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O que está a acontecer com a desigualdade nos países mais ricos? As tendências mais importantes, as causas, as consequências, aquilo que sabemos e o que ainda é preciso investigar visao.sapo.pt/exame/inconsis…
Em outubro, o @PIIE, um dos maiores think tanks do mundo, organizou uma conferência sobre o tópico, coordenada por @ojblanchard1 e @rodrikdani. Lucas Chancel foi o responsável por fazer um ponto de situação da desigualdade piie.com/system/files/d…
@PIIE @ojblanchard1 @rodrikdani 1 – Sabemos pouco acerca de desigualdade. A dependência de inquéritos significa que provavelmente estamos a subestimar o nível de desigualdade nos países desenvolvidos
@PIIE @ojblanchard1 @rodrikdani Junte-se a isso a dificuldade em aferir a riqueza que está em offshores e percebe-se que o fenómeno pode ser ainda mais grave do que julgamos
@PIIE @ojblanchard1 @rodrikdani Por outro lado, a incerteza dos dados leva alguns (como a Economista há umas semanas) a sugerir cautela na interpretação e em avançar com soluções políticas agressivas sem ter evidência mais forte
economist.com/leaders/2019/1…
@PIIE @ojblanchard1 @rodrikdani 2 – A desigualdade aumentou em quase todos os países, mas a ritmos diferentes. Após um alívio da concentração de riqueza ao longo de quase todo o século XX, ela voltou a agravar-se desde os anos 70/80
@PIIE @ojblanchard1 @rodrikdani Por trás desse alívio esteve uma mistura de factores: crise financeira violenta e descolonização (que afectaram o capital); progressividade fiscal, nacionalizações, controlos de capital e os frutos do investimento em educação e em apoios sociais
@PIIE @ojblanchard1 @rodrikdani Mas nem todos os agravamentos nasceram iguais. Embora a tendência seja semelhante, na Europa o top 1% avançou a um ritmo mais lento e os 50% mais pobres não perderam peso
@PIIE @ojblanchard1 @rodrikdani 3 – A riqueza pública não tem aumentado. Os países mais desenvolvidos têm enriquecido, mas isso não foi acompanhado por um reforço da riqueza detida pelo Estado. Alguns países têm já riqueza líquida negativa no sector público (endividamento público + privatizações)
@PIIE @ojblanchard1 @rodrikdani 4 – O reforço do capital privado não chega a todos. Nos EUA, os mais ricos têm beneficiado muito desde os anos 80. O engordar dos 1% mais ricos está a colocá-los num território próximo da “Gilded Age”, quando as fortunas dispararam, mas conviviam com enorme desigualdade e pobreza
@PIIE @ojblanchard1 @rodrikdani O percurso da Europa é mais curioso. No início do século XX, a concentração de riqueza era mais elevada em França e Reino Unido do que nos EUA, mas ela afundou de forma mais significativa e o agravamento recente foi mais ligeiro
@PIIE @ojblanchard1 @rodrikdani 5 – A crise não aliviou a desigualdade. “O que parece particularmente impressionante é a capacidade dos grupos mais ricos de recuperar rapidamente e continuarem a acumular riqueza a um ritmo mais rápido do que o resto da população”, escreve Chancel.
@PIIE @ojblanchard1 @rodrikdani 6 – É classe e não nacionalidade, estúpido! Enquanto os níveis de desigualdade entre os cidadãos de diferentes países se tem aliviado, a desigualdade dentro de cada país (rico ou em desenvolvimento) tem aumentado
@PIIE @ojblanchard1 @rodrikdani No passado, os 20% americanos mais pobres continuavam a ser privilegiados quando olhávamos para todo o mundo. Hoje, eles já estão entre os pobres globais. O famoso "gráfico elefante" 👇
@PIIE @ojblanchard1 @rodrikdani 7 – Mais desigualdade significa menos mobilidade. Nos EUA, a probabilidade de uma criança que nasça nos 20% mais pobres tem 10% de probabilidades de chegar aos 20% mais ricos. Se nascer já nos 20% mais ricos tem 3x mais hipóteses de aí ficar
@PIIE @ojblanchard1 @rodrikdani 8 – Desigualdade racial e de género caiu, mas continua muito elevada. As mulheres conseguiram aproximar-se dos homens até aos anos 90, mas o progresso parece ter estagnado
@PIIE @ojblanchard1 @rodrikdani No caso da desigualdade racial, o padrão é semelhante. Houve progresso a seguir à IIGM – ajudado pela extensão do SMN a para vários sectores de actividade -, mas o alívio da desigualdade de rendimento abrandou a partir da década de 80 (e sim, a diferença de riqueza é 700%)
@PIIE @ojblanchard1 @rodrikdani 9 – Acesso a educação, saúde e empregos de topo são essenciais. No mercado de trabalho, veja-se a diferença de trajectória no salário mínimo dos EUA e de França
@PIIE @ojblanchard1 @rodrikdani 10 – Progressividade fiscal (ou ausência dela) é decisiva. “As taxas de impostos foram reduzidas significativamente nos países ricos depois dos anos 70 e as variações têm estado relacionadas com mudanças com na fatia de riqueza detida pelo topo” - Chancel
@PIIE @ojblanchard1 @rodrikdani Nos EUA, em 2018 aconteceu pela primeira vez esta aberração: os 400 mais ricos pagaram menos impostos do que os 50% mais pobres (em % do rendimento)
@PIIE @ojblanchard1 @rodrikdani No passado, essa maior progressividade (e impostos mais altos) coincidiu com níveis de crescimento mais altos. Não significa que "mais impostos" = "mais crescimento", mas talvez mereça algum cepticismo a ideia de que os impostos prejudicam a economia
@PIIE @ojblanchard1 @rodrikdani e pronto é isto
@PIIE @ojblanchard1 @rodrikdani Que não fique perdido lá para cima ----> visao.sapo.pt/exame/inconsis…
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