Eu realmente preciso maneirar minhas referências nerds. 👀
Haha.
Se tem um assunto cercado de mitos é o sexo anal. Obviamente devido a todo o peso moralista e cis-heteronormativo que o acompanha, embora a sua prática seja extremamente comum tanto entre héteros, como entre LGBT+.
Vamos desfazer alguns mitos:
1 - Dor: não acredito que seja o sexo mais simples de todos, pois envolve a disposição e anatomia de cada pessoa. O esfíncter anal é um músculo e conseguir relaxá-lo para não sentir dor demanda tempo e prática. Muitas pessoas me reclamam que não
conseguem ser passivas e o que podem fazer quanto a isso. A dica é: treine. E abuse da lubrificação. E tente começar com dedos, pênis não tão grandes ou consolos menores. Respeite seu tempo. E seu corpo.
2 - Chuca: o medo de ‘passar cheque’ (sujar) realmente gera muita apreensão
na pessoa passiva e dificulta ainda mais o relaxamento. Quem ainda não leu meu ‘Tratado de Chucologia’ corre lá. Fazer a lavagem intestinal não é obrigatória para sexo anal, principalmente se você tem um hábito intestinal regular. Mas se quiser fazer, existem dicas para que seja
feita de maneira mais saudável.
3 - Fissura anal: uma fissura é um ferimento, uma espécie de corte, que acontece na mucosa retal principalmente nos casos em que você não utiliza a lubrificação adequada ou é penetrado de maneira violenta. Portanto tome cuidado, respeite
seus limites. Fezes endurecidas também podem machucar gerando o mesmo problema. Fissuras doem, causam sangramento e precisam de acompanhamento com coloproctologista.
Já a doença hemorroidaria não é causada por sexo anal, mas seus sintomas podem piorar com sua prática.
4- HIV: a gente sabe por definição que por ser um sexo traumático e não ter lubrificação natural (microfissuras, micro sangramentos) o risco biológico de transmissão do HIV no sexo anal DESPROTEGIDO é bastante alto, girando na casa de 1 a cada 72 exposições para quem é penetrado.
E para o ativo também não é baixo. Mas tudo isso pode ser facilmente compensado com o uso de preservativo, gel lubrificante e de PrEP (profilaxia pré-exposição para o HIV) que consegue uma proteção altíssima para o sexo anal. Para as demais ISTs (sífilis, gonorreia, clamídia)
a principal ferramenta continua sendo o querido preservativo.
5 - HPV: verrugas anais, câncer de ânus e de reto, realmente são problemas importantes que podem estar relacionados ao sexo anal (na verdade a qualquer tipo de sexo, já que é uma infecção extremamente comum).
Como já disse, o preservativo protege pouco em relação ao HPV, pois ele não cobre toda a área exposta. O ideal é que toda pessoa seja vacinada contra o HPV antes de iniciar a vida sexual (adolescentes e pessoas vivendo com HIV até 26 anos conseguem gratuitamente pelo SUS). É
importante que todo mundo que pratique sexo anal passe no coloproctologista de maneira periódica para fazer rastreio de lesões possivelmente malignas ou tratar condilomas (verrugas) que surgirem. É um cuidado integral de saúde.
6- Endocardite: MITO! Não existem evidências que
comprovem que sexo anal aumenta a chance de endocardite bacteriana (infecção na membrana interna do coração). Se você tem uma infecção disseminada, seja de origem sexual, pulmonar, renal ou cutânea, ela pode sim cair na corrente sanguínea e raramente cursar com endocardite. Mas
depende de vários fatores como tipo de bactéria e doenças preexistentes.
Enfim, sexo anal é prazeiroso, é saudável e não é errado. É apenas sexo. Pode ser para você. Mas também não ser.
Nem todo gay gosta de fazer, acredite.
E muitos héteros já gostam.🤓
Tem a ver com seu desejo. E se você faz com proteção, informação, orientação profissional (olha eu aqui 💁🏽♂️), tem tudo pra ser uma experiência válida.
🚨 O SUS agora tem remédio pra tratar COVID-19 leve e moderada
Para pessoas com mais de 65 e pessoas com imunidade baixa
2 comprimidos 12/12h por 5 dias
Mas muita gente nem sabe!
O remédio diminui hospitalização e mortalidade em até 86%!
Compartilhe ❤️🩹
O medicamento já se encontra disponível em vários municípios.
Informe-se sobre o protocolo do seu município.
Deve ser iniciado no máximo até o 5o dia de sintomas após teste confirmatório de COVID, seja antígeno ou PCR. Não é indicado para pessoas que estão precisando de oxigênio e internação (formas graves).
2 comprimidos de nirmatrelvir + 1 comprimido ritonavir, 12/12h, por 5 dias
Pessoas com alteração moderada da função renal (filtração entre 30 e 60ml/min) devem ingerir 1 comprimido de nirmatrelvir nas tomadas, em vez de 2.
🚨 Quem pode pegar pelo SUS?
- Pessoas com mais de 65 anos
- Pessoas com alteração da imunidade (vivendo com HIV com CD4 < 200, tratamento de câncer, transplantados, em uso de corticoide, defeitos genéticos da imunidade, em uso de imunobiológicos e renais não dialíticos)
🚨 Quem tem indicação de tomar, mas no momento não consegue pelo SUS?
Diabético, hipertenso, obeso, tabagista, portador de DPOC, anemia falciforme e doenças neurológicas.
Precisa de receituário comum em duas vivas.
Não é necessário mais levar resultado de exame ou ficha de notificação.
E você, já fez a sua parte?
Tomou todas as doses das vacinas?
A situação pode ter melhorado, mas COVID não embora tão cedo.
Seja cidadão e previna-se. ❤️🩹
Minha opinião sobre o Profissão Repórter sobre HIV e sexo químico.
Acabei de assistir!
Primeiramente quero dizer que fiquei emocionado de ver TANTA gente importante e querida participando.
O Dr. Fábio Mesquita
O Dr. Bernardo Maia
Os ativistas David e Lucas Raniel
As ONGS Multiverso e Barong com Pierre e Fabi
Os funcionários do CRT e Emílio Ribas
Falaram de PrEP, PrEP sob demanda, Indetectável = intransmissível, transmissão vertical, o novo comprimido único, prevenção combinada!
Sério, eu quase chorei nessa parte.
Um programa de TV aberta falando de tudo isso: foi maravilhoso!
Já em relação ao sexo químico reconheço que faltou representatividade de outros públicos além do LGBT.
O sexo químico é conhecido internacionalmente como uma prática entre homens gays cis.
O nome originalmente foi criado pra esse grupo, mas a prática certamente envolve outras populações.
Sei de fontes confiáveis que nossa ONG queria levar o pessoal da reportagem para um baile funk na periferia, onde também há prática de sexo químico, mas houve um impedimento no dia devido ao transporte.
Teria sido fantástico, mas não rolou.
Também faltou mais representatividade feminina, já que mulheres são parcela importante do público vulnerável ao HIV e IST’s.
Isso reforçaria a ideia de que HIV é assunto de todos, apesar de sim: ainda somos populações vulneráveis e nos infectamos proporcionalmente mais (10% população gay e 0,7% população geral), a conhecida epidemia concentrada.
Isso é fato e não devemos relativizar.
Mas pessoal: fazer televisão não é simples. Nem trabalho de uma pessoa só.
Posso garantir que as pessoas que deram entrevistas, profissionais e voluntários, trabalham arduamente nessa causa e fizeram seu melhor!
O copo para mim está metade cheio. Bem cheio, aliás.
Estou nessa causa há 9 anos e sei o quanto é difícil ter espaço pra falar dessas pautas, principalmente em momentos de tanto conservadorismo.
Talvez um programa apenas sobre HIV e outro sobre sexo químico fosse o ideal.
Pra dar mais profundidade para as pautas.
Criticar é fácil e geralmente as piores críticas vêm de quem não faz nada pela causa.
Quem está nas trincheiras sabe o quanto é difícil construir algo.
Perfeito? Não foi.
Nunca será.
Estamos há 40 anos falando disso, se fosse simples já tava resolvido.
Mas trouxe um destaque, um olhar e sim deve ter tocado no coração de muita gente.
O estigma deve ser combatido diariamente, não é um programa de televisão passando meia noite depois do BBB que vai mudar isso.
É responsabilidade coletiva.
Faça sua parte também antes de só apontar falhas dos outros.
A causa do HIV é de todos.
Vencer a Aids é tarefa de todos.
E se não houver união e críticas construtivas, esse caminho se torna muito mais difícil.
É minha opinião.
Parabéns aos repórteres e a todos envolvidos. Sigamos avançando.
Mais uma vez a mídia mais desinforma, que informa.
Beira o mau caráter.
Alguns esclarecimentos:
- Não é vírus. É uma bactéria nossa velha conhecida: Streptocococcys pyogenes, causa comum de infecções de garganta, de pele e febre reumática.
- Não ‘come’ ânus. Ela pode colonizar (estar presente) em orifícios, como ânus, boca, narinas e genitais.
- Não é transmitida pelo sexo, mas sim por contato por gotículas (tosse), superfícies contaminadas e secreção nasal.
- Essa forma grave é chamada síndrome do choque tóxico, causada por cepas mais virulentas (agressivas) que produzem toxinas e geram
•Febre
•Pressão baixa
•Disfunção de órgãos
•Manchas no corpo + Descamação
Provavelmente são essas cepas produtoras de toxinas que estado circulando no Japão.
- O tratamento é com antibióticos, principalmente da classe das penicilinas.
Ainda não temos vacina.
- Prevenção é higiene pessoal, saneamento básico e etiqueta da tosse.
Muitas pessoas já são portadoras assintomáticas dessa bactéria, ou seja, têm ela no corpo mas nunca sentiram nada.
Provavelmente cepas menos agressivas.
Não é IST!
Tem nada a ver com beijo grego essa bactéria.
Ela está na pele, nas secreções e nos orifícios citados, então se você tem contato com alguém doente, pode se infectar. Mas nem todo mundo vai adoecer.
No Japão, entretanto, estão observando muita gente adoecendo, por isso a preocupação. Ainda não se sabe porque estão vendo casos tão agressivos.
Mas ainda não foi nada dito sobre transmissão por anilingus (beijo grego). Não tem nada a ver com sexo anal.
Em breve falarei mais.
Só fiz esse post hoje porque muita gente tá apavorada e uma parte da mídia não faz nada direito.
Felizmente temos jornalistas sérios que vão desmistificar isso.
O ideal seria todes utilizarem preservativo no sexo oral, que pode sim transmitir HIV, hepatites e IST’s. Mas convenhamos: isso não acontece. Por isso, pensando no mundo real, juntei dicas importantes para diminuir os riscos dessa prática. Fiz com muito carinho. Compartilhe.
Sexo oral é sexo, não é preliminar. Portanto tem sim riscos para HIV e IST’s. O ideal seria todes utilizarmos preservativo. Mas como isso não acontece, seguem dicas pra diminuir os riscos:
1 - Teste-se regularmente para HIV, sífilis e hepatites.
No Brasil as testagens podem ser feitas pelo SUS nas UBS, SAE’e e CTA’s. A frequência vai variar de acordo com a frequência da sua exposição, mas pelo menos 1 a 2x por ano é indicado para pessoas com vida sexualmente ativa.
Se você vive com HIV e está indetectável ha 6 meses não trasmite o vírus por via sexual, mesmo com ejaculação.
2 - Teste-se para gonorreia e clamídia na orofaringe (garganta). O CDC estadunidense já recomenda exames de PCR para gonorreia e clamídia para todos homens que fazem sexo com homens (HSH), a cada 3-6 meses e para mulheres jovens <24 anos após troca de parceiros (??). Como se mulher tivesse que ter um parceiro só.
3 - Tome vacinas contra HPV, Hepatite A, Hepatite B e Meningite C.
O HPV é altamente transmitido por sexo oral e está e relacionado à câncer de garganta.
A Hepatite A é transmitida pelo sexo oral no ânus (beijo grego), com risco de hepatite fulminante (perder o fígado).
A Hepatite B possui transmissão sexual 60 a 100X mais eficiente que o HIV.
E a nossa garganta pode ser reservatório de bactérias causadores de meningite (Neisseria sp.). Estudos ja demonstraram um risco 10x maior de meningite meningocócica em homens gays e o CDC passou a recomendar a vacina ACWY.
4 - Evite que ejaculem na sua boca. O esperma contém grande número de particulares virais de HIV e bactérias, portanto o risco aumenta exponencialmente. Se ejacularem, cuspa ou engula, já que geralmente a maior chance de transmissão é enquanto o líquido está na cavidade oral e após ser ingerido será inativado pelo suco gástrico.
5 - Para sexo com pessoas com vagina evite sexo oral durante período menstrual ou corrimento não fisiológico (fora do habitual).
O sangue menstrual aumenta o risco de transmissão de HIV e hepatites, e o corrimento pode representar infecções por gonorreia, clamídia ou tricomoníase.
6 - Escove os dentes ou passe fio dental apenas 2h antes ou 2h após o sexo oral.
Pesquisadores da Universidade da Geórgia concluíram que o ato de escovar ou passar fio dental abre ferimentos, micro fissuras e ocasiona sangramentos que são portas de entrada para HIV e IST’s. Principalmente se feito de maneira vigorosa. Alimentos duros que podem machucar as gengivas também.
Para manter um bom hálito prefira uma bala refrescante ou um enxaguante bucal sem álcool.