1. Você sabia que o governo autorizou, via Medida Provisória (e a reboque da EC 106), que o Banco Central possa comprar títulos privados de empresas com débitos trabalhistas, fiscais e previdenciários? Sabia que esse mesmo BC não pode comprar título público no mercado primário?
2. Pois é, no Brasil, o BC pode comprar no mercado secundário títulos emitidos por empresas com "nome sujo", que tem débito trabalhista e previdenciário (tipo a do velho da Havan). E como o BC arruma dinheiro para comprar esses títulos questionáveis da carteira dos bancos?
3. O BC cria dinheiro e troca por esses papéis de empresas com histórico de calote na previdência ou nos trabalhadores. P/ os economistas liberais, empresa caloteira emite títulos de muitíssima qualidade, logo não há nenhum problema no BC emitir dinheiro para comprar esses papéis
4. O que seria inadmissível, para esses economistas e para o @RodrigoMaia, seria a autorização para o BC comprar títulos do Tesouro no mercado primário visando, por exemplo, a gestão mais clara e ágil da política fiscal e monetária destinada à manutenção do auxílio emergencial.
5. Logo, comprar título livre de risco, emitido pelo Tesouro como contrapartida à prestação de serviços sociais é irresponsável na visão dos nossos economistas. Já comprar título de empresário que dá calote na previdência e nos trabalhadores é super responsável. Tá muito ok!
6. Vocês percebem como eles são " excessivamente responsáveis, cautelosos e duros" quando se trata de atuar para ajudar os miseráveis ao mesmo são verdadeiras "mães" quando se trata de ajudar empresa caloteira e para manter o balanço dos pobres bancos em equilíbrio?
7. Aliás, você sabia dessa autorização para o BC emitir dinheiro para comprar de título de empresa caloteira? A @folha ou o @Estadao fizeram alguma matéria sobre essa "irresponsabilidade monetária/fiscal"? Eu, ao menos, não vi ninguém falar disso. Enfim, jogo que segue.
8. Por fim, uma dúvida: como o governo tem dinheiro para comprar título de empresas caloteiras da carteiras dos bancos e não tem grana para ajudar os trabalhadores miseráveis. Quando é para banco, parece que dinheiro dá em árvore, bastando o BC criar. Já p/ os pobres, arrocho!

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13 Oct
MMT EM 10 PASSOS

1. Antes da pandemia, faltavam empregos p/ quase 30 milhões de pessoas. Outras tantas estavam na informalidade e em trabalhos precários. Saúde, educação e infraestrutura sendo sucateados. A desculpa? não havia dinheiro. Agora, com a pandemia, o dinheiro apareceu
2. Covid é um vírus que fabrica dinheiro? Alguns cínicos dirão que o dinheiro apareceu pq se trata de uma emergência. Ora, em 2019 o Brasil era uma maravilha mesmo com tanto desemprego e metade das nossas crianças crescendo sem saneamento BÁSICO? Isso não era emergencial?
3. Diziam que o Brasil precisava reformar a previdência para poupar 1 trilhão em 10 anos. Isso será só o déficit deste ano. Aliás, a previdência está tendo o maior déficit da história. E continua sendo paga sem nenhum problema. Sabem pq? Pq o governo, literalmente, cria dinheiro
Read 10 tweets
12 Oct
Vou aproveitar esse post (bem equivocado) para esclarecer algumas coisas que deveriam ser óbvias.

Se a tx de juros não é exógena, então seria algum espírito que determina, todo santo dia, a Selic Over? Seria o espírito que a faz seguir, exatamente, a tx meta fixada pelo Copom?
2. Vamos supor que o Banco Central acorde um dia de mau humor e resolva não fazer nada: o que aconteceria com a Selic over ? Tenderia a ZERO! Com déficits tão altos, o excesso de reservas iria jogar a taxa curta no chão.
3. Ainda bem que o Banco Central nunca acorda de mau humor e, todo santo dia, faz operações compromissadas, absorvendo o excesso de reservas (ou injetando, se for o caso). É só essa obviedade que significa dizer que a taxa curta é ... EXÓGENA.
Read 9 tweets
11 Oct
1. É lamentável - e sintomática - a miséria intelectual e moral revelada em um texto tão curto. O Presidente da @IFIBrasil revela atraso secular em relação ao estado da arte da ciência econômica. Trata-se de profunda ignorância - como veremos no fio a seguir - e/ou de oportunismo
2. Sobre a associação entre moeda gerando NECESSARIAMENTE inflação; trata-se de resquício bárbaro e imaturo encontrado apenas em alguns livros textos para iniciantes. A exposição do Salto se refere a uma versão barbara da velha Teoria Quantitativa da Moeda (TQM), como veremos.
3. A intuição da TQM, defendida por Salto, remonta, pasmem, ao século XVI, quando a entrada do ouro proveniente do Novo Mundo provocou uma alta de preços na Europa. Esquematicamente, deve muito a David Hume, que em 1752, estabeleceu as bases da teoria em seu ensaio Of Money
Read 22 tweets
7 Oct
Vocês percebem a funcionalidade do teto de gastos para os mais ricos mesmo se a gente partir de uma lógica econômica convencional ?
2. Quem aceita a necessidade e urgência do ajuste fiscal tem dois caminhos programáticos e não excludentes: cortes de gastos ou elevação de receitas (maior carga tributária).
3. Do lado da elevação da carga tributária, não há espaço politicamente aceitável para majoração de tributos indiretos, pois já temos uma das maiores cargas tributárias no mundo incidindo sobre bens e serviços, ou seja, incidente sobre as nossas grandes pobrezas.
Read 8 tweets
5 Oct
Obviamente, redes sociais, como o Facebook, possuem o poder de direcionar países inteiros para determinada estrutura política e ideológica. Eles não moldam apenas os hábitos de consumo das pessoas, mas, também, a visão de mundo. 1/16
E este direcionamento, obviamente, visa a atender os objetivos privados dos que detêm o controle dessas redes. Proprietários que, também, possuem o controle de boa parte da riqueza global.
2/16
Isso talvez não seja uma grande novidade, há muito temos jornais, rádios, TVs, controlados por ricos e poderosos. Contudo, agora, a tríade poder-dinheiro-ideologia, ganhou traços exponenciais e quase incontroláveis.
3/16
Read 16 tweets
1 Oct
Um dos milhares de motivos da macroeconomia ser diferente de uma economia doméstica é esse: se uma família está com endividamento recorde, o custo da sua dívida tende a explodir (risco alto). Já o governo federal não. Neste momento, aliás, acontece o exato oposto. Vejam no fio.
Ao passo que temos déficit primário totalizando R$ 611,3 bilhões em 12 meses (quase o que a reforma da previdência pretendia economizar em 10 anos para o Brasil não quebrar - risos), o custo da dívida tá despencando...
E o resultado nominal do setor público já tá quase no R$ 1 trilhão.... alcançou R$ 933,5 bilhões em 12 meses, equivalente a 13% do PIB. Com dívida bruta em 88,8% do PIB. Lembro que diziam que com 80% o país quebrava - risos.
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