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#Thread ⚽️ Umas ideias sobre os negócios do #futebol, a propósito da transação agora anunciada da compra de um jovem talento do #FCPorto pelo @Wolves por €40 milhões. O muito sintético comunicado do @FCPorto à CMVM está aqui: web3.cmvm.pt/sdi/emitentes/… (1/19)
Foi um bom negócio para o FCPorto? Aparentemente sim. Um jogador ainda com pouca experiência na equipa principal sair por €40 milhões, conhecendo o balanço da SAD, é um importante balão de oxigénio. Também o seria para o #Sporting. Para o #Benfica menos ... (2/19)
porque entre os balanços dos ditos 3 grandes o Benfica tem, de facto, as contas mais robustas. O que mais me interessa no negócio não são tanto os protagonistas, mas antes o contexto da operação: o futebol na Europa continua a viver de intensa especulação. (3/19)
É sobretudo uma especulação consubstanciada nos valores estratosféricos que os clubes pagam por direitos económicos de jogadores que são uma promessa mas não uma certeza. Ano após ano a maior parte dos clubes de média e grande dimensão (4/19)
compra jogadores na expectativa de que a curto ou médio prazo os possa revender com elevadas mais valias. É um negócio de alto risco. Não é exclusivo do futebol: na prospeção petrolífera há investimentos milionários em poços que podem afinal ser secos. (5/19)
Mas o futebol europeu teve ao longo dos anos uma escalada no valor de um dos seus principais ativos: os jogadores. Esse processo teve a colaboração dos media, vendendo fábulas sobre jovens promessas e putativos interessados. (6/19)
Podemos sempre argumentar, legitimamente, que se os jogadores são vendidos a valores estratosféricos é porque há quem esteja disposto a pagar. Não é muito diferente da especulação imobiliária. É o mercado a funcionar? É. Mas com que regras? (7/19)
Os clubes têm problemas de liquidez, com contas + dependentes de resultados extraordinários, como a venda de jogadores, do que de rubricas previsíveis, como a bilheteira, patrocínios e direitos televisivos. Em março o @expresso publicou isto 👇 expresso.pt/economia/2020-… (8/19)
Assim, a capacidade de cada clube cumprir as regras de #financialfairplay está cada vez + dependente dos ganhos na venda de jogadores. É aí que entram os agentes. E no negócio de €40 milhões agora anunciado fica evidente o relevo de #jorgemendes. (9/19)
Como é público, Jorge Mendes tem desde 2015 como parceiros na Start SGPS (dona da #Gestifute) a chinesa #Fosun, que é desde 2016 dona dos @Wolves. Em #FootballLeaks o @expresso também escreveu sobre o assunto 👇 leitor.expresso.pt/semanario/sema… (10/19)
A Fosun, que não anda por aí para perder dinheiro, é também acionista do BCP, do ClubMed, entre dezenas de investimentos espalhados pelo mundo. Ou "prejects", como por lapso se apresenta a Fosun no site do @Wolves 👇 (11/19)
Os clubes europeus têm vindo a captar investidores das mais diversas origens. Dos Emirados Árabes Unidos (Man. City) à China (Wolves), passando por Angola (Sobrinho > Sporting), os exemplos não faltam. A questão, além da proveniência dos fundos, coloca-se no plano (12/19)
do fair play financeiro: a injeção de dinheiro nos clubes, por via de um acionista com bolsos fundos, ou de um patrocinador a ele ligado, desvirtua ou não a capacidade de os clubes competirem de forma justa dentro das quatro linhas, sem o campo inclinado à partida? (13/19)
Como o @EICnetwork também mostrou em #FootballLeaks em 2018, o controlo que a @uefa fez nesta matéria (FFP) deixou sérias dúvidas sobre a efetiva vontade de travar o doping financeiro em algumas das maiores potências do futebol europeu. (14/19)
Voltando atrás, ao @wolves, não há uma questão de falta de transparência. Sabemos quem são os donos, sabemos da sua ligação ao maior intermediário do futebol europeu e sabemos que tem as contas publicadas, aqui👇beta.companieshouse.gov.uk/company/019898… (15/19)
E as contas do mais português clube de Inglaterra mostram que o último ano deu lucro, mas os resultados acumulados ainda estão no vermelho e em maio 2019 o @wolves tinha capitais próprios negativos de £40,7 milhões. Um "buraco", portanto. 👇 (16/19)
Embora as contas do clube pareçam estar a recuperar, a verdade é que ainda este ano o clube da Fosun recorreu a um financiamento de £50 milhões do banco australiano MacQuarie. E daí? Também os clubes portugueses fazem empréstimos obrigacionistas. E outros. (17/19)
É verdade. O futebol é um negócio, como qualquer outro. Há empresas com balanços mais sólidos, outras no sufoco, há empréstimos, factoring e instrumentos diversos para manter o negócio em operação. Mas as transações de passes de jovens jogadores por verbas astronómicas (18/19)
sugerem que há, nesta indústria, a firme convicção de que mais tarde alguém os recomprará mais caros ainda. Será sustentável esta forma de gerir o futebol? Qual o lugar dos adeptos na equação? Essa parecia ser uma das preocupações de @RuiPinto_FL em #FootballLeaks. (19/19)
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