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A bagunça do bloco em Copacabana é representativa do loteamento das ruas no Rio: jamais será nem 5% compreendido por quem não tiver em mente o elemento FACÇÃO CRIMINOSA.
Praia é dominada pela facção A
Bloco ligado à facção A diz que vai montar show
Prefeitura põe o galho dentro e autoriza show "pelo turismo"
Excluída a concorrência ~artística~ das facções B, C e D
Facções B, C e D contestam soberania da facção A
Guerra campal.
Para entender, imagine o raciocínio contrário: qual é a chance de um megabloco desses NÃO ter costas quentíssimas no fornecimento de "substâncias"? E, se a praia "é" da facção A, o que aconteceria se um bloco da facção B entrasse nela?
Os cariocas importaram os trios elétricos, mas deixaram na Bahia os princípios mínimos de organização interna e externa dos blocos.
As escolas de samba cariocas, por sua vez, só cresceram em organização, aniquilaram ranchos e sociedades, geraram um modelo imitado Brasil afora. Mas sempre torceram o nariz para o carnaval da Bahia como concorrente turístico válido.
O (poder envolvido no) desfile das escolas de samba atingiu a crista da onda em meados dos anos 80, com a inauguração do Sambódromo e a fundação da Liesa. O domínio territorial sobre a Sapucaí e o corpo político que representa esse domínio.
Fica a dica: em qualquer verificação de plausibilidade vale *muito* a pena inverter a ordem do raciocínio - fazer a "prova real", como na matemática.
Correndo por fora, havia a tradição dos bailes carnavalescos, mais antiga e mais disseminada que as escolas de samba. Todo clubinho de subúrbio os promovia, mas eram os bailes famosões que simbolizavam a orgia da zelite. ->
-> Os camarotes do Sambódromo herdaram muito do mythos orgiástico dos bailes. No conjunto, bailes + Sambódromo davam uma impressão desagradável de "carnaval sem povo", mal e mal mitigada por bailes populares da Prefeitura em praças de subúrbio. ->
-> Se foi a transmissão de TV que popularizou as escolas de samba, os bailes também eram um espetáculo televisivo para os tarados de plantão que não tinham grana ou disposição para sair de casa no carnaval. ->
-> A emergência dos blocos de rua no Rio (e seus cosplays em metrópoles de que ninguém suspeitaria) parece uma reação natural à percepção de elitismo do carnaval e uma impossibilidade logístico-financeira de transportar todos os descontentes à Bahia.
Cumprimentos à Bahia, que, em torno da tecnologia do trio elétrico, desenvolveu um carnaval que oferecia tudo que os turistas percebiam que faltava no Rio.
E os bailes carnavalescos, que perderam qualquer interesse porque o público-alvo vive (ou acha que pode viver) num baile interminável. A falência dos clubes e a ascensão das igrejas evangélicas (des)fez o resto.
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