Temos 6 meses de adianto pra saber que o inverno que vem vai ser complicado. No começo do ano, desperdiçamos 3 meses de aviso. Contar com a vacina é contar com a sorte. Temos que crescer capacidade de testes, rastreio de contato e isolamento de doentes. Temos tempo pra isso.
"Com o vírus suprimido depois de meses de restrições sociais intensas na primavera passada, os líderes europeus agiram logo para acelerar a reabertura da sociedade para tentar estimular uma recuperação econômica.Mas os bolsões de infecção persistiram..."
"...e poucos países implementaram sistemas adequados para rastrear e bloquear os surtos locais. Para piorar as coisas, em várias regiões, as taxas de infecção nunca caíram a um nível em que esses sistemas pudessem funcionar de maneira eficaz."
"O resultado: uma segunda onda de infecções que tomou o continente e está se mostrando difícil de controlar, e coloca a Europa em risco de ter de conviver com altas taxas de infecção até o ano que vem.
'As pessoas presumiram que a situação estava sob controle, mas não estava'”
"A corrida para retomar o normal alimentou o vírus [...] universidades receberam alunos, o governo [...] subsidiou milhões de refeições para as pessoas comerem em restaurantes, as fronteiras recém-reabertas [...] Com o vírus fora de vista, o comportamento das pessoas relaxou."
"governos europeus não tiveram escolha a não ser reabrir e torcer que uma vacina ou outra cura aparecesse [...] a economia encolheu 11,8% no segundo trimestre do ano devido à Covid-19. 'Você não seria convidado para muitos jantares se previsse uma pandemia de três anos'”
"Uma grande diferença para a segunda onda do vírus: o apoio público dos governos gerindo a pandemia está diminuindo em muitos países, o que levanta questões sobre o quão sustentável será essa última rodada de restrições."
"Os especialistas em doenças reconhecem que lockdowns nacionais são ferramentas bruscas, mesmo se eficazes, e que medidas direcionadas podem funcionar se a finalidade comunicada com clareza ao público e se forem implementadas de forma eficaz." wsj.com/articles/how-e…
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Saiu um estudo fundamental sobre medidas de isolamento. Avaliaram o efeito de vários tipos de medidas, como fechamento de escolas, aglomeração, trabalho de casa, etc., na transmissão do vírus em 131 países. Medidas fundamentais pras políticas públicas que virão. Segue o fio.
Começando com achados mais importantes, que têm vários poréns que explico: fechar eventos públicos foi o que mais reduziu casos e reabrir escolas e permitir aglomerações de +10 pessoas (bares, academias, igrejas e afins) foi o que mais aumentou a transmissão novamente.
Brasil não entrou, mas lições são bem válidas. Cada país adotou as medidas de um jeito – fechamento de escolas, por exemplo, foi gradual ou abrupto, todas idades ou só algumas. E cada país faz testes de uma forma. Então o que é relevante apesar da confusão, faz muita diferença.
Saiu o manuscrito do teste clínico da nitazoxanida (anitta). Foi o estudo de 392 pacientes mesmo (clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT04…). Recomendo muito esperar o artigo científico. A revista onde sair e as diferenças pro artigo vão indicar a qualidade dos achados. medrxiv.org/content/10.110…
O tipo de teste é ótimo, randomizado (as pessoas são sorteadas pra serem tratadas), duplo cego (nem pacientes nem médicos sabem quem tomou droga ou placebo) e multicêntrico (mais de um hospital). Vai depender bastante da análise agora.
Segundo eles, a carga viral foi reduzida. Mas daí a implicar em melhora clínica, tem um bom caminho.
Em uma aula sobre redes sociais, brinquei que se o Facebook quisesse, uma informação poderia deixar de existir pra 2,5 bi de usuários. O WSJ noticiou agora que fizeram exatamente isso, reduzindo mais e intencionalmente o alcance de publicações de esquerda. wsj.com/articles/how-m…
Desde 2017, o alcance de jornais como um todo caiu na platforma, mas ele foi propositalmente maior pro tipo de imprensa contrária ao que o Zuck tem se aliado. É 1 pessoa controlando a realidade de 2,5 bilhões de outras.
Pra quem citou que o Facebook é enviesado ou lembrou do “Dilema das Redes”, a questão aqui é outra. Não é uma questão do que o FB promove ou quem explora melhor as táticas da rede. Ou mesmo um perfil suspenso. É o FB passar anos escondendo algumas mídias por escolha.
O que tem causado mais surtos de Ebola? Desflorestamentos. Com a derrubada e queimada de florestas pra plantio, animais ficam mais próximos de humanos e aumentam chances de contágio.
Epidemics and Society, by Frank M. Snowden a.co/fDvZR5Y
No Oeste Africano, o agronegócio trouxe a ocupação de terras, o desmatamento e a monocultura que colocou mais pessoas em condições precárias convivendo com morcegos que perderam o hábitat.
Epidemics and Society, by Frank M. Snowden a.co/4NYL79u
Desmatamento traz o contato com novos vírus, já garimpo ilegal e outras formas de exploração (como hidrelétricas) trazem o contato com mais pessoas e as vias de saída por onde pessoas doentes vão para centros urbanos e aglomerações.
Epidemics and Society: a.co/i2nMp8P
Pra quem tá (legitimamente) ofendido com a postagem abaixo, vocês não tem ideia do prejuízo que o país vai tomar com esse silêncio letal. Além das vidas todas que vamos perder por um motivo evitável, essa pasmeira sanitária do Brasil não dá a menor segurança pro mercado.
Vai ter aula presencial? Até onde a vida "normal" retoma? É o que mais me perguntam, mas isso depende das ações agora. Sem agir, o Brasil não gera a menor confiança de que 2021 será melhor. Tanto pra investidores nacionais quebrando, quanto internacionais (que já partiram).
O Brasil é o paciente que já perdeu uma perna por infecção porque não teve o menor cuidado consigo, enquanto outros países só perderam os dedos de um pé. Agora corre o risco de perder a outra perna em 2021 e quem vende tênis não tem a menor segurança de que não será o caso.
"A desinformação espalhada pela mídia, por líderes públicos e indivíduos com grande projeção de mídia social, contribuiu para uma parcela desproporcional do fardo da COVID-19: nós abrigamos 4% da população global, mas somos responsáveis por 22% as mortes globais por COVID-19."
[nos EUA, o Brasil tem 2,7% da população mundial e 14% das mortes]
"Abaixo estão recomendações importantes para comunidade científica, profissionais de saúde pública, membros do público e a indústria, sobre o que fazer para neutralizar com eficácia o efeito da desinformação"
"Coordenar uma campanha de influenciadores apoiando a ciência e a saúde pública. Um estudo das mensagens da COVID-19 em redes sociais mostrou que a desinformação de políticos, celebridades e outras figuras representaram cerca de 20% das alegações, mas 69% do envolvimento total"