionou pela sua constitucionalidade no julgamento da ADC 41. stf.jus.br/portal/cms/ver…
O Ministro Luís Roberto Barroso, relator da ADC 41, afirmou na ocasião que as ações afirmativas contribuem “para o ganho de autoestima da população negra, a eliminação dos estereótipos raciais, e para o aumento da diversidade e do pluralismo do serviço público”.
No Bahia, além da repercussão alcançada, já é possível verificar resultados práticos com as ações. Na ação dos dias dos pais, em parceria com a Defensoria Estadual, 90 exames de DNA foram feitos em 5 dias. Em 7 meses a DPE tinha feito 190 exames.
Em um trabalho acadêmico, o jornalista @iagomaia_ analisou o impacto da ações afirmativas do Bahia e concluiu que elas contribuíram para aumentar as interações e o número de seguidores nas redes sociais.
Marcelo Barreto, apresentador do Redação SporTV, recentemente declarou que as ações afirmativas do Bahia também são tema de sua pesquisa no curso de pós-graduação da FGV.
Apesar de não ser esse o objetivo, as ações do Bahia também podem gerar novas receitas ao clube. Segundo Tiago Cesar, assessor de planejamento do clube, em recente entrevista à rádio sociedade, 6 mil camisas da coleção “Clube do povo” já foram vendidas.
Além disso, a repercussão aumenta a exposição da marca Bahia e, consequentemente, a dos seus patrocinadores. Só no Twitter a camisa manchada de óleo teve cerca de 3 milhões de visualizações. Com exceção do Véio da Havan, quem não gostaria de associar sua marca ao Bahia?
É comum, no entanto, ouvir que o clube deveria se preocupar apenas com o futebol. É preciso esclarecer, portanto, que uma coisa não exclui a outra. Ainda segundo Tiago, o núcleo de ações afirmativas é formado basicamente por voluntários.
Além disso, apesar da qualidade dos vídeos, nenhuma agência foi contratada. O trabalho audiovisual é feito, basicamente, apenas por uma pessoa (Pis Santos) que filma, dirige, faz a trilha e edita os vídeos. O custo é inexpressivo diante do resultado que apresenta.
Outra crítica contumaz é de que o Bahia seria "esquerdista". @nelsonbneto, gerente de comunicação, esclarece que as causas que o Bahia defende não pertencem à esquerda, pois são, na verdade, suprapartidárias. “A gente defende causas humanitárias”. jornaldocomercio.com/_conteudo/espo…
Por fim, imaginemos que a CBF adote uma “ação afirmativa entre os clubes brasileiros” para diminuir a disparidade existente e estabeleça cotas de TV mais igualitárias entre os clubes, como é feito na Premiere League. Você concordaria?
Atualizando os números sobre o post do vazamento de óleo: 3,7 milhões de pessoas viram a publicação principal só nas redes sociais do clube. Ainda tiveram outras publicações, como as do leilão. 43% das pessoas que viram no Instagram não seguiam o clube.
