Então, essa foi minha primeira viagem pra fora do BR. Daí fomos ajudar em um projeto que alimenta moradores de rua em Madrid. Há muitos imigrantes latinos, brancos Europeus e, sobretudo, idosos que não tem a comida do dia naquelas ruas frias. Ali perto um homem sangrava.. Fio+
Eu sou de um lugar onde a pobreza tem uma cor: preta. E ainda estava processando tudo quando perguntei a minha companheira se aquele homen sangrando, sem as roupas de frio apropriadas não corria risco. Ela chama atenção das lideranças do projeto social que vão até ele. +
Rapidamente eles me chamaram pq o homem só falava português. Sim, era brasileiro, 50 anos, tinha um dia na cidade, acabara de chegar do BR. Foi para uma festa "extravasar", bebeu demais, acredita que deram "boa noite Cinderela" e roubaram celular e carteira. +
Só o deixaram com passaporte, surrado ou caído, ele não lembra, muitos cortes em seu rosto. O limpamos e levamos ao hostel que estava hospedado, perto, poucas quadras dali. No caminho disse que era de família, que nunca tinha feito isso, que era cuidadoso, etc. +
Enfim, não tou aqui pra julgar. Nosso povo tem muito problema com o álcool. O excesso vem sobrecarregado pq as dores são muitas. Nos contemos por muitas violências que vivemos no cotidiano. Quando nos soltamos é como um dragão aprisionado e faminto. Não deve ser assim. +
Acredito que temos que reconstituir um mundo em que tenhamos a sobriedade de acolher nossas diferenças e inquietações. Elas não podem ser guardadas e depois expelidas com drogas em situações de risco. Deus quis que estivéssemos ali. É urgente mudarmos está situação. +
Honestamente eu não acredito que isto mude sem muita auto-reflexão. A gente vai pregar, cair nas hipocrisias dos conservadores sobre as drogas? Não! A gente tem que se reconstruir e convidar o companheiro ao lado para andar junto. Chega de catar corpo ou virar alvo dos de cima.
