João, parabéns pela iniciativa.
Vou fazer uns contrapontos a seguir, a partir de uma conversa que tive com o @FaustoRevIndBR .
Vi q gente da qualidade do @PMorceiro já entrou com tudo, mas faço de conta q só conheço a tua "levantada de bola"
A lista de itens liberados para importação pelo MEcon é uma boa pista. Está composta de 61 produtos, de 16 capítulos.
Como vc, entendo q o PCI desses produtos é bom guia de quão difícil é produzi-los – e tb de quão difícil seria adquiri-los no mercado internacional
Ñ é possível saber os exatos SH2 dessa lista, mas qdo isso aconteceu subi 1 nível.
Pelas descrições a 4 ou 6 díg, ñ parece q houve perda importante de acurácia, mas alguns itens muito específicos – p. ex. azitromicina e derivados de cloroquina – exigiriam análise adicional
Vou usar um parâmetro para ter uma noção da demanda: o BIRD estima em 10% do PIB mundial o gasto com saúde, ou seja, aproximadamente USD 8,5 tri.
O Brasil gasta 11,7% do PIB, ou seja 222 bi com saúde, ou seja, 2,61% do total mundial
Da lista do MEcon (in.gov.br/en/web/dou/-/r…), 35 itens são de complexidade > ECI do Brasil (0,608 na medida do Observatório oec.world/en/), oscilando de 1,5 para o carboxipolimetileno (HS 92 = 390690) até 0,63 para derivados de cloriquina (HS 92 = 3004.90)
O primeiro desses, HS 92 390690, parece ser um dos gargalos mais prováveis, pois o Brasil é relativamente bastante importador desse conjunto de itens, com 1,8% do total mundial (na média Brasil importa pouco mais de 1% do total global), e exporta apenas 0,47%
Dado o porte do sist de saúde brasileiro (2,6% do 🌐), aparentemente parte significativa da demanda é suprida com prod local. É boa notícia q, com 4% do tot, 🇧🇷 é significativo exportador do produto conexo HS 92 291614, “Methacrlic Acid...”, ainda mais complexo (1,73)
Outro item preocupante é Antisera and other blood..., onde estão os kits de teste necessários (ou parte deles). É complexo (PCI = 1,18) e 🇧🇷 não exporta.
Por outro lado, importa apenas 0,4% do total mundial, de forma que 85% de sua demanda é atendida localmente
Contudo, notícias de q milhões de testes teriam sido adquiridos (importados, em boa parte, possivelmente) e que Fiocruz e Butantã poderiam multiplicar prod já em abril, reduzem chances de gargalo crônico
Um juízo mais preciso dependeria de averiguar melhor a cadeia produtiva, sobretudo em reagentes, já que a química fina é um dos mais conhecidos calcanhares de aquiles de nossa indústria.
Sem querer ser exaustivo, o caso dos famosos “ventiladores” (HS 901920, “Therapeutic respiration apparatus”, PCI 0.948), não parece tão preocupante, exceto pelo fato já apontado de q se trata provavelmente de um bem que normalmente usa muitos componentes eletrônicos
Mais uma 1 vez 🇧🇷é fraco exportador (< 0,3%), mas tb importa pouco.
Tvz nesse caso a demanda possa ser melhor estimada pela relação com leitos UTI.
Com 42,2 mil leitos desse tipo, ou seja, mais de 8% do total mundial, parece-me razoável estimar q o Brasil é um produtor significativo (ainda q possivelmente importe muitos componentes e eventualmente quase-CKDs)
A conexão desse bem c equip de odontologa sugere capacidade de conversão ñ negligenciável.
Nesse caso, 🇧🇷é razoável exportador (0,8% do 🌐) e, sabendo q é um segmento relativamente bem desenvolvido domesticamente, pode-se especular q a capacidade de conversão é provável
(Reforça esse juízo informação que ouvi de nosso amigo comum @FaustoRevIndBR que ainda “restam” 10 produtores nacionais (quais?), embora de porte pequeno a médio)
Haveria q verificar cadeias produtivas desses produtos de alto ECI e/ou nos quais país é fortemente importador (há alguns itens q importamos muito mas q são simples, portanto, em princípio, fáceis de produzir ou de adquirir a 3os), verificando insumos de alta complexidade
Chamo atenção p/ problema de estimar a duração desse esforço: em caso de mobilização coordenada em prol de uma conversão produtiva p/ além da capacidade produtiva já existente: quais as capacidad tecnológicas existentes nas ICTs conectadas às firmas das CNAEs respectivas?
Essas ICTs podem ser mobilizadas na criação de capacidade industriais mais avançadas quando se supõe uma ampliação com sofisticação produtiva a longo prazo...
...por outro lado, em um cenário desse tipo, a questão da sustentabilidade econômico-financeira dessa nova capacidade teria de ser considerada. Caso não seja razoável supor q ela seria competitiva após a desaceleração da epidemia, teria que se pensar em ....“desconversão”
Outra hipótese seria fazer uma aposta ousada na direção de uma retomada do incipiente, mas relativamente bem sucedido, ensaio de política industrial pró ativa que foi praticada no Brasil a partir da chamada política de genéricos até 2016
O próprio aprofundamento do diagnóstico sobre o porte e diversidade do “sistema setorial de saúde” nacional ajudaria a considerar como mais ou menos pertinente essa abordagem