Se o teste clínico foi suspenso por motivos políticos, quem tá ganhando é a COVID. Que tem pra comemorar nisso, que mais gente vai morrer? br.reuters.com/article/saude-…
Todos os memes de “Atila quer matar quem falta pra chegar em 1 milhão”, “Atila vai parar a vacina pq torce pela COVID”...
Aí vai o que o comitê independente recomendou à Anvisa: que retomem os testes.
No rolo, sai prejudicado o voluntário que pensou no interesse público e sua família, exposta nesse jogo de interesses políticos. E, até retomarem, os prejudicados tb somos nós.
O pessoal que analisa o SIVEP-Gripe, como o @marfcg vem alertando constantemente sobre tendências de alta em várias cidades, apesar do sistema ter saído do ar. E apesar da falta de testes forçar de novo a volta de Síndrome Respiratória Aguda Grave.
Ou seja, sem testes como o país tem feito sempre, não temos como ver um aumento de casos óbvio em todas as cidades. E somos obrigados a usar métricas indiretas, como SRAG ou internações hospitalares. E essas têm aumentado muito. São Paulo, por exemplo
Olha a reversão em hospitais privados. A situação estava melhorando, até que parou de melhorar e piorou. Só que hospitais particulares fazem mais testes e pessoas com mais dinheiro circulam mais. Esses são os primeiros sinais, como foi no começo do ano.
Proteção coletiva depende quantos tão imunes ao coronavírus, ela vem mesmo acima de 60%.
O quão rápido chegamos nisso depende de: quão eficaz é a vacina (90% é ótimo), quão rápido distribuímos (depende da Pfizer) e quão cedo começamos (Brasil vacilou).
A distribuição da Pfizer/BioNTech vai ser atrasada pela necessidade de manter a vacina a -80 ºC. Ou contornam isso ou vamos gastar muito, muito mesmo, pra viabilizar isso em grande escala. Só com uma eficácia bem alta pra compensar (o que aparentemente rola).
Já no quão cedo começamos, o Brasil foi coerente na competência geral contra a COVID e perdeu a chance de ter doses ainda este ano. Por enquanto, dependemos do que cada estado firmou com a farmacêutica.
90% de eficácia preliminar vale um otimismo cauteloso. Agora é trabalhar pra garantir que o maior número possível de pessoas vai continuar sem contato com o vírus até serem imunizadas.
Ainda tô surpreso com os 90%. Fico surpreso pq a maioria dos vírus respiratórios não tem vacina, pq não respondemos bem. E a vacina de gripe, outro vírus respiratório, tem 60% de eficácia em um bom ano. Refletindo um pouco mais sobre isso, vejo um horizonte legal.
A estratégia da BioNTech, uma vacina de RNA, é nova. Não temos vacina desse tipo em humanos e se questionava se ela despertaria imunidade. Essa eficácia se confirmando, tem duas explicações que são bem interessantes.
A semana começa com uma notícia excelente! Resultados preliminares da BioNTech apontam uma vacina candidata com eficácia de 90%. Bem mais do que eu esperava! São resultados preliminares, mas muito animadores.
Segue um fio com pontos fortes e pontos fracos.
São 44000 voluntários no estudo desenhado pra acompanhar até 164 casos de coronavírus. O que deve acontecer até o fim do mês. Ela funcionou tão bem que já deu bons resultados preliminares. Uma eficácia de 90% quer dizer que entre os vacinados, 10x menos pessoas pegaram corona.
Pode ser que a eficácia caia um pouco, mas 90% é ótimo e algo próximo ainda é ótimo. No caso da gripe, a vacina reduz hospitalização em ~40%, mas reduz internações em UTI em mais de 80%. A redução de casos graves de COVID, o gargalo, deve ser excelente. cdc.gov/flu/spotlights…
Temos 6 meses de adianto pra saber que o inverno que vem vai ser complicado. No começo do ano, desperdiçamos 3 meses de aviso. Contar com a vacina é contar com a sorte. Temos que crescer capacidade de testes, rastreio de contato e isolamento de doentes. Temos tempo pra isso.
"Com o vírus suprimido depois de meses de restrições sociais intensas na primavera passada, os líderes europeus agiram logo para acelerar a reabertura da sociedade para tentar estimular uma recuperação econômica.Mas os bolsões de infecção persistiram..."
"...e poucos países implementaram sistemas adequados para rastrear e bloquear os surtos locais. Para piorar as coisas, em várias regiões, as taxas de infecção nunca caíram a um nível em que esses sistemas pudessem funcionar de maneira eficaz."