Na @GloboNews estavam debatendo sobre Georgia e racismo nas eleições, com os queridos @MarceloLins68 e @gugachacra e @CesarTralli. Não consegui comentar sobre isso no ar, mas trago alguns pontos para ver o tamanho da importância do crescimento democrata ali. A THREAD:
Colégio eleitoral: foi um compromisso para agradar estados com escravos. Como os escravos não votavam, esses estados tinham medo que sempre perderiam no voto direto. Criaram um colégio que contava que cada escravo era 3/5 de um livre, tá na Constituição. nytimes.com/2019/04/06/opi…
15a emenda (1870) proibiu nos EUA privar o voto com base na cor/raça, mas a história de supressão de votos continuou na Georgia e muitos outros estados e continua até hoje de formas distintas e, por vezes, mais sutis.
1915: a organização extremista branca Ku Klux Klan atuou bastante na violência política na Georgia e pregou o "Americanismo 100% puro" com a purificação da política e negros e não-cristãos. Tinha até um guia para cidadãos sobre isso: o "Citizenship Guide".
1933: Georgia adotou várias medidas para impedir que negros votassem. Pagamento de imposto, teste para verificar se a pessoa é analfabeta ou não, mostrar que tinha propriedade, e evidência de "bom caráter". Além disso, eram comuns primárias só com candidatos brancos.
Década de 40-50: com a mobilização de direitos civis, aumentou de 20.000 em 1940 para 125.000 o número de eleitores negros na Georgia, pela proibição da primária só com brancos, e por força da liderança negra.
1965: por mobilização dos movimentos de direitos civis, foi adotado o Voting Rights Act, uma lei que estabelecia a proibição de discriminação racial no voto, e que tinha um sistema federal para supervisionar alguns estados. Em 2013, a Suprema Corte revogou parte desta lei.
2010s em diante: em especial depois desta decisão, mas antes também, vários estados começaram a adotar medidas para suprimir votos de negros nos EUA. Revogação de listas inteiras de eleitores, leis sobre qual identidade utilizar, leis que exigem prova de cidadania e etc.
2016: na última eleição, a candidata negra a governadora da Georgia @staceyabrams - e ativista por direito ao voto - quase ganhou por 600mil votos. Parece muito, mas muitos negros ou tiveram dificuldade pra votar por longas filas e pouca estrutura ou não foram votar com medo.
2020: os números de pessoas que compareceram na Georgia atingiu níveis históricos, em grande parte pela mobilização de lideranças negras. Talvez Trump ainda ganhe ali, mas a semente da luta contra supressão de voto de negros está bem viva ali. Pessoas ficaram horas na fila.
The Guardian fez uma coletânea de fotos sobre supressão de voto na Georgia que mostra alguns dos momentos históricos que mencionei neste fio: theguardian.com/us-news/galler…
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