Em 1850 os deputados brasileiros protegeram a riqueza fundiária das elites por meio das terras devolutas do Estado. Alegavam que ninguém trabalharia para eles se terras fossem distribuídas à população e aos imigrantes. Era preciso proteger sua riqueza. 170 anos mais tarde... 👇
A riqueza da elite é financeira e imobiliária. Sua proteção requer uma disciplina fiscal particular, que iniba o acesso do povo à riqueza coletiva: saúde, educação e infraestrutura públicas e, principalmente, a moeda estatal. O que ocorreria se esta riqueza for compartilhada? 👇
O principal efeito de uma democratização do orçamento público seria encarecer o preço do trabalho e diluir a riqueza da elite: 1) esta teria de pagar os tributos proporcionais à sua prosperidade relativa. 2) os filhos de diaristas e pedreiros teriam outras metas profissionais.
Estes são os reais medos envolvidos na defesa da austeridade em meio à calamidade. A narrativa de um descontrole inflacionário se apoia na intransigência de uma elite que não quer incluir o povo sob o teto estatal que a protege. E mais... não quer correr o risco que sustenta 👇
a narrativa da meritocracia que ela vende como sonho de ascensão social à base da sociedade. Não, nossa elite quer tx de juros alta pra remunerar sua riqueza sem esforço, enquanto mantém o trabalhador disputando as escassas e precárias vagas numa economia atrasada e estreita...👇
Este é apenas um dos sentidos em que o "terrorismo fiscal" é eficaz: justifica a eventual elevação da tx de juros sob o temor de um precipício inflacionário. Não precisa ser assim. Um ajuste fiscal pode ser inclusivo se reduzir os feudos orçamentários da elite e abrir espaço 👇
... para o povo no orçamento público. Erramos em 1850 ao não fazer reforma agrária, como fariam os EUA, a Finlândia e outras potências. Nossa elite tem mto medo de liberar o potencial produtivo do nosso povo. Por isso, rejeita a marcha arriscada ao futuro para manter o país 👇
... preso numa armadilha social que garante a tranquilidade do seu meio de vida enquanto difunde a paz dos cemitérios nos andares de baixo da sociedade. É traço típico de elites extrativistas na periferia do sistema.
A tecnologia já está eliminando os cercamentos da riqueza, destruindo mercados que ofereciam conforto aos empresários. As elites periféricas serão as próximas vítimas deste processo de mudança tecnológica mundial (as elites americanas já estão sentindo na pele).
A reforma do sistema fiscal-monetário atual em favor do povo é a reforma agrária do séc XXI. É a única maneira de nos protegermos dos riscos sistêmicos adiante. Perderemos novamente esta chance? É hora de um ajuste fiscal que promova a democracia e a prosperidade social.
Muitas são as pessoas que vêm me abrindo os olhos para diferentes dimensões da nossa desigualdade, mas quero salientar minha dívida intelectual com @elida_graziane, @profleocorrea e Gilberto Bercovici por ampliarem o escopo das minhas indagações. Os erros são todos meus.
Dívidas intelectuais mais antigas são as inevitáveis influências do Prof. Bresser-Pereira, Prof. Luiz Gonzaga Belluzzo, @marconi_nelson, @ProfFercardoso, o grande Gabriel Galípolo e o meu parça @paulogala. Eles são tbm responsáveis apenas pelos acertos das maltraçadas acima.
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As crises sistêmicas estão exigindo maior protagonismo do Estado. A Reforma Tributária precisa ser ajudada por um adensamento tecnológico da matriz produtiva. Maior eficiência na não implica arrecadar o suficiente para lidar com os desafios climáticos e sanitários adiante. 👇
A Lei de Wagner aponta para um crescimento "quase natural" do peso do gasto do Estado no PIB, em função da prestação de serviços fundamentais cuja qualidade é menos sensível a melhorias tecnológicas do que bens manufaturados. Serviços são caros mesmo em qualquer lugar do mundo.👇
O predomínio de externalidades negativas como pandemias e as mudanças climáticas requer um deslocamento maior de fundos da sociedade para financiar de decisões coletivas de prevenção e de atendimento aos efeitos destas calamidades. 👇
1- Os gráficos mostram maiores rendimentos associados ao rentismo cartorial (monopólio estatal) e o capital patrimonial de que falou Piketty (2014). A concentração dos rendimentos no poder judiciário evidencia a república de bacharéis que ainda caracteriza nossa sociedade.
2- Diferencial público-privado causa espanto e aguça rejeição a servidores públicos. Porém, quais são as causas do baixo avanço dos rendimentos do setor privado? A desigualdade de salários é imensa e, como @PSGala1 e eu discutimos em nosso livro, decorre da incapacidade...
Sai o marasmo da renda fixa; entram as turbulências diárias da renda variável! Com tanta liquidez, quem não aprender a nadar, vai sofrer!
Reportagem do FT sobre o novo momento da economia brasileira: inflação e juros baixos implicam uma mudança no financiamento do investimento.
Como mostra o gráfico a seguir, há muito recurso ainda a fugir dos baixos rendimentos da renda fixa (linha azul), conforme este títulos forem vencendo. O potencial de crescimento (linhas vermelha e azul clara) é enorme.
Os brasileiros já dominam o volume de ativos na B3, mostrando este deslocamento de recursos da renda fixa para a renda variável.