Desde o dia em que todo mundo detonava uma matéria qualquer, e eu fui aderir às críticas, mas o corretor mudou o "bem escrota" para "bem escrita", que eu tento me educar a não comentar assuntos polêmicos pelo celular.
(Aliás, também me eduquei a não mais usar palavrões, mas não tive como relatar a história acima sem rememorar o que usei.)
Mas o problema não é só o corretor, e sim a informalidade da coisa. Um bom caminho é se prometer: só comenta assunto sério sentado com a coluna ereta diante de um teclado no qual você possa digitar com dez dedos.
A chance de você cometer deslizes dos quais se arrependa minutos depois cai bastante.
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Vamos com calma, inclusive da parte dos analistas.
As pesquisas apontavam uma vitória de Biden por boa margem. Mas institutos e imprensa a todo tempo reforçaram que uma penca de fatores poderia bagunçar esse cenário. A começar pelo novo coronavírus.
E tivemos esses fatores de instabilidade. Há apenas 4 dias, por exemplo, os Estados Unidos bateram o recorde mundial de casos de covid-19 em um único dia. Esse é o tipo de coisa que pode desencorajar eleitores — principalmente democratas, já que os negacionistas são republicanos.
Eu mesmo zoei ontem o Nate Silver. Mas, em verdade, ele só cantou errado o resultado da Florida (um estado muito imprevisível) e Carolina do Norte (que segue em aberto). E, claro, houve erros de proporções, como Ohio, que previa um aperto, e deu Trump com folga.
Um breve resumo para quem não entendeu/não está entendendo o que aconteceu/acontece:
Por todo o mandato, especialistas davam como certa a reeleição de Trump. Mas veio o coronavírus, e uma gestão desastrosa da crise jogou a eleição deste ano no colo de Biden.
Foi quando o partido Republicano passou a explorar o expediente clássico de dificultar o acesso ao voto, algo que já havia garantido vitórias republicanas recentemente. Em resposta, o partido Democrata estimulou o voto antecipado, por correio ou urnas espalhadas nas cidades.
Até agora, o 270toWin não errou nada. Todas as surpresas da noite estavam dentro do que o serviço marcou como "toss-up". Trump confirmou Florida, Ohio e Iwoa, e caminha para confirmar Carolina do Norte e parte do Maine. Biden confirmou Arizona, e caminha para confirmar Georgia.
O 270toWin, que não tem errado nada, dava Pensilvânia, Michigan e Winsconsin para Biden. Quando aplicamos todas essas situações, o mapa rende uma vitória para Biden com 306 delegados.
Na madrugada, o Predict It chegou a virar a favor de Trump. Mas agora também está calculando 306 delegados para Biden.
Está valendo. Como esperado, Donald sai na frente, mas o placar segue em zero.
A contagem está mais avançada no Google, e a diferença já caiu para 5 pontos percentuais.
A apuração começou por Indiana e Kentucky, dois estados marcados como "safe" para Trump. São 19 votos no Colégio Eleitoral, o natural é que Biden perca em ambos.
Tem um momento do 7 a 1, início do segundo tempo, que algum jogador tenta um lance mais arriscado, e Felipão fica na beira do gramado, com cinco dedos de uma mão pra cima, lembrando que o placar estava 5 a 0 para a Alemanha.
Era como se dissesse que o objetivo não era virar o jogo, mas evitar o 10 a 0.
Ontem, vi algumas pessoas de boa fé tentando enxergar algum valor na proposta anunciada como “privatização do SUS”. Diziam não se tratar disso, que havia detalhes importantes do projeto ignorados pela imprensa, etc.
Muita gente achando descabida a pergunta de Arthur do Val sobre a relação de Jilmar Tatto com o PCC. Eu já acho estranho a própria imprensa não demonstrar interesse em esclarecer este ponto aos eleitores.
Em 2006, a Veja publicou uma reportagem em que um perueiro detido admite a infiltração do PCC no transporte alternativo. O texto ainda acusa Jilmar Tatto, ex-secretário de Transportes de Marta, de receber dinheiro dos perueiros ligados à facção: veja.abril.com.br/blog/reinaldo/…
(Como não tenho acesso ao acervo da Veja, linkei o clipping do antigo blog de Reinaldo Azevedo. Como os potenciais eleitores de Tatto andam concordando com Reinaldo, não vi problema em contar com essa referência.)