O INCOMPREENSÍVEL ESTADOS UNIDOS
Uma coisa que o brasileiro não entende sobre a eleição de lá: quem decide como o presidente será escolhido são os estados. Acontece assim por causa da força da federação. Por isso os estados definem as regras de registro eleitoral, de registro de
candidaturas, horário de votação, regras da votação antecipada, forma de contagem de votos e assim por diante. Para nós, que fomos socializados sob a centralização de um Tribunal Superior Eleitoral, isso transmite a ideia de bagunça, de anomia. Não é. Por outro lado, quando eles
olham o nosso sistema, não entendem porque meia dúzia de juízes decidem como votam 26 estados e mais de 100 milhões de eleitores. Decidem no sentido de definirem um horário nacional único, biometria no voto, etc. São apenas sistemas diferentes que gozam de legitimidade junto a
seus respectivos eleitorados. Como lá o país foi formado a partir dos estados, e não em função de uma coroa imperial centralizadora, são estes mesmos estados que dão as cartas do jogo quando se trata de escolher o presidente.
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BOLSONARO É TOTALMENTE DESQUALIFICADO PARA SER PRESIDENTE,
mas foi eleito pela maioria e por isso tem o direito de cumprir todo seu mandato.
Ele não tem perfil de presidente. Basicamente, ele pensa como aquele sujeito de meia idade, morador do Rio de Janeiro, já aposentado, que
passa o dia inteiro no botequim da esquina conversando, fazendo falcatruas com os bandidos da região, rido de piadas preconceituosas, fazendo fofoca e se preocupando com questões menores. Esse é o nosso Presidente. É lamentável, mas é a realidade.
Teremos quatro anos de ausência
de políticas públicas consistentes em diversas áreas. Porém, quatro anos não são nada para o tempo histórico. Da mesma forma que Trump caminha para ser defenestrado do poder pelo voto, o mesmo poderá acontecer com Bolsonaro.
Ah, ele tem um mérito, mudou o ponto de equilíbrio da
UM FIO PARA GENTE GRANDE
A situação fiscal do país é muito ruim, estamos em 900 bilhões de déficit ou 12% do PIB de déficit primário. Dinheiro não nasce em árvore, vamos precisar lidar com isso nos próximos anos. Por favor, é um fio para gente grande, não me venham com o pseudo
argumento dos juros pagos aos bancos, isso, para mim, pertence ao jardim da infância do debate. Por que estamos nesta situação?
Houve um erro de calibragem no Auxílio Emergencial (AE), pois o governo não tinha formulação nem liderança na Câmara. Quando a proposta tramitou ela se
tornou muito abrangente e acima do valor razoável considerando-se tanto a necessidade da população, quanto o que seria deixado de déficit para o futuro. Mais de 60 milhões de pessoas receberam o AE, sendo que 20 milhões indevidamente, aliás, em breve isso virá à tona com força
A POLÍTICA EXIGE (NÃO) DECISÕES DIFÍCIES
Mano Brown cobrou do PT em 2018 maior proximidade com a periferia. Desde então muitos o repetem, citando aquele episódio. Aumentar a proximidade com a periferia exige presença, defendê-la, e adotar seus símbolos. Um deles, hoje, é não
usar máscara de proteção contra a COVID, ninguém a utiliza na periferia. Assim, um candidato do PT que faz carreata, corpo a corpo e reuniões na periferia também não deveria usar máscara se desejar seguir a sugestão de Mano Brown. Fazer o oposto disso mostra distanciamento do
candidato em relação a crenças e práticas dos mais pobres em relação a algo proeminente em 2020, a pandemia. A campanha dura 30 dias, nenhum candidato irá conscientizar a população neste período, mas sim poderá ter uma imagem de alguém mais ou menos distante dela. Usar máscara
O QUE ACONTECEU COM BOLSONARO
O Bolsonaro de 2019 não existe mais, nem o pai, nem os filhos. Está distante o tempo em que atacavam os políticos, o STF, o sistema. Deixaram de elogiar o AI-5 e de criticar a democracia. Aconteceu que o presidente foi devidamente enquadrado pelas
instituições democráticas. Em 2019 ele era um cavalo xucro, agora está domesticado, selado e devidamente montado pelo Centrão. Isso é maravilhoso. O nosso país, o Brasil, mostra suas virtudes. Revela para nós que não há razões para ter complexo de vira-latas, nossas instituições
não são melhores nem piores do que a dos países desenvolvidos. Aliás, elas são muito fortes. Elas contiveram o ímpeto autoritário de um presidente recém eleito. Isso deve ser motivo de satisfação para todos nós: estamos seguros, o Congresso, o STF e outras instituições não
APROVAÇÃO MAIS ELEVADA DE BOLSONARO ATÉ AGORA: 40% DE ÓTIMO/BOM,
foi o que mostrou a pesquisa CNI/Ibope. Portanto, o número de mortos por COVID não tem impacto na avaliação, tampouco a devastação ambiental. O que tem impacto é o aumento (ou redução) do poder de compra. FH foi
eleito e reeleito graças a isso. A redução e o controle da inflação fizeram o consumo se ampliar. Serra perdeu para Lula em 2002 em função do desemprego, que deprimiu o consumo. Lula é popular até hoje porque as pessoas passaram a ter acesso a muitas coisas novas. Com Dilma o
desemprego aumentou muito, reduzindo o poder de compra. O Bolsonaro dos 150 mil mortos é o mesmo do auxílio emergencial, que colocou dinheiro diretamente no bolso de milhões de famílias. Isso nada tem a ver com as polêmicas e brigas das redes sociais e grupos de zap, mas sim com
MAGALU, RACISMO, IMMANUEL KANT E O CAPITALISMO
O primeiro argumento a favor de Magalu é o necessário combate ao racismo estrutural, com o qual concordo em gênero, número e grau. O segundo, importante também, deriva de "Ideia de uma história universal sob um ponto de vista
cosmopolita", no qual Kant afirma que a insociável sociabilidade humana resultará na elevação moral da sociedade. Vamos supor que Magalu não tenha como objetivo combater o racismo, mas apenas conquistar mercado e aumentar o faturamento. Neste caso, terá sido seu interesse privado
insociabilidade para Kant, que resultará em mais oportunidades para os negros, que é a sociabilidade e a elevação moral. A busca do interesse privado capitalista resultará em mais igualdade entre as raças. Os racistas mobilizarão a justiça contra Magalu. Caso a justiça acate a