Viu a Proposta Mais Brasil do Guedes e teve preguiça de analisar o documento? Chegou a hora de entender as principais propostas e se posicionar. Faça um chá ou abra um vinho e coloque Al Green na caixa de som pq agora você entender quais são as principais propostas
1) A unificação de municípios com menos de 5 mil habitantes e com arrecadação própria inferior a 10% da receita total;
2) Restrição à criação de novos municípios;
3) Redução da carga horária e dos salários de novos quadros do funcionalismo em 25%;
4) Utilização de R$ 220 bilhões dos fundos públicos para abatimento de juros da dívida;
5) Operações de crédito de estados e municípios não poderão mais receber garantias da União;
6) Extinção da linha de crédito da União para os estados e municípios pagarem seus precatórios;
7) Exclusão da revisão anual e da vinculação ao salário mínimo do Benefício de Prestação Continuada (BPC);
8) Eliminação da indexação das despesas de saúde da União à variação do PIB;
9) Extinção do Plano Plurianual e transformação da Lei Orçamentária em Lei de Orçamento Plurianual (a Lei de Diretrizes Orçamentárias foi mantida);
10) Extinção do direito de revisão geral anual da remuneração dos servidores públicos;
11) Vedação do pagamento de benefícios para servidores com efeitos retroativos;
12) Vedação do pagamento de benefícios decorrentes de decisões judiciais antes do seu trânsito em julgado.
O plano de Guedes é audacioso e representa uma tentativa de mudar a cultura fiscal do país, alterando pilares estabelecidos pela Constituição de 1988.
A incógnita é saber como será o andamento do projeto no Congresso. Além de mexerem no Pacto Federativo de 1988, as três polêmicas PECs só devem começar a ser debatidas em 2020, ano de eleições municipais, o que levará os parlamentares a se sentirem pressionados.
Outro aspecto é que o pacote enfrentará um paradoxo. Ao mesmo tempo que está em sintonia com anseios da opinião pública de viés liberal (que cada vez mais cobra melhoria na qualidade do serviço público), dependerá do sistema político tradicional.
Este fundado sob as bases da Constituinte de 1988, o que deverá provocar resistências à reforma mais ambiciosa já pretendida no Estado brasileiro.
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
O mercado financeiro, desde sempre, terceirizou suas angústias ao Ministério da Fazenda (hoje Economia). Não funciona mais assim, devido ao enorme poder do Congresso, que nos últimos anos fortaleceu sua força e autonomia.
Nos últimos anos muitas mudanças deram ao Congresso ainda mais força: mudança de rito de MP, vetos começaram a ser votados, vetos trancando pauta, orçamento impositivo (individual e bancada), redução do kit obstrução, emenda do relator.
Esse desenho, além de outras variáveis (governos recentes que antagonizaram o Congresso) fizeram com o que o Legislativo iniciasse discussões e tomasse a rédea de temas de política econômica que antes ficavam na mão do Executivo e do Ministério da Economia.
Fiz um call essa semana organizado pelo Bank of America Merrill Lynch com uns 20 fundos institucionais.
Vamos aos temas abordados e algumas percepções:
Fiscal: Muitas dúvida sobre o timing dos precatórios e se a decisão seria pelo parlamento ou CNJ, ou ambos. Dúvidas sobre o poder de negociação do governo em temas fiscais ou se os temas estão “soltos” dentro do Congresso. +
Fiscal: Se o orçamento desse ano e a questão das emendas do relator podem gerar mais um embate político. Dúvidas sobre quais “bombas” podem ter sido armadas na negociação do IR. +
Um dos processos que uso na análise política, principalmente depois de um fato novo, é desenhar o caminho. Lembre-se que o objetivo na análise não é falar o que “deveria acontecer”, mas sim o que “provavelmente vai acontecer”.
É comum, pelo calor do momento, cravar um cenário com uma super consequência. O que é “desenhar o caminho?”. Basicamente é explicar, de A a Z, o caminho, passo a passo, do que vai acontecer até a super consequência imaginada.
Ao desenhar o caminho, respeitando e considerando os atores envolvidos, a legislação, o processo regimental, o contexto atual e a história, o analista vai se deparar com os principais nós e desafios até a consequência que antes parecia tão óbvia.
O Congresso está cada vez mais independente e autônomo, capitaneando grandes temas e formulando políticas públicas. Olhando o passado recente, há inúmeros motivos e variáveis que transformaram o modo de ser do Parlamento.
Em 2009, com Michel Temer na Presidência da Câmara, uma mudança importante. Propostas de emenda à Constituição, projetos de lei complementar, decretos e resoluções foram autorizadas a serem votadas mesmo que a pauta ordinária estivesse trancada por Medidas Provisórias.
Foi uma vitória do Parlamento. Temer argumentou que "se a Câmara não encontrar meios que permitam o destrancamento da pauta, deputados irão passar “praticamente o ano todo sem conseguir levar adiante as propostas que tramitam por esta casa que não sejam as medidas provisórias”.
A vitória de Lira cria um bom ambiente para a agenda do Governo. Mas a base aliada, potencialmente imaginada, ainda não foi formalmente criada nem testada. Quais os dois riscos no curto e médio prazo?
1. Que acordos não sejam mantidos. Para isso, Planalto e Líderes precisam ser metódicos, organizados e rápidos. O Centrão pode ser fiel, mas é, em primeiro lugar, fiel a ele mesmo.
2. O segundo risco é mais subjetivo e imprevisível. Eventualmente Lira irá apoiar ou avançar pautas que o Governo é contra. Ou simplesmente não conseguirá segurar um consenso em torno de um assunto. Mesmo que raro, isso acontecerá. Como o Governo vai reagir?