Há tempos estamos fazendo análises para tentar entender qual poderia ser o número real de óbitos por COVID-19 no Brasil. Sabemos que temos subnotificação, e muitos diagnósticos acabam ficando para trás.
Sigam o fio para entender - 🧶
No Brasil, temos um banco de dados de vigilância epidemiológica chamado de SIVEP-GRIPE, que possui as notificações de todos os óbitos por SRAG (síndrome respiratória aguda grave), independente de causa.
Ao analisar os óbitos por SRAG, percebemos que o número é muito, muito grande: Até dia 01/11/2020, temos 229.162 óbitos por SRAG no Brasil. Dentro deste número, temos os confirmados por COVID-19.
O Ministério da Saúde confirmou, até 01/11/2020, 160.074 óbitos. Já no SIVEP-GRIPE, o número de óbitos é 151.542. Essa diferença ocorre pois no SIVEP-GRIPE são somente os óbitos em ambiente hospitalar. Quem morre em casa, por exemplo, normalmente não aparece ali.
E esta diferença? Se temos 229.162 óbitos por SRAG, sendo que destes, 160.074 são COVID-19, temos então 69.088 óbitos por SRAG, sem ser COVID-19. Isso é muito mais do que os 4.852 que morreram por SRAG em todo o ano de 2019!
Além da epidemia de COVID-19, há também uma epidemia de SRAG? Provavelmente são óbitos de COVID-19 não diagnosticados. Para garantir que não tenhamos dúvidas, vamos ver os óbitos de pneumonia em 2019 e 2020.
Por que estamos vendo pneumonia? Pois como temos muitas notificações de SRAG, os profissionais de saúde podem estar notificando como SRAG o que notificariam como pneumonia em 2019.
Ao analisar os óbitos por pneumonia, vemos que em 2020 tivemos menos notificações
Foram 151.134 óbitos por pneumonia em 2019 contra 110.142 em 2020 (de 16/03 a 01/11 para ambos os anos). Como tivemos um isolamento social considerável principalmente entre as faixas etárias que mais sofrem de pneumonia (crianças e idosos)....
....podemos dizer que uma parte dessa redução se deve a este isolamento.
Então, se removermos 50% da diferença dos óbitos de pneumonia de todos os óbitos por SRAG em excesso, chegaríamos a poder existir um excesso de 30% de mortes por COVID-19 no Brasil, em relação aos óbitos notificados.
Mesmo se dissermos que 100% da diferença de óbitos por pneumonia são os óbitos de SRAG em 2020, ainda assim podemos ter um excesso de 20% de mortes no Brasil, em relação aos óbitos notificados.
Em resumo, podemos dizer que, até 01/11/2020, existiriam ao menos 190.000 óbitos por COVID-19 no Brasil.
Revisores: Angel Miríade (@myriad_angel), Mellanie F. Dutra (@mellziland), André Luis M. Sales (@andremelo51)
Após mais de 6 meses de pandemia, continuamos vivendo em uma situação de isolamento precário, sem um controle adequado de distanciamento físico, de higienização, uso de máscaras, com reaberturas em situações não ideais de diversas atividades.
Isso trouxe como consequência o alongamento da situação de pandemia no Brasil, e, possivelmente, os casos não aumentaram de maneira exponencial, devido à existência de uma parcela considerável da população que mantém um isolamento mais restrito.
Time de revisores: Larissa Brussa Reis (@laribrussa), Angel Miríade (@myriad_angel)Larissa Brussa Reis (@laribrussa), Angel Miríade (@myriad_angel), Marcelo Bragatte (@marcelobragatte)
Grávidas e recém-nascidos estão entre os grupos de risco para a COVID-19. Isso porque o novo coronavírus infecta preferencialmente células epiteliais alveolares tipo II (tipos de células que se localizam no interior dos nossos pulmões)
através da ligação do vírus a um receptor chamado ACE-2, do inglês angiotensin converting enzyme-2. A ACE-2 está altamente presente em células de diferentes tecidos, incluindo vários tecidos fora dos pulmões, como coração, vasos sanguíneos, rins, intestino, cérebro e na placenta
A Rede Análise Covid é uma rede nacional, apartidária e sem fins lucrativos, de pesquisadores voluntários comprometidos com o enfrentamento da COVID-19. Escrevemos esta carta direcionada ao Governo municipal de Porto Alegre (@marchezan_ )
e às autoridades de saúde à frente da Secretaria Municipal de Saúde (@saudepoa ) para apresentar pontos que indicam uma clara reversão de tendência nos números de casos de infecção pela COVID-19.
Fizemos uma carta aberta à prefeitura de Porto Alegre, divulgando nossas últimas análises sobre a transmissão da COVID-19 no município. Nela, manifestamos nossa preocupação com a reversão de tendência em paralelo com as graduais flexibilizações
Nossa rede multidisciplinar, com mais de 76 pesquisadores por todo o país está à total disposição de todas as instituições envolvidas no enfrentamento.
Em nome da Rede, agradeço a todos nossos membros e analistas pelo trabalho voluntário e cientificamente respaldado