Mais uma vez a gente tá vendo esta situação de usar o sistema epidérmico-racial que desvaloriza e prepara o extermínio de nosso povo para criar fratricídio e expor gente que faz luta social anti-capitalista. Vai parar? Não vai porque o objetivo desse "novo empoderamento" é esse.+
Quando nós falamos de "empoderamento", nos remete logo a poder. Eu teria total acordo se falássemos de forma clara sobre melhoria das condições de existência, diminuição dos danos psicológicos e emocionais em ser preto ou preta e etc. Mas empoderamento vem de poder. Pera lá! +
Ver na TV Aberta os branco levantando a bola para uma intelectual preta cortar expondo ainda mais uma lutadora social como a @letparks, mostra que este "empoderamento" trata-se, pelo contrário, de impedir o acesso ao poder real (acesso ao Estado) de quem está em luta.+
Sim o "empoderamento" individual da intelectual que serviu a ela enquanto indivíduo, mas que não representa o poder dos povos pretos, das maiorias pretas, agora é mobilizado contra uma agenda política claramente de gente preta pela via coletiva para pautar o Estado.+
Eu nem tenho acordo com o caminho político em questão. Meu ponto não é esse. É que o "novo empoderamento" é uma arma substitui o "empoderar" pela via do poder concreto, por um poder subjetivo e subalternizado ao mercado.+
Mas você vai falar que a agenda desse "novo empoderamento" pautou o mercado. Olha, meu amigo, minha amiga, pautou o mercado para maximizar seus lucros incluindo consumidores pretos. Não pautou o mercado para fazer o mercado recuar onde ele nos pisava e ainda pisa. +
E chamo de "novo empoderamento" pq o MNU e antes dele a Frente Negra tava pautando mudanças no comportamento, na atitude e na subjetivação de pretas e pretos muito antes, mas ali, em ambos, buscavam também o poder político. Não era lenga lenga de projeto para mercado e globo.+
Então irmãos e irmãs, não substituam o empoderamento real que é terra, território, tomada do Estado, aquisição de meios de produção coletivizados e etc, por um "novo empoderamento" na mão dos ricos (e, portanto, branco) que te pautam por serem donos dos meios de comunicação.+
Mais do que isso: desconfie de quem fala de preto no país e ignora sumariamente o debate sobre terra. O povo preto foi escravizado pela terra, antes disto estavam ligados à terra em África e aqui o que estruturou a desigualdade racial foi o acesso a terra. Pq não falam?+
A resposta, minha comadre, meu compadre, é simples: não desagradar os reais donos do país e que podem obliterar sua ascensão. A Globo é enunciadora do Agro e Pop. Qualquer debate radical sobre acesso a terra desagrada quem te dá palco. Então recua e finge.+
Desconfie, minha gente, de quem fala que o racismo é estrutural, mas quer pautar comportamento anti-racista. Não tem reforma se a porra é uma estrutura. Chega de botar perfume na merda do racismo para ver se fede menos. Essa gente ganha dinheiro com ilusão. Não ajudemos.+
Por fim, toda solidariedade a todas as pessoas que já foram vítimas desse fratricídio "imaculado" que não permite críticas e que usa o poder de locução contra quem não tem. Preto no topo para pisar em quem luta aqui em baixo é projeto dos brancos ricos. Vamos virar o jogo!

• • •

Missing some Tweet in this thread? You can try to force a refresh
 

Keep Current with Bizuí, Amapá Primeiro

Bizuí, Amapá Primeiro Profile picture

Stay in touch and get notified when new unrolls are available from this author!

Read all threads

This Thread may be Removed Anytime!

PDF

Twitter may remove this content at anytime! Save it as PDF for later use!

Try unrolling a thread yourself!

how to unroll video
  1. Follow @ThreadReaderApp to mention us!

  2. From a Twitter thread mention us with a keyword "unroll"
@threadreaderapp unroll

Practice here first or read more on our help page!

More from @erahsfeliz

12 Nov
Olha, eu peguei inginja de "decolonialidade". Tipo, Boaventura é português, branco. Ele ficou conhecido e ganhou dinheiro com epistemes ou ideias dos povos do sul global. Convenhamos: tem algo mais colonial que um português ganhar dinheiro explorando o sul global?+
E tipo, tem muito material massa ali. Muito texto que ajuda. Mas é isto: fruto de uma falsa novidade. Fruto da evidenciação de um outro que segue sem o poder de enunciação que Boaventura tem. E eu li Walter Mignolo e essa turma. Tem coisa boa demais. Porém a turma se perde.+
Olha, num dá pra decolonizar na ideia e não ofertar um referencial que pense a terra, pq é desde a terra que a colonização é feita. Cê imagina alçar um subalterno à condição de referência na academia enquanto seu povo é desterritorializado? Que inversão é essa?+
Read 9 tweets
7 Nov
O capitalismo só existiu por ter desvalorizado os bens naturais na mesma medida em que tornou-os precificáveis e vendíveis aos pobres que tinham acesso a isto numa relação mais harmônica com o meio ambiente. Água, carvão e madeira foram reservados para venda.+
Aquela coleta de galhos secos passou a levar campesinos e ex-campesino à cadeia na origem do capitalismo. Isto explica o movimento contraditório de dar preço na natureza, mas desvalorizá-la. Para o pobre a madeira agora teria preço, mas para os ricos o bosque era acessível.+
E assim tem sido. Se aplicássemos o valor do petróleo considerando o tempo que a natureza leva para fazê-lo e o conjunto de matéria orgânica necessária para produzir, vejam vocês, nós não o usaríamos por ser muito caro. Se aplicássemos o valor de um floresta no clima, o mesmo.+
Read 15 tweets
5 Nov
Jacques Depelchin, um historiador congolês com uma formidável crítica à teoria da história, falava que as histórias também podiam ser medidas pelo seu PIB. A história Europeia e do EUA são globais pelo valor de seus PIB's. A história queniana é local pelo mesmo critério.+
Esta mesma dinâmica serve internamente para pensar as histórias que são consideradas nacionais - SP, RJ, MG - e aquelas que recebem alcunha de história regional. Há uma violência narrativa que não se justifica ou se legitima em texto. Ela se apresenta covardemente oculta.+
Mas as editoras sabem. Também sabem as revistas e os melhores empregos. Isto, contudo, é claramente atravessado por outros aspectos, como o racismo. O PIB da China já desloca uma parte dos olhos para sua história, mas o racismo e o anti-comunismo ainda impedem o voo.+
Read 10 tweets
3 Oct
Vocês que querem reformar uma sociedade racista, vocês tenham paz de espírito e evita falar em racismo estrutural. Estrutura não se reforma. Mas se você tá só buscando sobreviver financeiramente com a pauta racial, você evita confundir seu público pagando de militante.+
Essa coisa mesmo de minoria pra lá, minoria pra cá é muito importante no reconhecimento dos movimentos, mas se converteu no reconhecimento de pessoas no singular. Não é o povo X que deve ser reconhecido, mas fulano do povo X, mesmo que o povo esteja se lascando.+
Essa atrapalhação é proposital, é projeto. Aí vc vê os milionários colocando grana em gente que quer se empoderar justamente para quebrar a base. O que um banqueiro quer apoiando um socialista? Bora, fala da intenção do banqueiro. É caridade é?+
Read 11 tweets
30 Sep
Começou a desgraceira. A água de Alagoas agora vai ficar sob gestão de um capital canadense no Brasil. Agora detalhe: esse capital chegou junto com a Lava-Jato tomando terreno onde havia crise e, pelo visto, nas consequências privatizantes pós-lava-jato tb.+
"especialista em aproveitar crises para investir onde poucos têm coragem (ou dinheiro).(...) Entre os negócios em que investiu estão ativos de energia e infraestrutura de empresas atingidas em cheio pela recessão e pela operação Lava Jato, como Odebrecht e Petrobras."+
Então é isto, estamos vivendo um sintoma claro de tomada do capital estrangeiro depois do ataque queo sofremos com a Lava-Jato e o golpe na @dilmabr. A desnacionalização de estruturas a serviço dos brasileiros.+
g1.globo.com/economia/notic…
Read 4 tweets
30 Sep
No Brasil há uma cisão entre organizações de esquerda rebeldes e a luta dos povos. Os poucos encontros que existem entre estas duas forças possuem sérias dificuldades de caminhada conjunta. A razão? Há um profundo desconhecimento sobre essas lutas pelas esquerdas rebeldes.+
Por desconhecimento não falo saber que existe CONFREM, MPP, MPA, MST, CETA, APIB, MUPOIBA, MOQUIBOM, MNU, etc. Falo sobre entender as dinâmicas, os funcionamentos, os modos de enfrentamento e a questão territorial. Então fica pré-julgamento: não são movimentos revolucionários.+
E aqui está uma cisão quase entre teoria e prática, porque a história não nos engana sobre quem tem tomado meios de produção, enfrentado o principal inimigo do Brasil (o latifúndio) e construído com autonomia melhores condições de vida para seu povo.+
Read 7 tweets

Did Thread Reader help you today?

Support us! We are indie developers!


This site is made by just two indie developers on a laptop doing marketing, support and development! Read more about the story.

Become a Premium Member ($3/month or $30/year) and get exclusive features!

Become Premium

Too expensive? Make a small donation by buying us coffee ($5) or help with server cost ($10)

Donate via Paypal Become our Patreon

Thank you for your support!

Follow Us on Twitter!