Um 1º tempo modorrento. Do jeito que o Sport queria e Jair planejou. Mas a leitura de jogo de Dome e a análise de como encontrar os espaços deixados pelo adversário fizeram a diferença no 2º tempo. Segue o fio e vamos trocar uma ideia sobre como Dome mudou o jogo.
Dome manteve o 4-2-3-1 e mesmo com os desfalques de Arrascaeta e ER7, armou o time para tentar manter ao máximo a estrutura do time. Diego entrou como meia central e Gérson empurrado para a meia-direita, dando espaço a volta de T. Maia como volante.
Gérson é talvez o jogador com características mais parecidas a de É. Ribeiro no elenco. Meia canhoto, tem como tendência puxar as jogadas pra dentro, abrindo o corredor para Isla atacar. Mesma dinâmica que ocorre quando ER7 está em campo.
Ainda na escalação inicial, vale o destaque para os meninos Hugo e Natan, que aparentemente parecem ter furado a fila e surgem como opções fortes para disputa de reserva imediato e, quem sabe até a titularidade. César, Gabriel e Léo Pereira parecem ter perdido espaço.
Pelo lado do Sport, Jair Ventura manteve a mesma escalação que jogou contra o Bahia. Um 4-2-3-1 com o trio de meias Thiago Neves, Mugni e Marquinhos, Hernane no comando de ataque e Patric como válvula de escape pelo lado direito.
A estratégia de Jair era clara: marcação muito forte a partir de duas linhas de 4 em bloco baixo e bem compacto. Tiago Neves e Hernanes ficavam mais a frente das linhas fazendo pressão ao portador da bola.
E essa estratégia foi muito bem aplicada no 1T. O jogo ficou amarrado e o Sport dobrava, e as vezes até triplicava a marcação, sobretudo fechando as linhas de passe pelo meio. A única opção de jogo para o Fla era os lados do campo.
Só que o Flamengo facilitava a vida do sistema defensivo do Sport com uma circulação de bola muito lenta, permitindo o adversário a balançar o bloco defensivo mais rapidamente que a circulação da bola.
Todo o bloco defensivo do Sport reagia e se movia para o setor onde a bola estava. Com a bola do lado direito, os jogadores se moviam para esse lado para gerar superioridade numérica na marcação. Quando a bola ia pro lado esquerdo, o mesmo acontecia.
A opção mais viável para o Flamengo encontrar espaços era fazer viradas de jogo mais rápidas, usando passes longos para encontrar o extremo aberto do outro lado do campo. Só que essa estratégia foi pouco utilizada no 1º tempo.
Por outro lado, o Flamengo conseguia controlar bem as poucas investidas do Sport, que até teve dois lances de perigo, mas nada além disso. A verdade é que foi um primeiro tempo em que as defesas prevaleceram aos ataques.
E como a estratégia de Jair era justamente marcar forte e baixar o ritmo do jogo, podemos dizer que o Sport executou com mais eficiência sua ideia de jogo que o Flamengo de Domènec.
Mas sabe aquela estratégia de virar o jogo mais rápido pra encontrar o extremo em superioridade? Pois é. Dome e sua comissão técnica identificaram essa mesma necessidade e, já nos primeiros minutos do 2º tempo vimos o Fla tentar essa jogada diversas vezes.
Na primeira, com passes mais curtos, porém mais rápidos que os praticados no 1T, o Fla ficou em igualdade numérica no lado esquerdo. Vale ressaltar o apoio de Thiago Maia nessa jogada buscando o entrelinhas, algo que se tornou mais frequente no 2T.
No lance seguinte, virada de jogo com lançamento longo. Arão encontra Gérson no 1x1 contra Luciano Juba, que acaba virando um 2x1 com a ultrapassagem do Isla. Gérson prefere o passe pro meio, o Fla perde a posse, mas o caminho das pedras começava a aparecer.
Dois minutos mais tarde, de novo a mesma jogada. Filipe Luís faz belo lançamento para Gérson que está de novo no 1x1 contra Juba. Isla novamente faz a ultrapassagem e não recebe. Só que o espaço pelo meio agora existe e após boa troca de passes, sai o primeiro gol.
Esse primeiro gol quebra a concentração do sistema defensivo do Sport que passa a ceder mais espaços e o Fla amplia o placar para 3x0 rapidamente e com certa facilidade.
O segundo gol sai com Gustavo Henrique que sim, vai muito bem nos duelos aéreos. Para quem pensa o contrário, saiba que ele é o quarto defensor do Brasileirão que mais ganha disputas aéreas a cada 90 min com um percentual de aproveitamento de 71%. Brigue com os números se quiser.
O terceiro gol sai com participação fundamental de Pedro. Primeiro fazendo o pivô e atraindo nada menos que 4 jogadores do Sport, abrindo espaço para quem vem de trás. Quando a bola chega em BH, Pedro já está atacando a área por trás dos defensores, justamente onde há espaço.
E o domínio e finalização é de quem tem muita qualidade. Cada vez mais o Flamengo molda suas ações ofensivas a partir das características de Pedro. Que fase está o atacante. Já é o quinto jogo seguido marcando pelo menos 1 gol.
Com o 3x0 no placar o Sport perdeu o rumo do jogo e o sistema de marcação que era muito forte, ruiu. O Flamengo continuou buscando o ataque, mas de uma maneira mais controlada e sem tanta intensidade. Afinal, o jogo já estava resolvido.
O Sport de Jair vê a derrota interromper uma boa sequência de 3 vitórias seguidas. Mas as aspirações do time pernambucano são bem diferentes e uma derrota para o Flamengo fora de casa não pode ser considerada fora do normal.
A sequência de jogos para o Flamengo será intensa e complexa. São 6 jogos nos próximos 15 dias. O tempo de descanso é curto e poupar os jogadores fisicamente é necessário e compreensível. Com jogadores importantes servindo suas seleções, ter todo mundo inteiro será essencial.

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7 Oct
QUAL ATACANTE TEM MAIS PODER DE FOGO NO BRASILEIRÃO?

Análise gráfica da relação entre número de finalizações e taxa de conversão dos atacantes pode mostrar algumas conclusões interessantes. Veja como está o atacante do seu time e entenda o gráfico nesse fio.
Perceba que o gráfico tem 4 quadrantes:
1) Superior direito- muita finalização com alta conversão
2) Inferior direito - muita finalização, mas baixa conversão
3) Inferior esquerdo - pouca finalização com baixa conversão
4) Superior esquerdo - pouca finalização, mas alta conversão
No quadrante superior direito temos jogadores que conseguem finalizar bastante e convertem grande parte das chances que tem. É o melhor dos dois mundos e é, portanto, os atacantes de maior destaque no gráfico. São eles: Thiago Galhardo, Pedro, Marinho e R. Kayser.
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5 Oct
Se o Flamengo teve o retorno de alguns jogadores importantes no time titular, Eduardo Barros trouxe um CAP praticamente todo reserva. O Athletico não perdia há 6 jogos e até fez bom início de 1T, mas não conseguiu segurar um Fla que cresceu demais na segunda etapa. Segue o fio.
O 4-2-3-1 ganha cada vez mais sequência no Flamengo. Apesar do retorno dos laterais titulares, o Fla não tinha Thiago Maia poupado por desgaste físico. Assim, a dupla de volantes teve Arão e Gérson. Na linha de meias, BH na esquerda, Vitinho na direita e Arrascaeta por dentro.
Do lado do CAP, nomes importantes como Wellington, Erick, Christian e Cittadini foram poupados devido à sequência pesada de jogos e Eduardo Barros trouxe um time bem alternativo. 4-4-2 com losango no meio e destaque para o recém contratado Renato Kayzer no comando de ataque.
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1 Oct
O Flamengo precisava responder à sapatada que levou do Del Valle na semana passada. Não importa se o time estava recheado de meninos ou se metade do elenco ainda estava fora por COVID. E com uma mudança de estratégia tática e a superação dos meninos, conseguiu. Segue o fio...
O Flamengo ainda estava remendado devido aos casos de COVID no elenco. Alguns jogadores importantes foram relacionados, mas sem condições de iniciar a partida, deram espaço a muitos meninos no 11 inicial. A linha de defesa era toda sub-20: Matheuzinho, Noga, Natan e Ramon.
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30 Sep
Na base Lincoln era considerado diferente. “Centroavante como poucos”, diziam. Hoje com apenas 19 anos e já há 3 anos no elenco profissional, @Lincoln9 paga por ter passado por uma das piores transições base-profissional que o Flamengo já fez. Segue o fio...
Lincoln iniciou sua trajetória no Flamengo em 2011, quando tinha 11 anos de idade. Com 1 ano de clube, aos 12 anos, já fechava seu primeiro contrato de patrocínio com uma fornecedora de material esportivo.
Nessa época já mostrava ser diferenciado e com 13 anos já era convocado para seleção de base e pulou sua primeira etapa, subindo direto para o sub-15. Assim começa sua saga de pular etapas de formação. Mas por que isso pode ser tão prejudicial?
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28 Sep
O jogo começou muito antes do juiz apitar. O circo da cartolagem foi criado. O contexto afetou e muito o campo. Ainda assim, podemos tirar algumas ponderações táticas da partida. Quem esperava ver protagonismo do Palmeiras, acabou vendo algo bem diferente. Vamos de fio. Image
O catadão de garotos do Flamengo foi a campo no 4-2-3-1 já padrão de Domènec. Gérson e T. Maia como volantes, Arrascaeta com muita liberdade na meia central e Pedro como único atacante traziam a única dose de experiência para um Fla praticamente todo sub-20. Image
A responsabilidade claramente era toda dos donos da casa. O Palmeiras veio completo, sem desfalques. Luxa entrou num 4-4-2 em losango. No meio-campo: Patrick de Paula na base, Zé Rafael e Lucas Lima nos lados e G. Menino como meia mais avançado. Image
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É simplesmente impossível falar da partida sem falar desse contexto. O cenário criado pela cartolagem atrapalhou a preparação da partida em todos os aspectos. Jogadores, comissão técnica, arbitragem, logística, emissoras de TV, patrocinadores, público... todos foram prejudicados.
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