Em 2020, casos e óbitos por SRAG são devidos a COVID-19?

A grande maioria dos óbitos e hospitalizacoes são sim!

Mas um caso de SRAG por ser outra coisa né? Sim pode, existem vários outras doenças que podem causar os sintomas que definem a SRAG, a influenza é a principal delas.
Segue a série da incidência de hospitalizados de SRAG do país todo nesse ano, 2020 (é um print do infogripe). O país todo está com classificado como período de atividade muita alta qdo comparado com o histórico. A série de baixo tem níveis de cores e nota se apenas o vermelho.
Agora segue a série (e mapa) da incidência de hospitalizacoes por SRAG por COVID em 2020 (ignorem o final da série pois o modelo de nowcasting não funciona bem nesse caso, ainda não resolvi isso). Percebam como a série de SRAG-COVID é similar a de SRAG
Mas vc falou que SRAG pode ser outra coisa, pode sim. Olha a série de Influenza desse ano. Percebam que esse ano estávamos numa epidemia de H1N1 q desapareceu com a chegada da COVID possivelmente pq as medidas de proteção pra covid (isolamento e máscara) são + eficientes p Flu.
Vamos agora pra 2016, ano que é sabido que houve uma epidemia de H1N1 em SP e região sul do país. Vejam primeiro a série de casos de SRAG
Percebam agora a série de.casos de SRAG com confirmação para Influenza A. Percebam o formato das séries de SRAG e SRAG por Influenza. É muito similar, e esse ano a epidemia aconteceu antes da campanha de vacinação. Enfim, em 2016, a gente podia ter dito que SRAG foi H1N1.
Outro dado importante para perceber nas séries são os valores da incidência. Em 2020 são valores MUITO altos qdo comparados com o resto dos anos, façam as comparações vcs mesmo no site do infogripe clicando em "Resumido (ano)" e vai variando o ano.

info.gripe.fiocruz.br
A vantagem de monitorar a série de hospitalizacao por SRAG é a possibilidade de antecipar mudanças na série de casos da epidemia vigente de vírus respiratório. Seja o começo da subida, uma queda, estabilização, ou até mesmo uma retomada (2a, 3a,... onda).
Isso é o papel da vigilância epidemiológica de vírus respiratórios, monitorar algo mais fácil de se medir (ex. SRAG) e agir de forma oportuna pra alertando o sistema de saúde p se preparar p um possível aumento de casos, e tomadores de decisão p conter o avanço da epidemia.
Quem lê meus tweets e os do @marfcg ou assiste seminários, ou lê os artigos do isso grupo #MAVE já deve estar convencido que SRAG pode ser sim uma boa próxima da epidemia vigente. No caso desse ano de COVID-19, e em 2016 foi H1N1.
Nosso grupo tem trabalho na análise e desenvolvimento de métodos analíticos em vigilância epidemiológica. Se tiver interesse ou souber alguém interessado em mestrado ou doutorado nesse tema entre em contato com alguém do grupo. Atuamos em diferentes programas de pós na Fiocruz.

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25 Oct
Apesar de trabalharmos com esse dado há muito tempo, há um bom tempo eu não coloco as hospitalizações e óbitos por SRAG-COVID juntos. Aqui eu excluí as ultimas 5 semanas, pois além do atraso de digitação usual, têm os atrasos de laboratorio e de atualização do registro no SIVEP.
Percebam que as epidemias são bem distintas no espaço, e no tempo. Sul e Centro Oeste estão bem mais a direita, enquanto Norte e Nordeste tudo aconteceu nas primeiras semanas de epidemia no Brasil. O Sudeste teve um aumento rápido, e uma queda bem lenta.
Esse dado não é de SRAG, e sim SRAG-COVID, i.e. casos de SRAG com resultado positivo para SARS-CoV-2. As hopitalizações e óbitos estão definidos por data de primeiros sintomas, o que nos permite fazer a razão de óbitos por hospitalizados.
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24 Sep
Um caso interessante esse de Fortaleza, onde junto dados de dengue e hospitalizações por SRAG com COVID confirmada (SRAG-COVID). Segue o fio 1/n Image
A fugura mostra dados até a semana 29 para excluir problemas com atrasos de notificação tanto dengue quanto SRAG-COVID. Em vermelho tem-se a mediana e os quantis 10 e 90% de casos notificados de dengue de 2010 a 2019, para reforçar a heterogeneidade nas séries.
Para 2020, temos notificações de dengue (em verde) e SRAG-COVID (azul). Percebam que a série de dengue estava bem alta até a semana 11, quando de repente cai. Será que eu deveria pensar que a COVID-19 protege pra dengue? Nope.
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14 Jul
Dados de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no estado do Rio de Janeiro. Deixo aqui um parabens aos envolvidos (ironia!), estamos revertendo a tendência de queda.
Já me perguntaram o que eu achava do relaxamento do isolamento no Rio, e eu não tive dúvidas na resposta, os casos vão voltar a crescer. Não teve nenhuma cura mágica, por que iria continuar a cair se o comportamento das pessoas só mudou pra pior? Por que?
Notem q não são os casos confirmados de covid-19, são as notificações de SRAG que estão voltando a subir. Os casos de COVID-19 e depois os óbitos virão na sequência. Ao corrigir o atraso de notificação, uma mudança no padrão dos casos com pouco atraso é captada e "inflacionada"
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1 Jul
Quem assistiu algum webinar meu recente certamente viu uma figura de nowcasting para os casos de SRAG em MG usando dados de 9/6. Bem joguei os dados mais recentes por cima e acho que nosso modelo nao tá tão mal...
Webinário na UFMG: Hospitalizações por SRAG como proxy para casos graves de Covid-19 no Brasil

ABE e COVID-19 (#5): Ações e Desafios



ABE: Associação Brasielira de Estatística
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20 Jun
Nós do infogripe corrigimos o atraso da série de casos usando o nosso modelo de nowcast, mas infelizmente ele não se aplica a série de óbitos nem a série de SRAG-COVID. Vou tentar explicar o porquê:
Para calcular o atraso precisamos das datas de digitação do caso de primeiros sintomas (é a data que usamos, se alguém quiser monitorar sei lá internação, eu recomendaria o uso da data de internação). Essas datas estão disponíveis no SIVEP-Gripe. Porém...
Para corrigir o atraso para as séries de óbitos e os casos com confirmação laboratorial (SRAG-COVID, SRAG-Flu, SRAG Outros vírus) precisaríamos a data da digitação do óbito (ou resultado do teste), que é diferente da data do óbito (ou resultado do teste).
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25 May
Óbitos e casos por SRAG em MG sem filtros de sintomas segundo data de primeiros sintomas (o que explica o atraso no final das séries).
Linhas: 2020 e 2019
Colunas: Óbitos e Casos

Fonte: Dados do SIVEP-Gripe e figuras direto do site do infogripe
As cores no fundo das figuras mostram os limiares epidemicos construídos com o histórico de 10 anos das séries, ou seja desde 2009. Claramente vemos que esse ano estamos muito acima do esperado.
As estimativas de correção de atraso de digitação não conseguem corrigir as séries de óbitos pois não sabemos quando a evolução para o óbito entraram no sistema. O que estimamos nas figuras de obito é o atraso de digitação do caso entre pacientes que vieram óbito.
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