Graças aos guerreiros de injustiça social que criticaram o fato de eu fazer listas específicas de cientistas sociais, o número de inscritos nelas subiu muito de ontem pra hoje. Vou deixar o link e breve descrição abaixo.
Negras/os brasileiras/os que são cientistas sociais profissionais.
Apesar das críticas, o PIB per capita continua sendo um belo indicador de progresso social. Isso ocorre porque aumento da riqueza agregada geralmente significa aumento da produtividade do trabalhador (salários + altos) e maior capacidade do setor público em prover serviços.🧵👇🏽
Há economistas dizendo que “calote em dívida emitida em moeda soberana é impossível”. Historiadores econômicos catalogaram + de 200 episódios de calote em dívida interna. Se sua teoria diz que algo que aconteceu + de 200 vezes é “impossível”, vc deveria mudar a teoria. 👇🏽
A afirmação parece óbvia a princípio: se você pode imprimir dinheiro ou rolar a dívida, como você pode ir à falência? Mas uma avaliação mais refinada mostra como essa aparente obviedade não se sustenta.
Um governo nem sempre pode rolar sua dívida, porque isso depende da existência de suficiente demanda por seus títulos. Se a demanda por títulos públicos cai, os preços que equilibram esse mercado caem (e, como consequência, os juros necessários pra eq oferta-demanda aumentam).
Hoje me chamaram a atenção para esse novo relatório da @Oxfam, que informa que a riqueza de bilionários teria subido mesmo com toda a pandemia. Eu fui ver a metodologia do estudo e encontrei uma supresa. Segue o fio 🧵
Eles escolheram como início da contagem 18 de março e não 1 de janeiro. A princípio, nenhum problema, né? É só uma data arbitrária.
Quando a gente olha para os índices que mostram os preços dos ativos financeiros (e com os quais a riqueza dos bilionários flutua), a gente percebe que 18 de março foi a mínimo depois de uma queda de quase 40% da IBOVESPA. Valor atual é abaixo de 1/Jan/2020.
Há alguns meses a @juliambraga fez esse fio -- e eu fiquei devendo a ela seguir respeitosamente debate. Ela argumenta de q n é possível dizer q a mudança na política econômica c/ Meirelles+Teto indica uma redução no prêmio de risco brasileiro pq ele move junto c/ outros países.
É verdade q as medidas de risco dos países se movem juntas. Existe um componente comum fazendo essas medidas flutuar. Abaixo comparamos o Brasil com uma média da AmLatina e quase Brics (não tem Índia). Em todos os casos o prêmio sobe em 15 e cai em 16. O ponto da @juliambraga.
O problema desse raciocínio: dizer que há algum co-movimento não é suficiente para dizer que não efeito sobre o prêmio de risco. Se existe um componente comum aos vários países do prêmio de risco, há também um componente que é idiossincrático (específico) a cada país.
Eu demorei muito tempo para entender a ideia de racismo estrutural. A forma como eu consegui racionalizar isso é a seguinte: mesmo se amanhã a gente acordasse numa utopia pós-racial em q ninguém fosse explicitamente racista, negros continuariam sistematicamente em desvantagem.
O fato de historicamente os negros terem convivido no Brasil com escravidão e políticas oficiais de eugenia (p.ex., durante a Era Vargas) formam um legado que se perpetua no tempo: negros são menos escolarizados, recebem menos, tem menos bens, em geral n estão em cargos d poder.
Por isso, mesmo que a polícia fosse “racialmente neutra”, ela continuaria matando mais negros. Negros continuariam sendo minoria nas universidades e nos espaços de poder. Mesmo que os racistas acabassem, as consequências do racismo continuariam aí.
O “liberalismo do Alabama” presume que intervenção estatal = socialismo. Isso é falso, afinal você pode aumentar a eficiência da economia com intervenções específicas. Mas é tb burro: se as pessoas acharem que socialismo = Dinamarca e não URSS, o socialismo fica mto + atrativo.
O liberalismo é uma crença na dignidade humana, de q todo indivíduo tem o direito inalienável de escolher seu próprio destino. De q o futuro n está pré-determinado por sua casta, guilda ou raça. Isso passa por dilacerar o legado das instituições estamentais do passado.
É também um ode à ordem espontânea por meio da competição descentralizada. Essa tende a atingir melhor eficiência. Mas só chegamos próximos a isso sem grandes barreiras de entrada. Legado histórico da discriminação racial e de gênero é um entrave à eficiência de mercado!