Drauzio Varela é um tesouro nacional. Digo isso não somente com base no que ele fez na TV, mas principalmente com base na leitura do livro dele "Por Um Fio", sobre seus pacientes terminais. Não será um erro induzido por uma produção incompetente que mudará isso na minha cabeça.
Quando digo que está errando por exibicionismo moral, e que mete pés pelas mãos em se tratando de política (alegando que organizações criminosas são "de direita" - com conteúdo semântico quase nulo), não é porque quero "cancelá-lo". Não tenho o poder (ninguém tem) nem a vontade.
Também trato criticamente pessoas que vejo como meus heróis intelectuais: a maior delas, o filósofo britânico Bertrand Russell, cometeu erros crassos em política, como mandar cartinha de apoio a ditador comunista (uma forma hipertrofiada de abraçar assassino). Ainda admiro.
Então, se você viu como "cancelamento" as críticas que fiz tanto ao episódio do abraço quanto ao "aftermath", o problema é você, não eu.
Essas coisas só provam, para mim, que não importa o quão humanitário ou genial você seja, ainda está sujeito à falibilidade humana. E que uma das maiores fontes dessa falibilidade é o senso de pertencimento a uma tribo qualquer, especialmente se for tribo política.
As tribos nos emburrecem, especialmente as políticas. Elas se aproveitam da nossa fome psicológica de pertencimento. Achatam nosso pensamento individual e nos coagem à conformidade. Ser racional é resistir a esse tipo de viés de fábrica da nossa mente. blog.elivieira.com/manifesto-isen…
