Voltando à FEB, dentre muitas outras, lembro da discussão de Furtado sobre o tratado de panos e vinhos de 1703, entre Port. e Ing. Este acordo, para Furtado, foi a pá de cal p/ Portugal se industrializar. Na sequência, deixo a palavra com Furtado.
"Durante 2 decênios, a partir de 1684, Portugal conseguiu praticamente abolir as importações de tecidos. Política perfeitamente dentro do espírito da época, pois seis anos antes a Inglaterra proibira todo comércio com a França para evitar a entrada de manufaturas francesas"
"Contudo, é provável que fosse grande a reação dentro de Portugal, particularmente dos poderosos produtores e exportadores de vinhos, grupo dominante no país. Os ingleses trataram de aliar-se a esse grupo para derrotar a política protecionista portuguesa."
"Com efeito, o acordo de 1703 concede aos vinhos portugueses, no mercado inglês, uma redução de um terço do imposto pago pelos vinhos franceses. Em contrapartida, Portugal retirava o embargo às importações de tecidos ingleses"
"O pequeno desenvolvimento manufatureiro que tivera Portugal em fins do século anterior resulta de uma política ativa que compreendera a importação de mão-de-obra especializada. O acordo de 1703 com a Inglaterra (tratado de Methuen) destruiu esse começo de indústria...
"O acordo de 1703 com a Inglaterra (tratado de Methuen) destruiu esse começo de indústria... e foi de conseqüências profundas tanto para Portugal como para sua colônia" (Furtado em Formação Econômica do Brasil, p. 128)
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
1. Os colegas da Auditoria Cidadã da Dívida repetem, o tempo todo, que o Brasil é um dos 10 países mais ricos do mundo (PIB). Para eles, muito mais rico que a Noruega ou Dinamarca. Daí se perguntam: para onde vai toda essa riqueza?
2. Portanto o objeto de pesquisa é: como que um país 5 vezes mais rico que a Dinamarca pode ter tanta miséria e fome enquanto no país nórdico, muito mais pobre, há um confortável estado de bem-estar social?
3. A resposta eles encontram no gráfico da pizza. Supostamente, metade das nossas riquezas vai para bancos em um esquema de roubo, usura e juros compostos, conforme o denunciado pela Igreja Católica Medieval, que lutou contra a usura dos judeus.
1. A @AuditoriaCidada diz q as operações compromissadas são feitas p/ dar dinheiro aos bancos em um suposto esquema de corrupção para remunerar sobras de caixa dos bancos. Isso é falso e demonstra desconhecimento de aspectos básicos da política monetária. Agora inventaram que...
2.... um Projeto de Lei do PT, que visa substituir as operações compromissadas pelos depósitos voluntários remunerados, é um esquema ainda pior de corrupção. Isso não faz nenhum sentido e beira a fake news.
3. Tanto as compromissadas quanto a alternativa dos depósitos voluntários são instrumentos utilizados pelo Banco Central para acomodar o excesso de reservas de forma a manter a taxa básica de juros curta na meta estabelecida pelo COPOM. A diferença entre ambas é que...
Um dos termos que eu acho que + deseduca os estudiosos do orçamento público é o tal do "cofre público". No imaginário e na legislação, o cofre, para encher, depende q o Estado obtenha moedinhas via tributação ou outras fontes de receitas.
Se o Estado não conseguir moedinhas o suficiente via tributos, fica em uma situação difícil e tem que se ajoelhar diante de credores/bancos, que escolhem se vão ou não emprestar as moedinhas para o governo e a que taxa de juros farão o empréstimo
Para não ficar nas mãos dos credores, que poderiam se negar a emprestar moedinhas de ouro para o Estado ou cobrar taxas de juros muito altas se acharem esse empréstimo arriscado, o governo deveria evitar o endividamento como princípio.
1. Você sabia que o governo autorizou, via Medida Provisória (e a reboque da EC 106), que o Banco Central possa comprar títulos privados de empresas com débitos trabalhistas, fiscais e previdenciários? Sabia que esse mesmo BC não pode comprar título público no mercado primário?
2. Pois é, no Brasil, o BC pode comprar no mercado secundário títulos emitidos por empresas com "nome sujo", que tem débito trabalhista e previdenciário (tipo a do velho da Havan). E como o BC arruma dinheiro para comprar esses títulos questionáveis da carteira dos bancos?
3. O BC cria dinheiro e troca por esses papéis de empresas com histórico de calote na previdência ou nos trabalhadores. P/ os economistas liberais, empresa caloteira emite títulos de muitíssima qualidade, logo não há nenhum problema no BC emitir dinheiro para comprar esses papéis
1. Antes da pandemia, faltavam empregos p/ quase 30 milhões de pessoas. Outras tantas estavam na informalidade e em trabalhos precários. Saúde, educação e infraestrutura sendo sucateados. A desculpa? não havia dinheiro. Agora, com a pandemia, o dinheiro apareceu
2. Covid é um vírus que fabrica dinheiro? Alguns cínicos dirão que o dinheiro apareceu pq se trata de uma emergência. Ora, em 2019 o Brasil era uma maravilha mesmo com tanto desemprego e metade das nossas crianças crescendo sem saneamento BÁSICO? Isso não era emergencial?
3. Diziam que o Brasil precisava reformar a previdência para poupar 1 trilhão em 10 anos. Isso será só o déficit deste ano. Aliás, a previdência está tendo o maior déficit da história. E continua sendo paga sem nenhum problema. Sabem pq? Pq o governo, literalmente, cria dinheiro
Vou aproveitar esse post (bem equivocado) para esclarecer algumas coisas que deveriam ser óbvias.
Se a tx de juros não é exógena, então seria algum espírito que determina, todo santo dia, a Selic Over? Seria o espírito que a faz seguir, exatamente, a tx meta fixada pelo Copom?
2. Vamos supor que o Banco Central acorde um dia de mau humor e resolva não fazer nada: o que aconteceria com a Selic over ? Tenderia a ZERO! Com déficits tão altos, o excesso de reservas iria jogar a taxa curta no chão.
3. Ainda bem que o Banco Central nunca acorda de mau humor e, todo santo dia, faz operações compromissadas, absorvendo o excesso de reservas (ou injetando, se for o caso). É só essa obviedade que significa dizer que a taxa curta é ... EXÓGENA.